TMS: auxiliando na manutenção do negócio transporte

Publicado em
02 de Dezembro de 2011
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Com a pressão pela redução de custos, de um lado, e ganhos de produtividade, de outro, as empresas precisam de melhor qualificação profissional e melhores ferramentas, como o TMS, cuja importância para a efetiva gestão da cadeia de suprimentos vem crescendo e ampliando seu uso.

Fazendo uma correlação desta ferramenta com a tratada na matéria anterior desta edição da revista, Daniel Bio, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da SAP Brasil (Fone: 11 5503.2490), diz que as soluções de WMS e TMS estão numa curva ascendente de utilização, ou seja, as empresas estão cada vez mais investindo nas soluções para esses processos dentro da logística como um todo. “Quanto aos números, podemos dizer que o WMS e o TMS crescem ao ano no mínimo 20% acima do crescimento do ERP”, revela.

Entre todas as siglas citadas, o foco desta matéria especial é o TMS – Transportation Management System ou Sistema de Gerenciamento de Transporte, solução que, segundo Luiz Antônio Rêgo, CEO da Alcis (Fone: 11 5531.7444), tem sido fortemente buscada por clientes médios e grandes, especialmente se integrada ao WMS e à Business Intelligence.

O TMS pode trabalhar de maneiras distintas, atendendo a visão do embarcador ou a visão do transportador, como explica Luís Arthur Bogiano, gestor de estratégia – Distribuição & Logística da TOTVS (Fone: 0800 709 8100). Na visão do embarcador, a solução ajuda desde o planejamento do custo de fretes, possibilitando simulações do custo de frete por pedido, região, rota, transportador, como também a auditoria do frete, eliminando retrabalhos e gerando grande produtividade e segurança na operação.

Já na visão do transportador, atua no núcleo do negócio, fornecendo diversos controles, agilidade na contratação de terceiros, na montagem de carga e na emissão dos conhecimentos, além de monitorar a frota entre outras funcionalidades.

Wagner Tadeu Rodrigues, presidente da Store Automação (Fone: 11 3083.3058), lembra que durante décadas, a maioria das empresas de transporte rodoviário de cargas não tinha necessidade de medir os custos de seus serviços ou a satisfação de seus clientes e funcionava por décadas sem sistemas de custos. “Essa falta de informações sobre produtos e clientes não era uma preocupação, pois a maioria das empresas de serviços operava em mercados não-competitivos”, conta.

Diante desse novo ambiente de concorrência acirrada, as companhias precisam se transformar em organizações competitivas. E, para tanto, os gestores das empresas de serviços necessitam de informações para melhorar a qualidade, pontualidade e eficiência das atividades que desempenham, além de compreender precisamente o custo e a lucratividade de cada um de seus produtos, serviços e clientes. É onde entra o TMS para gerir as informações de forma confiável.

Além disso, na opinião de Valter Luiz da Silva, gerente comercial da BGMRodotec (Fone: 0800 600 2255), as empresas de transportes de carga vêm sofrendo grande pressão do ambiente externo, como: escrituração fiscal digital, conhecimento eletrônico e escassez de recursos (faltam motoristas e veículos), o que tem obrigado as companhias a buscarem na gestão da produtividade os resultados esperados e a otimização dos recursos disponíveis.

“O conjunto dessas informações justifica e mostra por que as empresas de transporte têm voltado sua atenção para a implantação de software direcionado à gestão da companhia como um todo”, complementa.

O forte ritmo de crescimento econômico do Brasil nos últimos anos fez aumentar a complexidade das cadeias de suprimentos, e sua gestão tem
se tornado mais desafiadora. É o que analisa Hélcio Fernando Lenz, CEO da Otimis (Fone: 11 3027.4197). Segundo ele, este processo tem se refletido no segmento de softwares TMS através da demanda por soluções mais sofisticadas, capazes de otimizar uma malha complexa de transportes inbound e outbound. “Neste contexto, os projetos pontuais de implantação de TMS estão dando lugar aos projetos mais amplos, com soluções completas de gestão de transportes para cadeias de suprimentos.”

