Transporte de carga entra na era Uber

Publicado em
06 de Abril de 2018
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O conceito tecnológico do Uber, que transformou o serviço de táxi que era igual havia cem anos, tem influenciado várias formas de transportes, como o ainda incipiente compartilhamento de jatos comerciais e de helicópteros.

Mas é no transporte de carga que o fenômeno da "uberização" marca presença de forma vigorosa. Por meio da conectividade viabilizada pela internet, já é possível um caminhoneiro autônomo receber ofertas de carga por aplicativo no celular, e da mesma forma uma transportadora localizar o motorista e contratá-lo online.

É o princípio básico do serviço oferecido pela TruckPad, cujo aplicativo elimina de vez o atravessador, que fazia a negociação entre transportadoras e caminhoneiros ao custo de até 30% do frete. A negociação direta entre as duas partes economiza tempo, reduz custos e o contratante acompanha todo processo do envio da carga em tempo real.

"O TruckPad é o Uber dos caminhoneiros, no sentido de sermos uma empresa de tecnologia, e não termos um só caminhão. Prestamos serviço
gratuito para o motorista, que deixa de transitar vazio, ao usar nosso aplicativo. Sempre haverá uma carga perto do local em que está, e ele
negociará o preço do frete diretamente com a transportadora, que nos paga um percentual variável, dependendo do volume de carga, distância, tipo de veículo e recorrência dos fretes", diz Carlos Mira, CEO e fundador da TruckPad. O executivo diz que já houve mais 700 mil downloads do
aplicativo.

Estima-se que existam no país 1,1 milhão de caminhoneiros autônomos e mais de 180 mil transportadoras de variados portes. Dados da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística indicam que o setor de transporte de carga rodoviário fatura por ano US$ 34 bilhões. Foi esse "exército" de caminhoneiros que levou a Mercedes-Benz a se tornar acionista minoritário da TruckPad em dezembro de 2017. O interesse da multinacional é típico de quem está atenta ao Big Data, a ter informações em massa de seu mercado-alvo no segmento de transporte de cargas, que servem de referência para avaliações e o aprimoramento de seus produtos e serviços.

A empresa RoutEasy, por sua vez, simplificou e barateou o custo para controle do processo de logística no transporte de cargas. Por meio de
aplicativos para smartphones e PCs, com quatro módulos que podem ser contratados on-line individualmente, é possível integrar o planejamento
otimizado das rotas até a gestão da operação, com visibilidade ao longo do trajeto para o cliente final e obter informação de indicadores de desempenho.

"A assinatura mensal de cada módulo por veículo custa R$ 39,00. Se desejar adquirir o pacote completo com os quatro módulos, paga por veículo R$ 68,00 pela assinatura mensal, que pode ser cancelada a qualquer momento", diz Caio Reina, CEO e fundador.

O surgimento de novas empresas de tecnologia deste segmento deverá ser garantido com o Programa de Investimento em Startups da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a ser lançado ainda em março. O projeto foi criado em parceria com a BMG UpTech (braço do Grupo BMG que investe em inovação tecnológica). A ideia é selecionar ao menos cem empresas, e filtrar o processo seletivo até chegar ao mínimo de cinco startups classificadas. "O programa durará dez meses e as empresas classificadas receberão até R$ 460 mil ao longo do programa", diz Rodolfo Santos, CEO da BMGTech

Harley Andrade, diretor para assuntos internacionais da CNT, informa que o edital é público e será aberto a qualquer empresa brasileira ou do exterior, desde que já esteja no mercado. 

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