Com queda de até 47% no faturamento, pelas perdas impostas pela pandemia, solução para crise do setor em Goiás passa por revisão de custos e investimento em tecnologia
Com a redução do ritmo da economia, os serviços de transportes e logística passam por um ano desafiador. Há previsão que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor sofra retração de 7%, segundo estudo da TCP Partners. A pandemia causou impactos no fluxo aéreo e terrestre de cargas para indústria e comércio. O que provoca a necessidade de inovação e ações para conseguir manter as operações.
A partir de março deste ano, com a pandemia do novo coronavírus, a queda só não foi mais acentuada por conta da safra agrícola que teve de ser transportada e armazenada. Junto com isso, o e-commerce ganha força e amplia oportunidades para cargas menores. Em Goiás, o transporte rodoviário, mesmo com a demanda do agronegócio, que não parou, sente a crise pelo fraco ritmo da economia, o que fez empresários segurarem investimentos e cortarem custos para conseguir otimizar as contas.
Proprietário da AGT Log, Osiris Ribeiro conta que mesmo na área que atua, de alimentos industrializados, foi preciso mudar. Explica que não houve queda no faturamento e até teve aumento de demanda em algumas regiões que atende, mas foi preciso ter estratégias. Quando a Covid-19 atingiu caminhoneiros, explica que contratou freelancers, mesmo que por curto período. Outro movimento que fez foi cortar os investimentos que faria. Estava previsto aumento de 20% para este ano, que adiou para o primeiro semestre de 2021.
“É preciso esperar a economia girar, porque gerou um ambiente negativo e com incerteza grande no mercado. O transportador vê nitidamente quando o Brasil anda e quando para.” Diretor da Adial Log, Júlio Cezar Albieri conta que sua empresa Alfa Transportes também viu crescer a demanda por trabalhar com agro, alimentação e produtos de limpeza. Mas ainda assim pontua desafios, como o reembolso de valores.
“O que levava uma semana para pagar agora é feito de 25 a 30 dias. Assim é melhor segurar as contas para manter o fluxo no caixa. Investir quando tiver três meses de colchão. A tendência de trabalhar mais capitalizado.” Outras lições, ele explica, foram a adaptação a novas tecnologias e o trabalho home office para a equipe administrativa, que também geram economias.
Ao contrário do que vivenciam Osiris e Júlio, empresas de cargas fracionadas ou menos relacionadas a produtos básicos sentiram mais a crise. O presidente da Federação Interestadual das Empresas de Transportes de Cargas (Fenatac), Paulo Lustosa, lembra que a retração foi forte especialmente no início da pandemia e o faturamento no setor chegou a cair 46%. “No primeiro momento, algumas empresas fizeram demissão ou suspenderam contratos, o que agora volta paulatinamente. Além da paralisação de investimentos, porque tínhamos a visão de que 2020 seria de recuperação do crescimento e fomos surpreendidos.”
Pesquisa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que monitora reflexos na demanda, mostra que Goiás atingiu a maior variação negativa em maio, com queda de 33,91% em relação ao nível pré-pandemia. Em junho, porcentual passou para 19,6%. Segundo o presidente da instituição, Francisco Pelucio, ainda há barreiras como os horários diferenciados para a abertura dos comércios. Ele pontua que, em julho, o País ainda vivia com 22,9% de redução. Com o início do plantio da safra, é esperado tirar a diferença até o começo do ano que vem. “O agro é esperança para colocar a casa em ordem”, diz.