por David R. Henderson
Em um artigo recente no The Walrus, Jonathan Kay escreveu:1
Se a classe alta canadense achasse que o seu sustento como, digamos, advogados ou médicos fosse ameaçado por competidores completamente descredenciados, eles esperneariam horrores (em ambos os casos, de fato, os incumbentes já possuem guildas cuja única função é restringir a entrada de novos profissionais). Não é necessário mencionar que para se tornar um médico ou advogado é preciso muito mais capacitação do que um taxista. Mas em todos os casos, há um investimento inicial enorme, seja ele em educação ou dinheiro. Há poucos alguns anos atrás, os taxistas de Toronto pagavam $340.000 por uma licença. Em 2015, o valor caiu para aproximadamente um terço disso.
Kay é editor do The Walrus e tem escrito sobre o Uber, normalmente de maneira positiva. Mas aqui, ele argumenta que é injusto para o Uber atravessar o monopólio dos táxis. Ele poderia ter seguido duas linhas de raciocínio: (1) defender banir o Uber ou usar dinheiro de impostos para compensar taxistas que passam a ter seu monopólio enfraquecido pelo Uber ou (2) dizer que mesmo que médicos ou advogados esperneiem, eles estão errados porque eles, assim como os taxistas, não merecem um monopólio.
Infelizmente, ele escolheu (1).
A disputa Uber X Taxi levantou discussões por todo o mundo nos últimos anos.
A disputa Uber x Táxi levantou discussões por todo o mundo nos últimos anos.
Kay tem um bom ponto, que Gordon Tullock, o economista da teoria da escolha pública já havia feito em seu famoso artigo “A Armadilha dos Ganhos de Transição”. Tullock observou que apesar de muitos economistas concordarem que é ineficiente (e eu adicionaria errado) dar monopólios ou subsídios a diversos seguimentos, depois que esses monopólios e subsídios existem há algum tempo, muitos dos “ganhadores” são pessoas que pagaram por seus ganhos.
Vejamos os táxis. Se o Estado limita o número de licenças, os ganhadores originais são aqueles que já tinham licenças no início do processo. Mas alguns desses ganhadores venderão suas licenças. Os compradores pagarão um preço pela licença aproximadamente igual ao valor presente do fluxo de renda líquido que a propriedade da licença gera. Eles ganhariam uma taxa de retorno competitiva normal, e não uma taxa alta de retorno. Se você tira o monopólio, você causa uma perda de capital sem nenhum ganho compensatório. As perdas de capital aos detentores de licenças acontecem porque os preços que eles recebem diminuem, o que reduz o valor descontado de seu fluxo de renda associado à licença.
Então, o que fazer?
O livre "Capitalismo e Liberdade" foi traduzido para 18 idiomas e já vendeu mais de meio milhão de cópias.
O livro “Capitalismo e Liberdade” foi traduzido para 18 idiomas e já vendeu mais de meio milhão de cópias.
Aqui vai uma ideia. Vamos eliminar todos os monopólios estabelecidos pelo Estado. Vamos deixar que pessoas compitam com advogados e, como argumentou Milton Friedman em seu clássico de 1962, Capitalismo e Liberdade, até mesmo médicos.
Deixemos que certificadores privados julguem as pessoas em suas profissões ao invés de deixarmos o Estado fazê-lo.
Vamos eliminar subsídios agrícolas e a “gestão da oferta”.
Lembre-se que o ponto convincente que Jonathan Kay fez acima de que a “única função”, ou certamente a principal função, das guildas é restringir a entrada à determinada profissão para aqueles que se encaixam em um padrão exigido. Então, os preços de médicos, advogados, e os preços de todos os serviços de profissões e setores desregulamentados cairiam.
Então, se um médico perde renda devido à competição de novos médicos, ele ganharia renda real pelo fato de sua renda comprar mais em passeios de Uber, serviços de advogados, leite, etc.
E todos ganhariam?
Não. Mas os ganhos totais de uma economia mais eficiente seriam enormes e as perdas para aqueles que perderiam seriam menores do que se apenas os seus setores fossem escolhidos para enfrentar competição.
Esse artigo foi originalmente publicado como Let’s Uberize the rest of Canada’s economy para o Fraser Institute.