Uma reflexão necessária, por José Hélio Fernandes*

Publicado em
18 de Dezembro de 2015
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Estou completando 02(dois) anos na presidência da NTC, período de muito trabalho na defesa dos interesses do setor. Para cumprir todas as tarefas que o cargo exige, tenho contado com total apoio de toda a diretoria, conselho e dos colaboradores da entidade a quem agradeço.

No pronunciamento feito por ocasião da minha posse, afirmei de que tinha uma meta síntese: ”A recuperação tarifária do setor”. Sabia que não seria tarefa fácil por todas as circunstâncias econômicas e, em especial, pelas práticas do setor sedimentadas ao longo do tempo.

No mês de abril de 2014, realizamos um evento na Sede da NTC em São Paulo denominado “Raio X da Comercialização” que colocou em debate os diversos, aspectos do mercado. Procuramos reunir sugestões e opiniões que pudessem nos ajudar na formulação de uma proposta de trabalho com esse objetivo.

Naquele dia, assinamos um convênio com a Fundação Dom Cabral visando oferecer facilidades para que as empresas associadas à NTC pudessem ter acesso e viabilizasse a implementação do Programa Parceiros para a Excelência, desenvolvido por aquela organização, com o objetivo de melhorar os processos de gestão das empresas. Naquele mesmo evento criamos o slogan que vem marcando a atuação de toda a estrutura da NTC: “Atitude e Gestão”.

A explicação para essa frase é muito simples, mas, seu significado muito profundo, basta refletir. Atitude, para mudar, quebrar paradigmas, buscar um posicionamento diferente para enfrentar uma nova realidade de mercado; gestão, para melhorar os processos de controle e gerenciamento, permitindo que as empresas conheçam realmente a sua real estrutura de custos, evitando assim, oferecer ao mercado tarifas inferiores aos custos dispendidos para realizá-los.

Se nos aprofundarmos um pouco mais nessa questão, encontraremos uma palavra: limite, que pode ser considerada uma consequência lógica da união das outras duas. Explico: conhecendo a sua estrutura de custos e fazendo uma boa gestão em cima desse conhecimento, a empresa poderá fixar a sua tarifa mínima para cada serviço evitando a concorrência predatória tão danosa para todos. Simples assim. E difícil assim.

Não é possível dar um passo adiante, sem entender definitivamente que cada empresa tem uma estrutura de custos, o que constitui condição diferente de escala, comercialização e operação. Trabalhar todos esses aspectos, por outro lado, cria uma ferramenta de mercado das mais poderosas. Mas, é esse mesmo mercado que, em geral, dificulta uma mudança da postura empresarial.

Compreendi, desde o princípio, que é papel da NTC é fornecer todos os instrumentos que estiver a seu alcance para que as empresas associadas possam arregaçar as mangas, rever suas práticas e, finalmente, encontrar-se com o lucro.

Essa é a razão pela qual decidimos reeditar o CONET (Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado) instituindo duas reuniões ordinárias por ano. Essa ferramenta foi decisiva no passado para a formulação das planilhas de custos que até hoje são divulgadas pela NTC e utilizadas por todo o mercado, incluindo até mesmos os embarcadores.

Realizamos a primeira edição da fase atual do CONET em novembro de 2014 na cidade de Fortaleza/CE. Esta serviu de laboratório para que pudéssemos avaliar nossa decisão e o novo formato do evento, desenvolvido com o objetivo de ajustá-lo à realidade presente. Em 2015, realizamos outros dois encontros: um em Salvador/BA no dia 26 de fevereiro e outro no dia 06 de agosto, em Florianópolis/SC, ambos com grande participação de empresários e lideranças de todo o País. Ficou evidente que o CONET voltou a ser o grande fórum de debates, não apenas do sistema tarifário, mas de qualquer outro tema de interesse para o setor, até porque é simultâneo às as reuniões intersindicais que reúnem lideranças empresariais de todo o País. Em 2016 realizaremos outros dois encontros. O primeiro está marcado para o dia 28 de janeiro de 2016 no Edifício Palácio dos Transportes que sedia a NTC em São Paulo/SP.

Se tudo ocorresse normalmente a nossa meta de recuperação tarifária já seria difícil pelas circunstancias mencionadas. Em um período de forte retração da economia, com previsão de encerrar 2015 com PIB negativo de, aproximadamente, 3,5% tudo se agrava e contribui para uma concorrência selvagem que tem imenso potencial para comprometer, de forma irreversível, a continuidade de muitas empresas.

Nessas ocasiões buscamos encontrar respostas para velhos problemas; assim, é natural que surjam cobranças e questionamentos sobre a atuação das nossas entidades. Não raro estas chegam a ser responsabilizada por não se conseguir revogar a lei da oferta e procura. Isso, evidentemente, não é possível por nenhuma entidade, seja ela do transporte, da indústria, do comércio. Ou para quem quer que seja. Experiências de tentativas nesse sentido, fatalmente, geram resultados desastrosos.

O mercado é livre, e, é bom que seja assim. Nesse quadro, duas variáveis poderiam resolveria facilmente esse problema que parece tão complexo: conhecer profundamente os custos dos serviços prestados e - ao mesmo tempo - carga abundante para todas as empresas transportarem.

A verdade é que se a economia estivesse aquecida e houvesse carga sobrando, ninguém estaria transportando ideias, apenas produtos. Mas, se neste momento, sente-se que isso é necessário, sugiro que a NTC seja a destinatária dessas ideias. A NTC tem ferramentas como o CONET, a Intersindical e sua equipe técnica; está preparada para, respeitando todas as correntes de pensamento e opiniões, promover democraticamente a análise de todas as questões, estimular o debate e formular sugestões. Nesse quadro aberto em que todos podem ser incluídos, concordar e discordar tendo como objetivo o bem do TRC faz parte da saudável regra do jogo.

Enfim, penso que tudo na vida é passível de melhoraria e aperfeiçoamento; não tenho preconceito contra boas ideias, venham de onde vierem. O mais importante é que o setor esteja unido em torno de suas bandeiras, concentrando esforços e não os diluindo e pulverizando.

Por tudo isso, convido empresários e lideranças de norte a sul, de Leste a Oeste, para participarem da reunião do CONET em janeiro; será uma grande oportunidade para avaliarmos nossas ações na defesa do setor. O TRC sairá fortalecido; vivenciar esse momento será uma experiência inigualável para todos nós.

Aproveito para expressar meu sincero desejo de um feliz natal a todos os transportadores e respectivas famílias e, que 2016 seja um ano prospero para suas empresas.


*José Hélio Fernandes é presidente da NTC

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