Transporte de cargas pesadas: uma especialidade que nem todas as transportadoras oferecem

Publicado em
12 de Agosto de 2014
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Afinal, atuar com as cargas ditas “especiais” requer pessoal treinado, equipamentos específicos e um planejamento logístico bem diferente do praticado em outros segmentos.

“Este é um segmento determinado pela capacidade técnica dos profissionais envolvidos – motoristas, engenheiros e equipe operacional. O sucesso deste tipo de transporte depende da verificação e confirmação de todas as variáveis que o afetam, garantindo segurança e integridade da carga do cliente e cumprindo a legislação.”

Estas peculiaridades, apontadas por Antonio Silveira, CEO da Nextrans Transportes Pesados – empresa que oferece um conjunto de serviços que envolvem desde a análise de viabilidade, o transporte, a remoção, o armazenamento de cargas e outros mais específicos – referem-se ao transporte de cargas pesadas.

Mas, as características deste segmento não param por aí. Ainda segundo Silveira, ter domínio de informações e das técnicas para avaliar o correto carregamento e transporte de peças e máquinas, incluindo a perfeita amarração das cargas e a definição do melhor equipamento a ser utilizado, difere este tipo de transporte e é o motivo pelo qual é definido como “especial”. Ou, como diz Flávio Fernandes, gerente geral de operações e projetos da Transuiça Locação e Prestação de Serviços – que oferece serviços de transporte de cargas hiperdimensionadas, guindastes e pórticos hidráulicos, soluções e estudos logísticos –, sob a ótica do transportador, hoje a qualificação, equipamentos modernos e o perfeito planejamento são primordiais para o sucesso de operações similares.

Logística complexa
Explicando, resumidamente, como é a logística do transporte de pesados, o CEO da Nextrans diz que ela é complexa e cara, e tudo depende do trajeto e dos obstáculos nas rotas viabilizadas. “Há estradas sem pavimentação e precárias em épocas de chuva. Há passarelas que precisam ser removidas. Há desvios em pontes solicitando passagem por propriedades privadas. Pontes que precisam de reforços. E, novamente, tudo depende muito da capacidade técnica dos profissionais envolvidos.”

O que Silveira faz questão de enfatizar é que neste tipo de transporte, não há espaço para falhas ou improvisações. As deficiências na malha viária são naturalmente encaradas como um ponto importante de atenção. Segundo ele, não existem dificuldades intransponíveis, apenas obstáculos a serem superados.

“Nosso planejamento acontece muitas vezes antes da efetiva fabricação da carga. Temos consultas de indústrias que pagam por um estudo para determinar o gabarito máximo de construção. Para as maiores cargas, possuímos uma equipe de campo que se desloca fisicamente da origem ao destino, identificando todos os impedimentos ao longo do trecho, mapeando rotas alternativas e suportes necessários à perfeita execução do transporte. Este estudo determina financeiramente o custo do transporte”, aponta, por sua vez, o gerente geral de operações e projetos da Transuiça. Ele destaca, também, que existem transportes onde é inserido mais de um modal e são contratadas equipes de telefonia, semaforização e energia. Além disso, a equipe da empresa já negocia, também, com fornecedores locais externos.

Problemas
Como se pode notar, o transporte de cargas pesadas não é nada fácil. E, ainda há uma série de problemas a serem enfrentados.

Silveira, da Nextrans, lembra que eles são os mesmos que afetam o transporte de forma geral no Brasil. Um importante desafio são os processos burocráticos com pouca tecnologia para obtenção de licenças. “É preciso que tenhamos mais agilidade sem comprometer a segurança dos transportes, diminuir a burocracia e aumentar a fiscalização. De forma geral, são problemas que se resolvem com duas frentes de investimento: educação e infraestrutura. Não se trata apenas de realizar este investimento e, sim, de ter capacidade de gerenciar e fazer com que os recursos aplicados se transformem em serviços e estruturas de qualidade. Este é o grande desafio”, aponta o CEO da Nextrans, acrescentando que a contratação de mão de obra especializada também é um fator importante e que tem afetado o setor.

Pelo seu lado, Fernandes, da Transuiça, ressalta que, além dos impedimentos geométricos, as concessionárias que administram as rodovias estão diminuindo os gabaritos com placas e praças de pedágio, dificultando o trânsito de cargas com dimensões excedentes. “A burocracia também é gigante, algumas cargas aguardam em média 15 a 20 dias por liberações e programações de trânsito. A falta de efetivo de policiais para acompanhar e sinalizar o trânsito destas cargas é outro fator preocupante”, diz ele.

