Transportadoras de valores diversificam

Publicado em
11 de Junho de 2014
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As companhias especializadas em logística de valores desenvolveram novos serviços para se manter competitivas em meio à tendência dos consumidores de optarem cada vez mais por transações digitais em lugar das operações com dinheiro físico. As novas ofertas de companhias como Prosegur, Protege e Brinks inclui cofres inteligentes que funcionam como uma extensão da conta bancária das varejistas, sistemas de vigilância que identificam clientes nas agências bancárias, entre outras tecnologias.

A expectativa das empresas do setor é atingir neste ano crescimentos em receita entre 7% e 12% com a diversificação da oferta.

A espanhola Prosegur passou a oferecer este ano para bancos uma oferta de gestão completa dos terminais de autoatendimento (ATMs), incluindo transporte de valores, manuseio de numerário, custódia, sistemas de alarme e um software embarcado nas câmeras de vídeo que permite reconhecer pessoas pela imagem dos rostos.

Com a tecnologia de reconhecimento facial é possível, por exemplo, identificar os clientes e oferecer serviços de acordo com seu perfil, disse Sérgio França, diretor de negócios da Prosegur. "O sistema pode também identificar uma concentração anormal de pessoas ou a entrada de pessoas com objetos para depredação e acionar as travas das portas ou chamar a polícia, dependendo da situação", afirmou. O software foi desenvolvido pela equipe da Prosegur.

A companhia também passou a oferecer no mercado sistemas de áudio para bancos e outras instituições e sistemas de alarme que são acionados quando há forte impacto no local (como o estouro de uma bomba, por exemplo). "Pode haver uma tendência de redução no transporte de valores, mas isso é compensado com uma oferta mais abrangente e com custo total mais baixo para os bancos", disse França.

A Prosegur possui no Brasil 3,5 mil clientes na área de transporte de valores e 16 mil clientes na área de vigilância. A companhia estima para este ano um crescimento de receita de 8,8%, para R$ 3,348 bilhões. No ano passado, a Prosegur registrou receita de R$ 3,078 bilhões.

A logística de valores ainda constitui o principal negócio para as transportadoras de valores, mas todas as companhias reforçaram suas ofertas nas áreas de vigilância e tesouraria para impulsionar o crescimento no médio prazo.

Na área de tesouraria, a Prosegur e a brasileira Protege tentam ampliar as vendas para os segmentos de varejo e serviços com a oferta de "cofres inteligentes". Esses cofres possuem um leitor que identifica as cédulas e um conjunto de softwares capaz de contar em tempo real o valor disponível no cofre. Esses equipamentos podem ser conectados ao sistema de informação de bancos e o dinheiro que o varejista retira do caixa e coloca no cofre aparece como depósito à vista na instituição financeira imediatamente. "Tem crescido muito a demanda por esse produto. Hoje a nossa venda é maior que a capacidade de produção. Temos fila de espera", afirmou Mário Baptista, diretor-geral do grupo Protege.

Baptista disse que os bancos têm procurado cortar custos e o cenário atual levou a Protege a buscar mercados que antes não eram seu foco, como varejistas regionais e empresas de pequeno porte. O executivo estima para este ano um crescimento de 7,1% em receita, chegando a R$ 1,5 bilhão, crescimento obtido com a oferta de serviços para o varejo e com o crescimento da sua operação Proair, voltada ao setor aeroportuário, em função da Copa do Mundo da Fifa deste ano.

Fernando Sizenando, presidente da Brinks no Brasil, disse que a matriz de receita das companhias de logística de valores tem se transformado em anos recentes, com aumento da oferta de serviços mais voltados para o varejo e para outras instituições financeiras fora os bancos. A Brinks também têm ofertado os cofres inteligentes e, neste ano, traz para o país uma tecnologia para redes de varejo de proteção a fraudes em escala global nas transações eletrônicas.

"A segurança eletrônica é outro caminho. As tecnologias de segurança permitem não só evitar roubos e fraudes, mas também captar o perfil de comportamento dos consumidores monitorados, gerando uma informação relevante para a área de negócios", afirmou Sizenando.

A americana Brinks planeja ainda trazer ao Brasil um serviço de gestão de ATMs para bancos que inclui instalação e manutenção dos terminais de autoatendimento - à semelhança do trabalho feito pela Tecban. "No Brasil é difícil os bancos terceirizarem completamente seus ATMs, como é feito nos Estados Unidos. Mas tecnologia para isso já existe", afirmou.

A companhia não divulga dados de receita por país. Para este ano, a Brinks projeta crescimento de 12% em receita. No ano passado, a companhia registrou um avanço de 6% na receita global, para US$ 3,94 bilhões, e aumento de 3% no lucro, para US$ 116 milhões. De acordo com o executivo, em torno de 15% da receita da Brinks é obtida com transporte de valores.

Os executivos das companhias ressaltaram que, embora haja um crescimento mais acelerado das transações eletrônicas em detrimento das operações com dinheiro físico, as operações com cédulas ainda serão relevantes por muitos anos no Brasil, devido ao grande índice de população não bancarizada (36%, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos - Febraban). De acordo com o último relatório do Banco Central, o uso do dinheiro vivo cresceu 15% em 12 meses até fevereiro deste ano, chegando a R$ 151,9 bilhões, ou R$ 756 por pessoa.

De acordo com a Febraban, as operações bancárias feitas por internet e por celular representaram 47% do total de transações realizadas no ano passado, mas a maior parte dessas operações não envolviam movimentação financeira. No caso das operações sem movimentação financeira, cada correntista fez em média, 10,9 operações pela internet ao mês, 3,8 por ATM, 0,8 na agência bancária e 1,8 pelo celular. Em relação às movimentações financeiras, a média mensal por usuário foi de 4,2 operações com cartões de débito, 2,3 operações em agências, 3,8 operações em ATMs, 2,5 operações pela internet e 0,1 operação pelo celular.

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