Luís Maurício Gardolinski, diretor comercial da Startrade Comércio e Logística (Fone: 41 3285.8825), acredita que “com a proliferação de transportadoras e Operadores Logísticos cobrando fretes sem muitos parâmetros, as ferramentas de gerenciamento de transportes focadas no contratante de frete descortinaram um nicho antes dominado pelas planilhas de cálculo e por poucos e bravos administradores que gerenciavam processos de contratação de fretes, cada um com seus próprios parâmetros”.

Para o profissional, com as modernas ferramentas de TMS, a empresa hoje pode não apenas aferir se o que contratou de frete é o que foi cobrado, mas se os prazos foram cumpridos, se a qualidade do serviço foi satisfatória, quais as tabelas de preços cadastradas que atendem determinada carga, entre outros benefícios, todos estes processos parametrizados de forma a contratar e medir eficiência, profissionalmente.

“Por sua vez, os TMS, com foco no transportador, auxiliam na manutenção do negócio transporte, subsidiando o Operador Logístico em operações tão variadas quanto a manutenção de tabelas de frete por quilograma real, quilograma cubado ou mesmo por quilômetro rodado. Auxiliam, ainda, em processos de manutenção preventiva de veículos, cadastros de motoristas, controles de carteiras de habilitação, etc. Ou seja, transformou-se no ERP das transportadoras. Assim como os WMS, o TMS com foco na contratação de fretes também tende a ser incorporado a grandes ferramentas, formatando um pacote completo de soluções”, destaca Gardolinski, lembrando que a Startrade não fornece diretamente os sistemas de WMS e TMS, mas, sim, sistemas que se ligam ou complementam essas ferramentas, viabilizando o seu uso.

Considerando o prisma dos sistemas de gestão de fretes contratados, área na qual a GKO Informática (Fone: 21 2533.3503) atua, o diretor da empresa, Ricardo Gorodovits, percebeu que as companhias estão cada vez mais submetidas a pressões para reduzir custos e ganhar produtividade, sendo que ambos os aspectos se refletem na administração dos fretes, exigindo melhor qualificação profissional e melhores ferramentas. “Estimamos que 80% das empresas que contratam acima de 500 mil reais de fretes mensalmente já possuem alguma solução para gestão destes transportes contratados. Ao mesmo tempo, porém, 90% delas demonstram graus variados de insatisfação com as soluções adotadas, muitas vezes associadas a procedimentos manuais, uso de planilhas e sistemas precários ou com funcionalidades limitadas. À medida que há crescimento econômico e capacidade de investimento, estas empresas buscam soluções alternativas, e este é o momento que estamos vivendo, que esperamos persista ao longo do próximo ano”, expõe.

Para Gorodovits, o caminho natural de crescimento das soluções do segmento passa pelo melhor aproveitamento da informação eletrônica disponibilizada pela receita, maior integração por meio de ambientes colaborativos que congreguem inúmeras empresas do mesmo segmento de mercado, maior facilidade operacional e maior flexibilidade na obtenção das informações gerenciais.

Mudanças

Sobre o que se modificou no segmento no último ano, Jean Pitz, gestor da área de estratégia de mercado de logística da Benner Sistemas (Fone: 47 2111.4800), considera que houve uma grande mudança no nível de serviço das empresas prestadoras. “Antigamente, era possível apenas ceder um espaço num armazém ou simplesmente lotar uma caminhão e movimentar esta carga sem grandes controles, ou, melhor ainda, sem muitos indicadores ou informações. Atualmente não vejo uma ação sem informação, seja ela de naturezas distintas, desde o primeiro contato entre a relação da cadeia – embarcador, prestador de serviço logístico e cliente – numa mão de duas vias, com todos os envolvidos cientes, a cada minuto que passa, da mercadoria ou produto. Então, se há algo que evoluiu, e muito, é na questão de transparência, comunicação e pró-atividade nas informações e indicadores entre os stakeholders da cadeia”, explica.

Luiz Antônio, da Alcis, também considera que o mercado amadureceu, aumentando o profissionalismo. “Assim, se tornaram mais claros os objetivos de indicadores de desempenho e de integração do Supply Chain. Cada vez mais se busca por softwares mais completos e parametrizáveis possíveis”, expõe.

