NELSON BORTOLIN
No #NxtGen – evento do Consórcio Scania que levou à Europa representantes das novas gerações de famílias de transportadores, para tomar contato com novidades e tendências do setor -, Wilian Zucolote de Oliveira, sócio da Ebmac Transportes e Logística, de Cambé (PR), tomou contato com um equipamento simples capaz de reduzir o arrasto da traseira do caminhão. Simples, mas quase desconhecido no Brasil. Na volta, ele não teve dúvida: cumprindo os objetivos do #NxtGen, fez contato em Campinas (SP) com uma empresa que se dedica a produtos inovadores na área energética – uma das chamadas start ups –, a Avitus, e lá encontrou um sistema de nome Economizador e Gerador de Vórtice, conhecido também pela sigla EGV.
O EGV consiste de micro aerofólios de plástico, PU (um tipo de resina) emborrachado ou de alumínio, que são instalados na traseira do caminhão e fazem o que Oliveira queria: reduzem o arraste provocado pelo vácuo. “Nossos caminhões estão mais estáveis, as carretas chacoalham menos”, conta o empresário. O efeito é a redução do consumo de combustível. “Nossa expectativa é chegar a uma economia de 3 a 5%. Ainda não foi possível concluir essa medição, o que deve ocorrer em 120 dias (no início de novembro)”, acrescenta.
Para acompanhar a performance dos dois veículos nos quais foram implantados os EGVs, a Ebmac utiliza o Comunicator, sistema de telemetria da Scania instalado em quase toda a frota da transportadora, que conta com 28 caminhões Scania e quatro Volvo e atua no transporte de produtos industrializados, como bebidas e polietileno. “Pelo Comunicator, fico sabendo tudo o que acontece nos caminhões: velocidade, rotação do motor, frenagem e o consumo exato de combustível”, explica. “Não adiantaria instalar os EGVs se não tivéssemos o Comunicator para acompanhar”.
Em dois anos de uso da telemetria da Scania, segundo Oliveira, a empresa constatou uma redução do consumo de combustível de 2,4 para 2,6 quilômetros por litro. “E acreditamos que vamos chegar a 2,8”, afirma. O Comunicator não faz milagres, porém. Apenas dá informações que precisam ser trabalhadas com os motoristas. “Investimos na capacitação de nosso master driver e dos motoristas”, diz Oliveira.
A Ebmac tem sido uma espécie de laboratório de inovação para a Scania, inclusive no desenvolvimento do Comunicator. Segundo Oliveira, isso ocorreu porque a empresa “acredita nas novas ideias que surgem no mercado”. “Sempre estivemos atentos não só para as novas tecnologias, como para novos sistemas de gestão”, conta. Neste momento, segundo ele, a empresa está implantando um sistema de geração de energia solar em sua sede.
Sem inovação, na opinião do empresário, será mais difícil para uma empresa manter-se no mercado. “O bom resultado financeiro das empresas depende cada vez mais dos detalhes. Temos que acompanhar o que está acontecendo com nossa frota o tempo todo. E também apostar no desenvolvimento do capital humano”, declara. Oliveira conta que o próximo passo será investir em outro projeto aerodinâmico, para ser implantado embaixo das carretas.
PALAVRA DE ENGENHEIRO – O engenheiro mecânico Thierry Cintra Marcondes, sócio da Avitus, explica que o formato e os materiais de que são feitos os micro aerofólios dependem da operação de cada cliente, para melhorar a aerodinâmica do veículo. “O sistema é customizado principalmente de acordo com a velocidade média da frota”, afirma.
Segundo ele, de 25% a 27% do arraste aerodinâmico está na traseira do veículo, “que sofre os efeitos do vácuo”. Reduzindo o arraste, o veículo fica mais estável e gasta menos combustível. Marcondes garante que o sistema, já testado em outras empresas, proporcionou uma economia média de 3%. “E ainda reduziu emissões e o desgaste dos pneus.”