MAPEAMENTO DE RODOVIA: NÃO APENAS CURVAS, MAS TAMBÉM RAMPAS!

Publicado em
26 de Dezembro de 2024
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MAPEAMENTO DE RODOVIA: NÃO APENAS CURVAS, MAS TAMBÉM RAMPAS!

Doutorado | Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Normalmente os mapeamentos para determinar as velocidades seguras nos rotogramas não medem as inclinações das rampas (aclives e declives).

Mas, nas rodovias secundárias e para todos os conjuntos de PBTC maiores (independente da rodovia) é fundamental identificar as inclinações acima da capacidade do caminhão-trator.

Recentemente o caminho alternativo para a BR277, interrompida em Guarapuava-PR, foi também bloqueado (Serra do Leão) quando um conjunto 9 eixos não venceu a rampa na chuva.

(fonte: GRUPO BR 277)

Vamos entender o porquê:

Para os caminhões mais novos, a capacidade de rampa é limitada pelo peso no eixo ou nos eixos de tração do caminhão. Ou seja, via de regra, o caminhão novo tem torque sobrando. O que limita é o peso na tração: 10 t no caso de 4x2, 8,5 no caso do 6x2 e 17 t no 6x4.

O que acontece na rampa é que parte do peso sobre a 5ª-roda é transferido para os eixos da carreta, porque a força-peso atua sempre na vertical.

Isso acontece com qualquer tipo de carga!.

Mas é especialmente crítico nas cargas líquidas a granel (nos tanques), porque o espaço vazio (para expansão) muda de formato: acumulando líquido na traseira e deixando o vazio na frente, especialmente no tanque de compartimento único.

Esse deslocamento do líquido para trás desloca o Centro de Gravidade da carga, transferindo mais peso ainda para os eixos da carreta, aliviando a tração e dificultando nas rampas.

Alguns tanques tem por exemplo 2,5% de espaço vazio, mas os tanques multi-setas podem chegar a 10% (ou mais) vazio. Alguns vasos de pressão trafegam com 20% de espaço vazio e, certamente, o deslocamento do líquido na rampa altera a capacidade de vencer o aclive.

O líquido desloca-se para a traseira, e com ele, o C.G. da carga. O espaço vazio na dianteira fica com o formato da figura cinza a seguir (para compartimento único). A transferência de peso da 5ª-roda para os eixos da carreta depende: da seção transversal do tanque, da compartimentação, de suas dimensões, do % vazio e da inclinação da rampa.

Mesmo com a habilidade do condutor para ajustar a marcha e a rotação adequadas, ajudado ainda pela eletrônica do caminhão: se faltar peso na tração terá dificuldade nas rampas mais íngremes. Poderá patinar!:

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