TNT Brasil volta ao lucro neste ano

Publicado em
26 de Fevereiro de 2014
compartilhe em:

A expectativa de voltar a lucrar foi um dos fatores que levaram a controladora holandesa a desistir de vender a operação no Brasil

A TNT Brasil, unidade do grupo holandês de logística, volta ao lucro neste ano. Será a primeira vez desde 2005, quando a companhia iniciou um processo de expansão por meio de aquisições. O diretor presidente da empresa, o espanhol Ignacio Garat, disse ao Valor que o corte de custos, o reajuste dos preços dos contratos, o foco na prestação de serviços de maior valor agregado e o corte de clientes deficitários vão levar a empresa a superar o faturamento de R$ 1 bilhão este ano, com margem líquida positiva.

A expectativa de voltar a lucrar foi um dos fatores que levaram a controladora holandesa a desistir de vender a operação no Brasil. "Recebemos propostas de fundos e empresas, mas nenhuma delas atingia o valor que vimos ser possível gerar com a nossa própria operação", disse Garat, referindo-se ao processo que durou quase um ano em que a TNT estava decidida a sair do Brasil.

"A TNT dava lucro até comprar a Mercúrio e a Araçatuba. As operações não foram bem feitas e a empresa começou a dar prejuízo", diz o diretor presidente da TNT, que assumiu a unidade brasileira há 15 meses, referindo-se às aquisições feitas em 2005 e 2007. "Em 2012 começamos a focar na eficiência, para gerar resultados", conta Garat.

Desde 2012, a TNT Brasil mudou a estratégia comercial, a gestão de ativos e pessoas e a redação dos contratos. O número de funcionários caiu de 8,4 mil para 7,2 mil. Parte da frota foi terceirizada. Hoje, a empresa tem 600 veículos próprios e mais de 1,8 mil operados por contratados.

"Na hora de aumentar a oferta de serviços, a TNT optou por áreas em que havia capacidade ociosa de equipamentos", conta o diretor presidente da companhia. "Conseguimos maior eficiência e isso permitiu reajustar contratos", disse Garat. A empresa passou a concentrar esforços para atender às empresas dos setores automotivo, de saúde, alta tecnologia, vestuário e calçados. Cada segmento passou a ser subdividido nas contas corporativa, grandes clientes, pequena e média empresa ou eventuais.

O indicador de entregas no horário e nas condições acordadas subiu de 88% para 96%. Os custos recuaram mais de 25%, e o número de clientes cresceu 12%. Resultado: a TNT Brasil fechou 2013 com receita de € 346 milhões, 13,8% mais que em 2012.
O resultado final ainda foi negativo, em € 27 milhões, mas representou um avanço ante a perda de € 66 milhões em 2012. "Buscamos aumentar a geração de caixa", conta Garat. Para isso, a TNT reduziu o prazo de recebimento e esticou o prazo para pagamento. A diferença entre as duas contas, que era de 25 dias, encolheu para um dia apenas.

No mundo, a empresa teve retração de faturamento. No balanço consolidado global, a receita bruta caiu 4,7% no ano passado, para € 6,7 bilhões. E na última linha do balanço, o grupo holandês teve prejuízo de € 122 milhões, mais que em 2012, quando a perda ficou em € 86 milhões.

Esse desempenho negativo explica a decisão da controladora holandesa TNT Express NV de se desfazer de unidades deficitárias e concentrar o foco na Europa - onde é líder. A empresa anunciou semana passada que pretende economizar € 240 milhões até 2015, em vez de € 220 milhões, por meio de cortes de custos e ganhos de eficiência.

Ou seja, a holding quer repetir no mundo a receita que foi implementada no Brasil. "A partir deste ano, o Brasil passou a ser um dos sete principais mercados domésticos da companhia, e passa a responder diretamente para a holding", afirmou Garat.

O executivo diz que o plano é fazer do Brasil um dos cinco maiores mercados domésticos da TNT, atrás apenas de Reino Unido, França, Itália e Austrália. "Vamos investir 3% de nosso faturamento em infraestrutura e tecnologia", diz Garat, citando como exemplo dos investimentos o plano de renovar toda a frota de 600 veículos em três anos.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.