Transporte rodoviário: o desafio para uma Europa limpa, competitiva e sustentável

Publicado em
06 de Agosto de 2013
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Transporte rodoviário: o desafio para uma Europa limpa, competitiva e sustentável

É provável que o transporte rodoviário de mercadorias venha a aumentar, pelo menos nos próximos anos, transportando a maior parte de todas as mercadorias na Europa. Contudo, o nosso setor rodoviário não está ainda pronto para fazer face a esse crescimento e tem dificuldade em gerir a procura existente de modo sustentável e eficiente em termos de recursos. Dado existirem milhões de camiões nas estradas saturadas da UE todos os dias, torna se necessário melhorar a situação.

Embora os fabricantes de camiões na UE se contem entre os líderes mundiais no que respeita à conceção inteligente e inovadora de veículos, os seus concorrentes mundiais já comercializaram camiões com perfis e dispositivos mais aerodinâmicos. Devido às regras atuais, algumas das quais remontam à década de 1980, os fabricantes europeus correm o risco de ficar para trás por estarem impedidos de avançar.

As regras devem ser atualizadas com urgência a fim de refletir os progressos tecnológicos recentes. Existem também várias outras vantagens. Além de promover a ideia de combinar diferentes meios de transporte para melhorar a eficiência, a modernização das regras contribuirá para reduzir o consumo de combustível dos veículos pesados de mercadorias e diminuir os custos de exploração para os transportadores, reduzindo ainda as emissões de dióxido de carbono e de outros poluentes.

Cerca de um quinto das emissões totais de CO2 provém dos transportes rodoviários, dos quais um quarto é constituído por veículos pesados de mercadorias. Apesar das melhorias introduzidas a nível da eficiência de consumo de combustível nos últimos anos, as emissões dos veículos pesados de mercadorias estão ainda a aumentar, sobretudo devido ao aumento do tráfego rodoviário.

 

As revisões previstas pela Comissão Europeia permitirão aos fabricantes europeus conceberem e produzirem um novo «camião do futuro», que poderá ser, em seguida, vendido em todo o mundo como uma referência mundial. Tal não só lhes dará uma boa oportunidade de negócio, mas irá também criar empregos: ambos positivos para a economia europeia.

Em primeiro lugar, queremos facilitar a criação de veículos mais aerodinâmicos para obter melhores resultados a nível da eficiência energética e do consumo de combustível, em especial através de defletores de ar traseiros e novos modelos das cabinas. Quando se conduz um camião a velocidade constante numa estrada plana, cerca de 40% do combustível consumido é utilizado para vencer a resistência ao ar, o que faz abrandar o camião.

As revisões permitiriam uma conceção mais arredondada dos camiões, fazendo abandonar a atual forma de «tijolo». Os reboques, que geralmente causam até 50 % da resistência do ar associada a veículos de transporte de longo curso, seriam equipados a posteriori com dispositivos aerodinâmicos.

Em conjunto, estas melhorias podem reduzir o consumo de combustível até 10% sem alterar a capacidade de carga. Trata-se de uma contribuição importante do ponto de vista económico e do ambiente, dado que o setor dos transportes da UE depende do petróleo e dos produtos petrolíferos em relação a cerca de 96 % das suas necessidades energéticas.

Estas melhorias permitirão também poupar cerca de cinco mil euros por ano nos custos de combustível de um camião de longo curso normal num percurso de 100 mil km. A forma mais arredondada destas novas cabinas fará com que o condutor tenha uma maior visibilidade, contribuindo assim para salvar todos os anos a vida de 300 a 500 utentes vulneráveis das estradas, como é o caso dos peões ou ciclistas: ou seja, uma redução de dez por cento do número de mortos nas estradas da UE em que estão implicados camiões.

Graças aos ligeiros aumentos do peso máximo dos veículos elétricos e híbridos para incorporar baterias mais pesadas, esperamos incentivar a utilização de sistemas de propulsão menos poluentes para os camiões e autocarros.

Os transportadores da UE poderão igualmente pôr se a par da evolução das normas mundiais de transporte em contentores, já que a proposta permite que os contentores de 45 pés possam ser mais facilmente transferidos entre transportes marítimos, rodoviários e ferroviários, enquanto atualmente as normas exigem autorizações especiais para o transporte por estrada.

Estes contentores são cada vez mais aceites como norma no transporte em alto mar. Embora representem atualmente apenas 2% a 3% do mercado total de contentores na Europa, esta percentagem está a aumentar rapidamente.

Quando chegam aos portos da UE, os contentores são frequentemente transportados por caminho-de-ferro, por transporte marítimo de curta distância ou por vias navegáveis interiores para o destino final, embora o transporte do porto até ao meio de transporte de ligação e a parte final da viagem sejam em geral efetuados por estrada.

Por último, coloca se o problema da garantir que as regras sejam aplicadas de modo equitativo e coerente.
Hoje em dia, o controlo da aplicação varia muito de país para país num mercado que é altamente concorrencial. Tal significa que alguns transportadores que operam «nos limites da lei», ao maximizarem a carga transportada, podem obter uma vantagem substancial. Os controlos de veículos revelam que cerca de um terço dos veículos pesados de mercadorias viajam com excesso de carga, o que causa danos às estradas e aos pavimentos, compromete a segurança e custa aos contribuintes cerca de 950 milhões de EUR por ano.

Para além de aumentar o número de controlos efetuados pelas autoridades nacionais, a instalação de sistemas de pesagem a bordo ligados ao tacógrafo digital e aos postos de pesagem em movimento nas estradas principais irá conduzir a controlos mais coerentes entre os diversos países.

A investigação e a inovação são a chave para manter a competitividade, conservar o setor dos transportes da Europa na ponta do progresso tecnológico e na vanguarda do mercado mundial. Precisamos do quadro jurídico adequado para atingir este objetivo.

No que se refere ao setor rodoviário, a atualização das regras sobre o peso e a dimensão dos veículos permitirá fazer uma melhor utilização da eficiência energética tendo em vista aumentar a sustentabilidade e manter a competitividade e a segurança. Estas medidas irão beneficiar os cidadãos e as empresas da UE, bem como o ambiente em geral.

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