Multinacional brasileira fabricante de motores e geradores elétricos prevê investimento de R$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de negócios, com destaque para a expansão internacional.
A WEG conquistou o mercado brasileiro com a fabricação de motores elétricos. Em meio século de atividade (fundada em 1961), a multinacional brasileira de Jaraguá do Sul (SC) expandiu a área de atuação e, também, os horizontes. Passou a desenvolver geradores de energia elétrica, transformadores de potência e uma ampla linha de produtos para eletrificação e automação. Cresceu, e cruzou as fronteiras. Atualmente, tem fábricas em 12 países, além de presença comercial em outros 135, que a ajudaram a alcançar em 2021 o faturamento líquido de R$ 23,6 bilhões, 54% proveniente do exterior. Espécie de porto seguro em momentos de instabilidade da economia nacional, a área internacional é destaque nos planos de expansão da empresa. “Os projetos da WEG estão de forma geral relacionados aos investimentos para avanços no mercado internacional com os produtos maduros e, assim, tentar repetir lá fora a trajetória realizada no Brasil, para todos os negócios”, afirmou à DINHEIRO Harry Schmelzer Junior, presidente da WEG.
O incremento nos negócios dentro e fora do País será impulsionado por investimento de R$ 1,5 bilhão em 2022 (50% no Brasil e 50% no exterior), além de aproximadamente R$ 580 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). No ano passado, a WEG investiu R$ 847,3 milhões, sendo 55% destinados aos ativos nacionais e 45% aos parques industriais e às demais subsidiárias internacionais, e outros R$ 548 milhões em PD&I. Os investimentos envolveram melhorias de processos e automação nas operações de forma geral e no aumento de capacidade de produção de fábricas no Brasil, China e México, além da implantação de nova unidade de transformadores nos Estados Unidos, a terceira no país, e o início da construção de uma planta de motores na Índia. Ainda neste semestre, uma fábrica de motores elétricos de baixa tensão deve entrar em operação na Turquia.
A estratégia de crescimento tem sido embalada pelo constante desenvolvimento tecnológico e investimentos em negócios alinhados às grandes tendências da economia verde e sustentabilidade envolvendo energias renováveis, armazenamento de energia, mobilidade elétrica, eficiência energética e soluções para a indústria 4.0. Em energias renováveis, por exemplo, a WEG fornece turbinas e geradores para centrais hidroelétricas e para termelétricas movidas a biomassa. Em mobilidade elétrica tem investido em powertrain para ônibus e caminhões e também no desenvolvimento de estações de recarga. Na indústria 4.0 a intenção é ser parceira das companhias nacionais. “Estamos desenvolvendo soluções como uma plataforma digital low code e softwares para melhorar a gestão e a eficiência em chão de fábrica, além do interesse em participar do negócio de redes 5G privadas nas fábricas, no agro e nas cidades”, disse Schmelzer.
PORTFÓLIO EM EXPANSÃO A fabrição de turbinas para centrais hidroelétricas e termelétricas é uma das especialidades da multinacional brasileira que investe milhões em novos produtos. (Crédito:We Art/divulgação )
A companhia tem 37,6 mil colaboradores pelo mundo, sendo 26,2 mil no Brasil e 11,4 mil no exterior. De olho no crescimento do mercado internacional, o executivo pretende transformar em oportunidade uma situação evidenciada pela pandemia e pela guerra entre Rússia e Ucrânia. As crises levantaram em muitos governantes a discussão sobre a dependência exagerada de países por insumos ou produtos estratégicos de fontes externas. Para Schmelzer, essa discussão tem levado alguns países a decidirem por investir ou estimular aplicação de capital para reduzir a dependência de importações ou demandarem investimentos na busca por fontes alternativas de fornecedores de insumos e produtos estratégicos. Esse possível novo contexto mundial pode trazer investimentos não planejados a curto e médio prazo, segundo ele.
Apesar da oportunidade visualizada, o presidente já computa novos desafios em relação à economia em decorrência do conflito armado na Europa. De imediato, houve alta nos preços das commodities, dos custos de logística e, por consequência, o aumento da taxa de juros e inflação. “Não são bons indicadores para a economia como um todo, mas ainda é cedo para fazer previsões”, afirmou, ao destacar que o enfrentamento de crises faz parte do mundo dos negócios e que a pandemia e a guerra não seriam imagináveis nesta geração. “O que se espera é ter no curtíssimo prazo uma solução negociada para o caso da guerra e, assim, reduzir a extensão das consequências de forma geral.”
A WEG tem uma filial comercial na Rússia que distribui produtos fabricados em outros países com volume de negócios de baixa representatividade. Novos negócios com o país estão suspensos, de acordo com o executivo, “até que fiquem claras as implicações do conflito e a extensão das sanções internacionais.” Ao que tudo indica, nada que prejudique novas investidas da companhia catarinense no cenário internacional.