O pacote de concessões na área de infraestrutura é o mais aguardado pelo setor empresarial. Um estudo que está sendo elaborado a pedido das federações das indústrias dos três estados do Sul aponta que entre 17% e 18% do faturamento do setor produtivo no Paraná vai para pagar custos de logística.
Em alguns setores, como o caso do agronegócio, até 50% do valor final do produto vai para pagar o frete. Em produtos de maior valor agregado, como os manufaturados, essa proporção é menor, mas ainda assim esse é um custo que vem impactando cada vez mais a indústria, segundo Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). "Estamos encurralados com custos elevados e com uma logística que não é ágil", diz.
Para ele, reduzir custos de logística e dar velocidade ao escoamento da produção pode gerar novos investimentos que estão represados. "Recebemos visitas de representantes de empresas do Japão, da Alemanha e de outros países querendo investir no interior do Paraná", diz.
Até agora, o programa Brasil Maior teve pouco efeito em reanimar os empresários a investir. Parte disso se deve à demora na aprovação pelo Senado das desonerações da folha de pagamento dos setores contemplados no programa. A votação foi na semana passada.
Outra distorção foi o fato de o benefício se aplicar a produtos e não a setores. "No setor de material para construção, ele vale para conexões e não para torneiras, o que criou uma situação complicada para as empresas se adaptarem", diz Campagnolo.
Para o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da PUC-PR, o governo não esperava que o desaquecimento da economia fosse tão forte, o que ajuda a explicar a quantidade de medidas de estímulo adotadas em 2012.
O principal desafio na área de infraestrutura será acelerar a elaboração de projetos, cuja demora já emperrou repasses de recursos e impediu que obras saíssem do papel, como ocorreu com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Esse é um problema tanto do setor público como do empresarial", diz.