A pandemia da covid-19, como é sabido por todos, além da tristeza e da dor ocasionadas pela perda de milhões de vidas, ‘desorganizou’ e ‘desestruturou’ substancial e profundamente, todas as atividades humanas, social, econômica e política.
Não há qualquer dúvida que o redirecionamento das políticas públicas, para evitar males maiores oriundos da própria doença, ou para atenuar o sofrimento dos mais carentes, os esforços da ciência e da tecnologia, muito mais voltados à busca de uma “vacina” ou de um “remédio” que diminuíssem a transmissão e demais impactos negativos gerados pela pandemia, o esgotamento das redes de saúde, públicas e privadas, a suspensão de parte importante das atividades econômicas, principalmente aquelas que geravam aglomeração de pessoas, o distanciamento social, a manutenção de grande parte dos profissionais trabalhando em casa, a instalação de novos procedimentos para proteger a saúde daqueles que precisavam estar presentes na empresa, o rápido direcionamento da tecnologia para melhoria das atividades de comunicação e monitoramento etc. etc., tiveram impactos importantes, nas empresas, nas sociedades e nas nações. Pode-se dizer que a pandemia “bagunçou” tudo.
Ainda em pleno ‘auge’ da pandemia, em maio de 2020, a McKinsey entrevistou diversos profissionais da área logística, principalmente aqueles diretamente responsáveis pelo “supply chain”, em diversas partes do mundo e dos mais diversos setores produtivos, para avaliar o que seria necessário fazer, de forma quase que imediata, para que as atividades econômicas, de uma forma geral, não entrassem em colapso, uma vez que se constatava, de forma clara e concreta, a “desestruturação” de quase todas as cadeias de abastecimento.
Considerando os diversos obstáculos criados pela pandemia, mais a queda da demanda por bens econômicos e serviços e a diminuição significativa e generalizada das atividades econômicas, a maioria dos entrevistados respondeu que era essencial tomar providências simplesmente para manter suas empresas funcionando.
Também indicou a pesquisa, que além das providências de “curto-prazo”, necessárias para a sobrevivência empresarial, muitos daqueles profissionais se anteciparam e passaram a discutir “mudanças estratégicas na configuração e na operação de suas cadeias de suprimentos. Como ilustração, 93% dos entrevistados disseram que tinham como prioridade, “tornar suas cadeias de suprimentos muito mais flexíveis, ágeis e resilientes”.
Agora, um ano depois, especificamente no segundo trimestre de 2021, a McKinsey repetiu a pesquisa (Knut Alicke de Stuttgart, Ed Barriball de Washington/DC e Vera Trautwein de Zurique - “Como COVID-19 está remodelando as cadeias de abastecimento” – 23.11.21), acrescentando uma solicitação para que os entrevistados “descrevessem as etapas que tomaram para fortalecer suas cadeias de abastecimento”, e “como essas mudanças, se corretamente implementadas”, ainda podem contribuir para que “suas cadeias de abastecimento evoluam ainda mais”
As principais respostas, agora, comparadas com aquelas de 2020, podem ser resumidas da seguinte forma:
1) Aumentar estoques é mais rápido e tem custos menores do que construir fábricas e/ou desenvolver novos fornecedores,
2) Gestão de risco, com mais amplitude e sistemas de monitoramento proativos são fundamentais,
3) Maior organização e assunção efetiva das atividades de planejamento, principalmente com o uso da digitalização, são imprescindíveis,
4) Capacitação profissional e desenvolvimento de “talentos”, notadamente na área digital, devem se tornar em atividades permanentes nas empresas.
Também foi constatado pela pesquisa, que o “dia-a-dia” empresarial tem demonstrado que “as cadeias de abastecimento permanecem vulneráveis a choques e interrupçõTer profissionais capacitados ainda é uma das chaves do sucesso na logística
Paulo Roberto Guedes | Consultor Associado da Sociedade Faria de Oliveira Advogados | 16 de Dezembro de 2021
A pandemia da covid-19, como é sabido por todos, além da tristeza e da dor ocasionadas pela perda de milhões de vidas, ‘desorganizou’ e ‘desestruturou’ substancial e profundamente, todas as atividades humanas, social, econômica e política.