De fato, para Silva, da BGMRodotec, a principal mudança está na necessidade cada vez maior de utilização de modernas técnicas de gestão, visto que algumas movimentações do mundo dos negócios têm exigido  uma comunicação mais rápida entre embarcador/transportador, transportador/fornecedor, transportador/fisco e transportador/entidades financeiras. “Os embarcadores ‘puxam’ as empresas de transporte para esse nível de tecnologia de gestão”, acrescenta.

A principal mudança no TMS, além do crescimento da sua importância para a efetiva gestão da cadeia de suprimentos, foi que as empresas fornecedoras de ERP passaram a oferecer soluções compatíveis com as best of breed, conforme análise de Daniel, da SAP. “Isto quer dizer que, atualmente, empresas como a SAP oferecem aos seus clientes em suas soluções EWM (WMS da SAP) e TM (TMS da SAP) funcionalidades antes só encontradas nas soluções best of breed. Isto tornou a competição muito mais interessante, pois, além de serem compatíveis com as melhores do mercado, ainda oferecem a integração nativa com o ERP”, declara.

Na opinião de Lenz, da Otimis, tem se percebido um aumento na granularidade funcional da área de TMS, levando à necessidade de planejar e administrar de forma mais detalhada as operações. Além disso, preocupações ambientais se tornaram uma peça fundamental do processo, ao ponto que algumas empresas utilizam indicadores de pegada de carbono como critério complementar para selecionar seus parceiros de transporte.

Para Gorodovits, da GKO Informática, o que mudou foi a consciência de que existem problemas na área de contratação e gestão de fretes que merecem a atenção e os investimentos das empresas. “Somos procurados hoje com muita frequência por empresas que, quando abordadas há 2, 3 ou 4 anos, não se mostraram motivadas a adotar nossa solução. A sofisticação dos controles neste segmento também se deu a partir da disponibilidade de profissionais mais bem preparados para a função, que têm uma formação mais ampla, mas ao mesmo tempo mais profunda em logística e transportes. Essa, em definitivo, deixou de ser uma área para amadores”, expõe.

Segundo Rodrigues, da Store, a mudança aconteceu em relação à maior atenção com a qualidade da informação repassada para o cliente. “A melhor gestão repercute na velocidade e qualidade com que a informação é tratada e recuperada”. Já de acordo com Bogiano, da TOTVS, está havendo maior controle na contratação de terceiros, gerenciamento avançado do custo logístico e gestão de margens.

Novidades

Agora falando em novidades, Pitz, da Benner, considera que um dos conceitos em que se evolui muito, e que trata o cenário atual e suas tendências, é aproximar os expectadores de TMS de uma plataforma mais homogênea, com sinergia e resultados bem apurados. “Pensamos nos conceitos de viagem dentro do ciclo da logística, desta forma, haverá momentos com transportes, cross-docking, armazenagem estática, armazenagem com movimentação ou pequenas transformações como novas embalagens ou acessórios. Se unirmos esses conceitos especialistas, teremos mais informações, mais integração e, consequentemente, níveis de serviços apurados, como indicadores ágeis e certeiros”, revela.

Para o TMS, segundo Silva, da BGMRodotec, a tendência é em relação à gestão da produtividade on-line, ou seja, o acompanhamento permanente e imediato da operação, utilizando-se, para isso, comunicação integrada ao rastreador por satélite, bem como aos celulares, por internet.

Melhor integração com sistemas corporativos, soluções voltadas para logística reversa e, especificamente, para tratamento de processos junto aos Correios, entre outros, são citados por Gorodovits, da GKO, entre as tendências. “Há também um importante enfoque em acompanhamento do transporte voltado para melhoria do atendimento a clientes, permitindo ações preventivas quanto a atrasos ou dificuldades de entregas”, complementa.

Como expõe José Almeida, gerente de negócio do Grupo Trust (Fone: 11 3055-1711), a novidade em TMS está em integrar as entidades externas dentro de um padrão operacional entre as empresas.

