Transportadoras têm reajustes automáticos; autônomos relatam dificuldades para repasse
Os sucessivos aumentos no preço do óleo diesel têm sido repassados no preço de transporte rodoviário, considerando as médias praticadas nos últimos anos. De 2010 a 2017, o custo do transporte aumentou 39,8%, de acordo com a EsalqLog, da USP (Universidade de São Paulo). No mesmo período, o preço do frete praticado no mercado aumentou 44%.
O custo do transporte são os gastos do caminhoneiro ou da transportadora, e o preço, o quanto eles cobram de seus clientes. Se os preços aumentaram mais do que os custos, é em parte devido ao repasse do aumento dos combustíveis, conclui o estudo da EsalqLog.
A parcela do combustível representa cerca de 38% do custo do transporte rodoviário. Já a mão de obra corresponde a 14,5%, ainda segundo a EsalqLog. A instituição identificou impacto do diesel no custo de transporte em seis rotas de exportação de açúcar e grãos.
Em todas as rotas mapeadas, ocorreu repasse e a média dos preços praticados no mercado aumentou no último ano. De junho do ano passado a maio deste ano, com um aumento de 23% no preço do diesel, houve aumento em algumas rotas estratégicas para o escoamento de grãos
Houve 12% de alta no preço cobrado pela rota de Rondonópolis (MT) para Paranaguá (PR), de acordo com levantamento do Imea (Instituto MatoGrossense de Economia Agropecuária), cerca de metade da alta no combustível.
"É uma frota de 2,7 milhões de veículos no país. Nesse cenário, há muita concorrência e é muito difícil impor
Os maiores prejudicados com os aumentos no diesel são os caminhoneiros autônomos, já que as transportadoras têm contratos com reajuste automático de acordo com o preço dos combustíveis e dos pedágios nas estradas.
um tabelamento de preços, como quer o o governo", afirma Thiago Guilherme Péra, coordenador técnico do EsalqLog. O movimento nas estradas hoje é 26% inferior ao período de 2003 a 2007, mas a frota de caminhões aumentou 62%, gerando excesso de oferta.
"É uma questão de oferta e demanda. Na safra, os caminhoneiros não têm dificuldades em repassar os aumentos, mas em períodos de movimento menor, como o fim do ano, é mais difícil." "Muitas vezes o caminhoneiro autônomo absorve o custo na estrutura dele, mas é difícil quantificar o quanto foi repassado, já que o preço é composto por outros fatores." Para o caminhoneiro autônomo Wallace Landim, o "Chorão", que liderou manifestações durante a paralisação de caminhoneiros em maio, a dificuldade está na entressafra, quando o movimento é menor nas estradas.
"Na safra falta caminhão e os caminhões somem, daí é ótimo. O problema é quando sobra caminhão, por isso estamos brigando por esses preços mínimos", diz.