Não há qualquer dúvida que o redirecionamento das políticas públicas, para evitar males maiores oriundos da própria doença, ou para atenuar o sofrimento dos mais carentes, os esforços da ciência e da tecnologia, muito mais voltados à busca de uma “vacina” ou de um “remédio” que diminuíssem a transmissão e demais impactos negativos gerados pela pandemia, o esgotamento das redes de saúde, públicas e privadas, a suspensão de parte importante das atividades econômicas, principalmente aquelas que geravam aglomeração de pessoas, o distanciamento social, a manutenção de grande parte dos profissionais trabalhando em casa, a instalação de novos procedimentos para proteger a saúde daqueles que precisavam estar presentes na empresa, o rápido direcionamento da tecnologia para melhoria das atividades de comunicação e monitoramento etc. etc., tiveram impactos importantes, nas empresas, nas sociedades e nas nações. Pode-se dizer que a pandemia “bagunçou” tudo.
Ainda em pleno ‘auge’ da pandemia, em maio de 2020, a McKinsey entrevistou diversos profissionais da área logística, principalmente aqueles diretamente responsáveis pelo “supply chain”, em diversas partes do mundo e dos mais diversos setores produtivos, para avaliar o que seria necessário fazer, de forma quase que imediata, para que as atividades econômicas, de uma forma geral, não entrassem em colapso, uma vez que se constatava, de forma clara e concreta, a “desestruturação” de quase todas as cadeias de abastecimento.
Considerando os diversos obstáculos criados pela pandemia, mais a queda da demanda por bens econômicos e serviços e a diminuição significativa e generalizada das atividades econômicas, a maioria dos entrevistados respondeu que era essencial tomar providências simplesmente para manter suas empresas funcionando.
Também indicou a pesquisa, que além das providências de “curto-prazo”, necessárias para a sobrevivência empresarial, muitos daqueles profissionais se anteciparam e passaram a discutir “mudanças estratégicas na configuração e na operação de suas cadeias de suprimentos. Como ilustração, 93% dos entrevistados disseram que tinham como prioridade, “tornar suas cadeias de suprimentos muito mais flexíveis, ágeis e resilientes”.
Agora, um ano depois, especificamente no segundo trimestre de 2021, a McKinsey repetiu a pesquisa (Knut Alicke de Stuttgart, Ed Barriball de Washington/DC e Vera Trautwein de Zurique - “Como COVID-19 está remodelando as cadeias de abastecimento” – 23.11.21), acrescentando uma solicitação para que os entrevistados “descrevessem as etapas que tomaram para fortalecer suas cadeias de abastecimento”, e “como essas mudanças, se corretamente implementadas”, ainda podem contribuir para que “suas cadeias de abastecimento evoluam ainda mais”
As principais respostas, agora, comparadas com aquelas de 2020, podem ser resumidas da seguinte forma:
1) Aumentar estoques é mais rápido e tem custos menores do que construir fábricas e/ou desenvolver novos fornecedores,
2) Gestão de risco, com mais amplitude e sistemas de monitoramento proativos são fundamentais,
3) Maior organização e assunção efetiva das atividades de planejamento, principalmente com o uso da digitalização, são imprescindíveis,
4) Capacitação profissional e desenvolvimento de “talentos”, notadamente na área digital, devem se tornar em atividades permanentes nas empresas.
Também foi constatado pela pesquisa, que o “dia-a-dia” empresarial tem demonstrado que “as cadeias de abastecimento permanecem vulneráveis a choques e interrupções, com muitos setores atualmente lutando para superar a escassez do lado da oferta e as restrições da capacidade logística”. E reconheceu o fato de que junto com a queda no nível de “investimentos em tecnologias digitais voltadas à cadeia de suprimentos”, nota-se falta substancial de profissionais capacitados.
Pois é. As cadeias de produção e de abastecimento atuais ficaram muito mais complexas, passando a exigir um conjunto de ações integradas, coordenadas, com desenhos e soluções personalizadas e adaptadas às novas realidades. A exposição a riscos tem sido muito maior e com consequências muito mais abrangentes, exigindo, sem dúvida, maiores capacitações e ‘resistência’ operacional.
O que vem acontecendo no mundo nos últimos anos, agora enfatizado e realçado pela pandemia, tem influenciado fortemente o profissional de logística, posto que ele exerce uma atividade que assumiu posição de relevância no mundo empresarial e dos negócios. Queira-se ou não, a logística, já há algum tempo, deixou de ser uma atividade exclusivamente operacional e se transformou em atividade estratégica, o que a coloca como parte integrante dos negócios empresariais.