Lenz, da Otimis, considera que as soluções TMS evoluíram sobremaneira nos últimos anos, incluindo recursos para modelagem e otimização da malha logística, seleção de administração de fornecedores de transporte, visibilidade, e gestão colaborativa da capacidade, dentre outros. “Na solução JDA Fleet Managment (que usa otimização baseada em algoritmos matemáticos para criar planos de trabalho detalhados, que gerenciam a frota baseada nas necessidades de distribuição), destacamos a capacidade de criação de cenários, que permitem simular os impactos de determinadas mudanças de malha (por exemplo, a inclusão de um ponto de cross-docking em um grande centro, ou o uso de frota dedicada para rotas fixas), incluindo informações sobre nível de serviço, custos, estoques, etc. Esta ferramenta permite que as decisões de desenho de rede sejam feitas com maior embasamento, aumentando, assim, a flexibilidade e a competitividade das empresas”, expõe.

De acordo com Gardolinski, da Startrade, as novidades em TMS ficam por conta da entrada no país de players internacionais e da evolução das ferramentas nacionais através da implementação em grandes contas.

Já Rodrigues, da Store, cita os documentos eletrônicos como CT-e, NFS-e, CL-e e MDF-e. “Nos últimos anos, o governo tem cercado o segmento para ser totalmente digital. É uma obrigatoriedade que os sistemas têm que ser adequados. E essa obrigatoriedade ajuda o sistema ser mais eficiente em qualidade de informação, pois está havendo menos intervenção na entrada dos dados”, declara.

Comunicação via celular, integração com rastreadores, torre de controle, portal do cliente, melhor planejamento de tráfego e visão por unidade de negócios são os itens destacados por Bogiano, da TOTVS, em relação às novidades. Integração com RFID e leitores de OCR (leitura automática e digital de placas dos equipamentos, bem como de contêineres) estão na lista de Luiz Antônio, da Alcis.

No entanto, para Marcelino Costa, diretor de produtos da OpenTech Gerenciamento de Risco (Fone: 47 2101.6122), o TMS evoluiu muito pouco. “Basta observar a forma de comunicação entre os parceiros da cadeia logística. O modelo EDI utilizado no Brasil é obsoleto e ainda hoje é intercambiado por empresas que atuam como vans, com uma performance sofrível na troca dos arquivos eletrônicos. Sabemos que transportar deixou de ser um simples processo operacional envolvendo cargas, veículos, trajetos, prazos, etc. Em todos os níveis, processos decisórios de transportes obrigam a manutenção de bases de dados de grande envergadura, análise multicriterial, estatísticas, pesquisa operacional, simulação e muitas dessas informações não têm amparo tecnológico disponível para mensurá-las. KPIs se resumem à data de entrega e a um outro quesito de qualidade ou apresentação dos veículos. Consolidação de cargas, roteirização, dispositivos móveis, seguro, nada disso faz parte do rol de funcionalidades de um bom TMS. Sem contar o TMS estrangeiro, que sequer consegue calcular o complicado sistema de cobrança de pedágio das estradas brasileiras”, analisa.

Novas Aplicações

•Estão surgindo, cada vez mais, indicadores operacionais, com atualizações em tempo real.

•Clientes embarcadores que têm interesse em acompanhar sua mercadoria em tempo real para o mercado consumidor podem acompanhar a frota do seu parceiro on-line.

•Possibilidade de criar ambientes virtuais para colaboração na visibilidade dos dados para clientes finais, gerando uma comunidade dentro de cada setor onde todos os participantes têm ganhos de naturezas diversas.

•Aplicações na indústria manufatureira, visando padronização dos custos operacionais para aumentar a demanda em nível global.

•Evolução do uso individual, por uma empresa específica, para o uso colaborativo dentro da cadeia de suprimentos em que se encontram inseridos, e também com outros pares de fora da cadeia que apresentem potencial de sinergia. Como regra geral, para um bom TMS, quanto mais variáveis forem consideradas, melhores os resultados da otimização. Em outras palavras, para um TMS capaz de sincronizar as operações de inbound e outbound, dos diversos nós de uma cadeia e, eventualmente, de cadeias paralelas, as possibilidade de geração de benefícios aumentam drasticamente.

•A indústria em geral entrou pesado no gerenciamento do frete, dada a elevação na conta frete em relação ao custo dos produtos. De nada adianta trocar o transportador e piorar a qualidade dos serviços em detrimento do valor de frete, ou seja, só contratar frete mais barato não garante a redução de custos, pois muitas vezes aumentam as avarias, atrasos, etc.

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