VW projeta cenário ainda pior em 2015

Publicado em
28 de Julho de 2015
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Montadora espera por recuperação das vendas somente no fim de 2016

PEDRO KUTNEY, AB


Powels: “Está difícil. Esta é a pior crise que já atravessamos aqui”

Antes de esperar por qualquer melhora do mercado nacional, os principais executivos de vendas da Volkswagen projetam para si e seus concorrentes cenário ainda pior do que o visto no primeiro semestre deste ano, quando os emplacamentos caíram 20% na média geral e quase 30% para a marca, que já perdeu 2,1 pontos porcentuais de participação no período, com 15,5%. “Está difícil. Esta é a pior crise que já atravessamos aqui. O Brasil é assim, cheio de altos e baixos, vai voltar a crescer, mas pode demorar”, avaliou David Powels, que assumiu este ano a presidência da Volkswagen do Brasil, em rápida conversa com jornalistas pouco antes do jantar de lançamento do Up! TSI, no fim da semana passada.

“Nossa mensagem aos concessionários tem sido para preservar as finanças, cortar custos e desperdícios, porque essa crise ainda demora a passar, só no segundo semestre de 2016 devemos voltar a respirar”, avalia Ivan Segal, que há um ano é diretor de vendas da empresa no País, após bem-sucedida experiência no comando da Citroën no Brasil e América Latina de 2010 a 2013. Para o executivo, “2015 ainda não chegou ao fundo do poço”.

Segal trabalha com a possibilidade de tombos ainda mais aprofundados do mercado. Para preservar a rede, ainda a maior do País com 640 lojas, o diretor conta que vem acompanhando de perto a situação dos concessionários, inclusive com a decisão de fechar alguns pontos que perderam rentabilidade e viabilidade com a retração severa das vendas. “Felizmente temos muito menos grupos do que concessionárias. Assim o que estamos fazendo é negociar a redução do número de lojas de alguns distribuidores”, informa o argentino Jorge Portugal, que em junho assumiu a vice-presidência de vendas e marketing da Volkswagen do Brasil.

Segal revela que mesmo as vendas diretas a frotistas, que normalmente costumam compensar períodos de baixa nas concessionárias, também entraram em declínio. “Faz dois meses que as vendas corporativas acompanham o varejo. Isso aponta para queda ainda pior do mercado”, diz. Ele afirma também que os negócios com frotas chegaram a um certo limite de rentabilidade: “Além de certo ponto (leia-se descontos nos preços) não podemos mais ir.”

Boa parte das perdas da Volkswagen este ano está ligada à derrocada do desempenho do Gol, que perdeu a liderança de mercado mantida por de mais de 20 anos e este ano caiu para a sexta posição entre os veículos leves mais vendidos do País no primeiro semestre. Isso porque no fim de 2014 as vendas do modelo a frotistas chegaram a representar 60% das vendas.

A briga entre participação de mercado e rentabilidade tem sido uma constante entre as maiores fabricantes de veículos instaladas no País. “Para quem tem uma estrutura grande como a Volkswagen, é preciso ter escala de produção alta, pois sem isso a rentabilidade também não acontece”, diz Jorge Portugal.

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