Conclui-se, portanto, ser necessário que os profissionais de logística, como de resto todos os demais, encarem a realidade e os problemas como de fato eles são e “que realizar observações, agora com maior frequência e profundidade, que permitam acompanhar a velocidade das mudanças, ter instrumentos de avaliação de desempenho que levem em conta cenários cada vez mais dinâmicos e movimentar-se com rapidez, para adotar medidas urgentes e que se adaptem aos novos cenários, transformaram-se em atividades profissionais imprescindíveis” (O artigo “O protagonismo da logística em épocas de crises”, publicado no Portal da Tecnologística dia 05.07.21 explora o assunto)..
Redundante dizer, mas vale à pena reprisar: o nível de exposição a riscos dependerá diretamente da eficácia dos sistemas de monitoramento e de avaliação e dos planos de contingência existentes. Mas para que isso se realize com segurança e rapidez, alguns instrumentos são indispensáveis: digitalização, inovação e desenvolvimento da tecnologia de informação são alguns exemplos. Somente com um correto entendimento dos níveis de vulnerabilidade e de riscos a que as empresas estão expostas será possível elaborar corretas estratégias de resiliência.
É imperativo, portanto, que os profissionais de logística compreendam as novas exigências do mercado e o novo momento da sociedade (assunto bastante discutido em meu artigo “A logística e os operadores logísticos sob o ponto de vista estratégico”, publicado no Portal da Tecnologística, dia 26.08.21), pois as empresas, sempre buscando adaptação e sobrevivência, sabem que a competição é cada vez maior e precisarão melhorar o atendimento a clientes e às suas respectivas cadeias de abastecimento. Mas para isso, como visto aqui, será preciso, além de estar totalmente conectado com os avanços da tecnologia digital, ter um corpo de funcionários capaz e altamente qualificado.es, com muitos setores atualmente lutando para superar a escassez do lado da oferta e as restrições da capacidade logística”. E reconheceu o fato de que junto com a queda no nível de “investimentos em tecnologias digitais voltadas à cadeia de suprimentos”, nota-se falta substancial de profissionais capacitados.
Pois é. As cadeias de produção e de abastecimento atuais ficaram muito mais complexas, passando a exigir um conjunto de ações integradas, coordenadas, com desenhos e soluções personalizadas e adaptadas às novas realidades. A exposição a riscos tem sido muito maior e com consequências muito mais abrangentes, exigindo, sem dúvida, maiores capacitações e ‘resistência’ operacional.
O que vem acontecendo no mundo nos últimos anos, agora enfatizado e realçado pela pandemia, tem influenciado fortemente o profissional de logística, posto que ele exerce uma atividade que assumiu posição de relevância no mundo empresarial e dos negócios. Queira-se ou não, a logística, já há algum tempo, deixou de ser uma atividade exclusivamente operacional e se transformou em atividade estratégica, o que a coloca como parte integrante dos negócios empresariais.
Conclui-se, portanto, ser necessário que os profissionais de logística, como de resto todos os demais, encarem a realidade e os problemas como de fato eles são e “que realizar observações, agora com maior frequência e profundidade, que permitam acompanhar a velocidade das mudanças, ter instrumentos de avaliação de desempenho que levem em conta cenários cada vez mais dinâmicos e movimentar-se com rapidez, para adotar medidas urgentes e que se adaptem aos novos cenários, transformaram-se em atividades profissionais imprescindíveis” (O artigo “O protagonismo da logística em épocas de crises”, publicado no Portal da Tecnologística dia 05.07.21 explora o assunto)..
Redundante dizer, mas vale à pena reprisar: o nível de exposição a riscos dependerá diretamente da eficácia dos sistemas de monitoramento e de avaliação e dos planos de contingência existentes. Mas para que isso se realize com segurança e rapidez, alguns instrumentos são indispensáveis: digitalização, inovação e desenvolvimento da tecnologia de informação são alguns exemplos. Somente com um correto entendimento dos níveis de vulnerabilidade e de riscos a que as empresas estão expostas será possível elaborar corretas estratégias de resiliência.
É imperativo, portanto, que os profissionais de logística compreendam as novas exigências do mercado e o novo momento da sociedade (assunto bastante discutido em meu artigo “A logística e os operadores logísticos sob o ponto de vista estratégico”, publicado no Portal da Tecnologística, dia 26.08.21), pois as empresas, sempre buscando adaptação e sobrevivência, sabem que a competição é cada vez maior e precisarão melhorar o atendimento a clientes e às suas respectivas cadeias de abastecimento. Mas para isso, como visto aqui, será preciso, além de estar totalmente conectado com os avanços da tecnologia digital, ter um corpo de funcionários capaz e altamente qualificado.