Transporte "a la carte" soluciona problemas de mobilidade em cidades menores

Publicado em
05 de Setembro de 2013
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Ao identificar a dificuldade que alguns moradores da cidade de Paris enfrentavam para percorrer algumas distâncias nos bairros em que moravam, a prefeitura da capital francesa investiu em uma alternativa diferente: o chamado "transporte a la carte". O projeto foi apresentado no Brasil como um modelo de integração local durante o Seminário Internacional Mobilidade e Transportes: teorias, práticas e políticas contemporâneas, realizado na Universidade de Brasília no final de agosto. 

 Ônibus menores precorrem ruas de difícil acesso

Foto: Christophe Belin/Prefeitura de Paris

Ônibus menores precorrem ruas de difícil acesso

O sistema começou a ser pensado porque as ruas estreitas e inclinadas em alguns bairros impediam o tráfego das linhas de ônibus convencionais. Como conseqüência, os usuários do transporte público percorriam longas distâncias a pé até chegarem ao destino. 

Após um estudo de demanda e de um amplo diálogo com as comunidades locais, por conselhos de bairro, foi implementado o serviço das “traverses”. Numa tradução simples para o Português, a palavra pode significar atalho. “O sistema tem a finalidade de integração local, para que a população possa ter acesso facilitado a atividades do cotidiano, como ir ao banco, à farmácia, à escola”, diz a gerente de projetos da Direção de Vias Públicas e de Mobilidade da prefeitura de Paris, a urbanista brasileira Claudia Lia-Aragnouet.
 
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Ouça a entrevistafoi elaborado e implementado de acordo com as demandas e as necessidades de cada região. “As traverses são sob medida porque atendem a uma população local, às áreas essencialmente habitacionais dentro de Paris, onde o ônibus grande não tem como passar”, explica Claudia. 

As linhas, que funcionam desde 2004, têm até oito quilômetros, com paradas, em média, a cada 250 metros. Os ônibus têm até 22 lugares e a frequência é de 15 minutos. Além disso, Claudia explica que o projeto tem um viés ecológico: os veículos utilizados são menos ruidosos e menos poluentes (das cinco linhas, duas são operadas por ônibus elétricos e três por veículos movidos a diesel). 

Para a urbanista, o exemplo propõe algumas soluções para o sistema de transporte público brasileiro. “A primeira questão: ter uma visão de integração física. Se você não faz uma costura entre os sistemas de transporte, não vai funcionar”, alerta. Ela reforça, ainda, a necessidade de um planejamento amplo para que se conheça profundamente a demanda e que se envolva as comunidades no processo de decisão.
 
As traverses transportam aproximadamente 900 mil pessoas por ano nos bairros de Paris.
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