Perspectivas e novidades

Problemas à parte, quais as perspectivas no transporte de cargas pesadas?

O CEO da Nextrans indaga que o setor cresceu muito nos últimos anos com as obras realizadas no País. Assim, as perspectivas são favoráveis em função da grande necessidade de investimento em energia, petróleo e obras de infraestrutura no Brasil, além, é claro, dos setores de metalurgia, engenharia, portos, mineração e máquinas que impulsionam este segmento. Portanto – diz Silveira – a expectativa é positiva, pois existem muitas obras a serem realizadas, e é preciso uma infraestrutura adequada para nos tornarmos mais competitivos. “O mercado do petróleo se mantém como uma excelente expectativa de grandes movimentações”, complementa Fernandes, da Transuiça.

Com relação às novidades do segmento de transporte de cargas pesadas, Silveira, da Nextrans, diz que a sua empresa trabalha num estudo para criação de treinamentos voltados para os profissionais da área de transportes especiais – cargas indivisíveis e excedentes.

Por outro lado, continua ele, os novos fabricantes de implementos rodoviários pesados e a aplicação de tecnologia em todas as etapas do processo logístico são pontos importantes de inovação para a Nextrans. “Disponibilizamos para nossos clientes condições de rastreamento total on-line das cargas, fato não tão comum neste segmento de transporte”, destaca.

Já Fernandes, da Transuiça, ressalta que a crescente oferta de novos equipamentos com capacidade técnica muito superior surpreende a cada dia. “Equipamentos com recursos hidráulicos de direção e suspensão fazem, de fato, a diferença entre chegar ou não”, faz questão de frisar o gerente geral de operações e projetos.

Como escolher
Pelas peculiaridades e perigo intrínseco da operação das cargas ditas “especiais”, escolher a empresa para efetuar o transporte requer alguns cuidados. “Nossos clientes usam determinados critérios de escolha da transportadora. O principal é a credibilidade, o histórico e as referências. Os equipamentos transportados têm valores elevados, e um sinistro compromete o desenvolvimento do projeto com complicações indesejadas. Critérios técnicos são também aplicados, como tamanho da frota, cobertura da apólice de seguros, rastreadores, nível de transparência e pontualidade”, ensina o CEO da Nextrans.

Obviamente, ainda segundo Silveira, o custo é um fator importante, mas, neste segmento, nem sempre a empresa com menor preço é a escolhida. “Preços muito abaixo do mercado podem significar que o transporte será realizado em condições questionáveis de segurança e de atendimento a legislação”, destaca.

De fato, Fernandes, da Transuiça, também pondera que, hoje, o mercado oferece muita quantidade sem qualidade. “Muitas empresas oferecem este serviço sem ao menos possuírem qualquer equipamento. Cargas similares realizadas, equipamentos novos, equipe capacitada, esses deveriam ser alguns dos pré-requisitos básicos para contratação”, finaliza.

Porto de Suape ganha mais uma rota para transporte de cargas de grande porte
O Porto de Suape (Fone:81 3527.5000) passa a oferecer uma nova opção de serviço marítimo no que se refere à movimentação de máquinas e peças de grande porte. O serviço é feito pelo navio Aliança Energia, da Aliança Navegação e Logística (Fone: 11 5185.5600), que, específico para esses produtos de grande porte, deve proporcionar a redução de custos em sua movimentação de Pernambuco para outros estados e vice-versa.

A linha é ideal para transportar máquinas, turbinas e pás eólicas e vai beneficiar, principalmente, a indústria dos setores de petróleo, gás, siderúrgica, naval, offshore e energia eólica, parte delas instaladas no próprio Complexo Industrial Portuário de Suape. “Há poucas opções de navios dedicados ao transporte deste tipo de carga entre portos brasileiros. A oferta limitada resulta em valores de frete pouco competitivos em relação ao transporte rodoviário, que possui muitas limitações para grandes cargas, além de representar maiores riscos de avarias”, explica o diretor de Gestão Portuária de Suape, Leonardo Cerquinho.

A nova rota nacional vem para atender à demanda impulsionada pelos investimentos em infraestrutura no Norte e no Nordeste do País, onde está acontecendo o crescimento da indústria pesada e, consequentemente, a necessidade de movimentação de diversos tipos de equipamentos de grande porte.

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