O fluxo intenso de veículos em Contagem tem deixado o trânsito caótico. Mas a cidade não é a única. Toda a região metropolitana da capital - especialmente o Anel Rodoviário, a Via Expressa e a BR-381, na saída para o Estado de São Paulo - tem sofrido com congestionamentos. Com as festas de fim de ano, o caos viário cresce, principalmente, no entorno dos grandes centros de compras.
Motorista do ônibus suplementar 80, José Martins Rocha, 61, enfrenta diariamente a rota de congestionamentos. Uma viagem que normalmente é realizada em 43 minutos está durando até 1h30. "Temos quatro viagens de manhã, mas tem dia que conseguimos fazer apenas três", ressaltou.
Mesmo sem acidentes, as vias que dão acesso ao bairro Cidade Industrial estão sobrecarregadas. Só na pista central da avenida Cardeal Eugênio Pacelli, passam diariamente 60 mil veículos em cada sentido. O cruzamento das avenidas General David Sarnoff e Babita Camargos chega a receber 45 mil veículos. Na Via Expressa, próximo ao metrô, o fluxo é de 30 mil carros em cada sentido.
Solução - Os problemas viários na região metropolitana estão longe de uma solução, como admite a Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon).
"O número de carros aumenta e as nossas vias são as mesmas de 30 anos atrás. É por isso que nossas atenções agora estão voltadas para o transporte sobre trilhos", afirmou o presidente da Transcon, Hermiton Quirino, que aguarda a inclusão de projetos da malha ferroviária metropolitana no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Previstas para serem concluída em meados de 2011, as obras viárias na avenida Tereza Cristina poderão ser uma alternativa para desafogar parte do trânsito na região do Barreiro, na avenida Cardeal Eugênio Pacelli e Via Expressa. Com as desapropriações e a canalização do ribeirão Arrudas, em fase de conclusão, as obras nas pistas de rolamento serão iniciadas no começo do ano que vem. Outra obra importante, mas que depende de recursos, é o terminal intermodal, que deve melhorar o trânsito no bairro Água Branca.
Falha de engenharia trava fluxo de carros
O transtorno muitas vezes é provocado pela adoção de medidas incorretas
Os problemas de engenharia de tráfego no entorno dos shoppings de Contagem têm favorecido o caos no trânsito da região. "Ao contrário dos principais shoppings de Belo Horizonte, o acesso aos estabelecimentos de compras em Contagem se dá por conversões à esquerda, o que dificulta muito o trânsito. Do ponto de vista de engenharia, isso não é correto e fecha os cruzamentos", explicou o diretor de operações da Transcon, Leonardo Gonçalves Reis.
Segundo ele, em épocas de grande movimento, a Transcon fecha as conversões para a esquerda. O recurso, porém, desagradaria representantes dos shoppings e empresas da região. Mesmo assim, as medidas serão adotadas novamente neste fim de ano.
A administração do Itaú Power Shopping informou que não se opõe às alternativas propostas pela Transcon e, além disso, em períodos de grande movimento, chega a dobrar o número de orientadores de trânsito dentro do centro de compras, que tem capacidade para 2.000 veículos.
Corredores transversais podem ser solução
Uma dica é procurar caminhos alternativos, os chamados atalhos
A construção de corredores transversais é a alternativas proposta por especialistas para diminuir os engarrafamentos. No vetor Oeste, as vias 210 (entre a via do Minério e a avenida Tereza Cristina) e 220 (que liga a Tereza Cristina e a avenida Pedro II) aparecem como soluções.
"Precisamos de grandes eixos para a distribuição de tráfego, não radiais, mas transversais, fazendo a troca entre bairros", destacou o especialista em transporte e trânsito, Silvestre Andrade.
Como essas são medidas de longo prazo e requerem investimento em obras, uma dica é procurar caminhos alternativos, os chamados atalhos.
"Mesmo assim, essas alternativas precisam ser trabalhadas. Um lugar onde passam dez carros por hora não é o mesmo quando passam cem. São impactos significativos, que trazem poluição, por exemplo", diz Andrade.