Volkswagen: mercado deve demorar 5 anos para se recuperar

Publicado em
25 de Junho de 2015
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Powels, presidente da companhia no Brasil, não espera melhora no curto prazo

 

A Volkswagen contém qualquer otimismo com o mercado brasileiro para o médio prazo. Para a companhia, as vendas de veículos devem demorar pelo menos cinco anos para voltar ao patamar de 2012, quando houve recorde de emplacamentos com 3,6 milhões de leves. “Se a economia continuar a crescer de 1,5% a 2% ao ano não vamos resolver o problema da indústria tão rápido. Precisamos de expansão anual de 4% a 6%”, enfatizou David Powels, que assumiu há cerca de cinco meses a presidência da companhia no Brasil. O executivo estima que a demanda local ficará entre 2,7 milhões e 2,75 milhões de unidades em 2015, situação que avalia como “muito crítica.” 

 

Ele aponta que o setor está encurralado no País. Além do encolhimento do mercado, a indústria local enfrenta grande dificuldade para exportar por causa dos custos elevados e da baixa produtividade. O executivo lembra que os outros países da América do Sul, clientes mais tradicionais para os carros brasileiros, também enfrentam contração da demanda. Já a África do Sul, segundo ele, é um mercado pequeno e muito fechado, sem grandes possibilidades de receber parte da produção local. 

 

Diante disso, o potencial exportador do Brasil é bem pequeno. Principalmente se as condições do País forem comparadas às do México, que oferece custos 8% a 9% menores, aponta Powels. Para ele, a falta de produtividade é um aspecto de difícil solução no Brasil. O presidente da Volkswagen aponta que a intervenção do governo não seria capaz de resolver completamente a questão. “Toda a cadeia produtiva precisa trabalhar fortemente nisso, investir em eficiência, na implementação de sistema de manufatura Lean, que pode melhorar os custos com mão de obra”, lembra. Na análise dele, o crescimento da inflação vai além dos índices oficiais. “O aumento do custo da energia é muito difícil para nós. Afeta demais a competitividade.”

 

PRODUÇÃO 

 

Com a resistência do mercado brasileiro para voltar ao patamar superior a 3 milhões de unidades por ano e a dificuldade para exportar, a Volkswagen admite que as montadoras instaladas localmente terão de administrar grande capacidade ociosa. Powels acredita que, do potencial de cerca de 5,5 milhões de veículos por ano, a ocupação esteja hoje abaixo de 50%. “Temos necessidade de ajustar a produção e estamos estudando como resolver isso”, admite.

 

Ele cita a necessidade de diminuir um turno de trabalho na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). Apesar da redução da demanda, a unidade ainda opera em três turnos. ”Vamos usar todas as ferramentas para evitar demissões, mas precisamos reagir.” A empresa já adotou medidas para diminuir os volumes feitos na planta, como férias coletivas e layoff, mas as ações já não bastam diante da persistência do baixo patamar de vendas.

 

INVESTIMENTOS 

 

Mesmo diante do cenário difícil, Powels insiste que as empresas não deixarão de investir no Brasil. A própria Volkswagen anuncia aporte de R$ 460 milhões na fábrica de motores de São Carlos (SP) para a nacionalização da linha de propulsores TSI. Serão os primeiros motores nacionais flex com turbocompressores. “Ninguém mais deve investir em aumento da capacidade produtiva, mas tanto a Volkswagen quanto as outras empresas vão investir em produtos novos”, ressalta.

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