Diante dos custos bilionários gerados por roubos de cargas no Brasil, o setor transportador tem buscado respostas para contornar o problema e conter os prejuízos. Esse foi o tom do XVIII Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado nesta quarta-feira (9), em Brasília. Promovido pela Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados em parceria com a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) – e com o apoio da CNT (Confederação Nacional do Transporte) –, o evento reuniu transportadores, parlamentares, autoridades governamentais e técnicos para discutirem estratégias que viabilizem propostas aos desafios do setor.
Flávio Benatti, presidente da seção de transporte rodoviário de cargas da CNT, representando o presidente da entidade, Clésio Andrade, destacou a contribuição do seminário ao longo desses 18 anos. “O setor avançou muito em seus pleitos. A importância do evento e da Comissão de Viação e Transportes para as nossas agendas é inegável, entendendo a necessidade dos debates para a melhoria da atividade de transporte no país como um todo.”
Segundo a NTC&Logística, entre 1998 a 2017, foram contabilizados mais de 285 mil casos de roubos de cargas no setor rodoviário do Brasil, totalizando um prejuízo de mais de R$ 16,3 bilhões, sendo que os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, juntos, somam 82,30% das ocorrências. Só em 2016, foram registrados 24.563 roubos de cargas – um aumento de 27,5% em relação a 2015. Isso representou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, com Rio de Janeiro e São Paulo concentrando três quartos das ocorrências.
Para o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes, a questão dos roubos de cargas “tomou proporções absurdas, a ponto de se alastrar para todo o país”. “No Rio de Janeiro, por exemplo, a situação é crítica. Todos os dias, vemos assaltos a caminhões, na linha amarela, vermelha. Precisamos encontrar caminhos, envolver o Congresso, o governo e a sociedade. O que presenciamos hoje é o crime alimentando o crime”, afirmou.
Os principais alvos dos criminosos são produtos alimentícios, eletroeletrônicos e cigarros, uma vez que possuem muita liquidez e um alto valor agregado. Mas, também, tem crescido substancialmente o número de ocorrências com materiais químicos e farmacêuticos. Do assaltante ao receptador, o sistema que alimenta os roubos de cargas se aproveita das dificuldades no rastreamento do produto-alvo do crime.
O presidente da Comissão de Viação e Transportes, Domingos Sávio, destacou a necessidade de desenvolver estratégias de enfrentamento ao problema. “O transporte carrega o PIB brasileiro e é imprescindível para retomarmos o pleno crescimento econômico. Por isso, precisamos integrar as inteligências e investir cada vez mais em tecnologias para vencer essa guerra.”