Técnicos devem localizar ’caixa-preta’ de guindaste, diz sindicato

Publicado em
30 de Novembro de 2013
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HD dentro do guindaste pode ter informações sobre procedimento utilizado. Técnicos alemães da empresa que fabricou guindaste chegam nesta sexta.

 
 

Técnicos alemães da empresa que fabricou os guindastes da Arena Corinthians devem ajudar a localizar o equipamento que tem informações sobre o procedimento utilizado na movimentação da peça, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada.

Segundo o diretor do Sindicato Flávio Ferreira a peça é um HD (disco rígido) e fica dentro do guindaste. O equipamento, segundo Ferreira, é uma espécie de "caixa-preta" pode ajudar nas investigações do acidente.

Ao chegar ao país nesta sexta, os técnicos alemães devem ir ao local para avaliar como a estrutura danificada deve ser retirada.

Os alemães também irão ajudar na conclusão do laudo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo.

Os documentos da obra, como projetos, treinamento dos funcionários, manutenção dos equipamentos e fundações vão começar a ser analisados a partir de segunda-feira (2).

Uma análise inicial de peritos aponta como provável causa do acidente a movimentação irregular da peça de mais de 400 toneladas que completaria a cobertura metálica.

O balanço da peça pode ter desestabilizado o guindaste, provocando a queda da máquina. A análise aponta que a técnica usada para erguer a estrutura não foi a mais adequada. Os técnicos do Instituto de Criminalística também estão avaliando a resistência do solo no local e se as peças da grua apresentavam algum desgaste.

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MAPA desabamento Arena Corinthians (28/11) (Foto: Editoria de Arte/G1)

Gruas
Técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determinaram nesta quinta-feira  (28) a interdição de nove guindastes da obra do estádio do Corinthians. O decisão de vetar o uso de todos os equipamentos do tipo ocorre um dia após a queda de uma estrutura metálica de mais de 400 toneladas e de um guindaste que a içava.

Os técnicos, que são ligados à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE-SP), participaram de vistoria às obras nesta manhã. Eles pediram à construtora relatórios que confirmem a segurança dos equipamentos.

O auto de interdição de todas as gruas da Arena Corinthians vai ser assinado na sexta-feira (29)  pelo superintendente do Ministério do Trabalho em São  Paulo, Luís Antonio  Medeiros. "Assim que a empresa comprovar a segurança na movimentação de cargas, as medidas de proteção que serão adotadas e que não há mais riscos de acidentes, haverá liberação por parte do Ministério do Trabalho", afirmou o superintendente.

Em nota, a Odebrecht e Corinthians confirmaram ter recebido o aviso de "embargo provisório de operações com guindastes" até a apresentação de documentação. "A empresa apresentará todos os documentos solicitados no mais breve prazo de tempo possível", informou a empresa.

A empresa alega que a decisão não interfere no plano de retomar as obras na segunda-feira (2). "Os trabalhos que não necessitam utilizar guindastes serão executados normalmente, excetuada a área interditada pela Defesa Civil -- correspondente a 30% do prédio Leste e a menos de 5% da área da Arena", informaram construtora e empresa em nota.

"Exemplos de trabalhos que não utilizam guindastes são instalações elétricas e hidráulicas, de assentos definitivos, de revestimentos de pisos, paredes e forros e de sistemas de som. Também os trabalhos de acabamento nas áreas externas da Arena, como acessos para veículos e torcedores, estacionamentos e muros, prosseguirão normalmente", informa o texto.

Investigação da Polícia Civil
A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para apurar se houve falha humana, defeito no guindaste e instabilidade do terreno são as principais hipóteses investigadas pela  para tentar encontrar a causa do acidente. “Tem que apurar se houve falha humana, problema mecânico ou instabilidade do terreno”, disse nesta quinta-feira (28) ao G1 o delegado Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º Distrito Policial, Artur Alvim.

O delegado e seus investigadores apuram as circunstâncias e eventuais responsabilidades pela queda de parte da cobertura do estádio que era içada por um guindaste que tombou, derrubando a peça de cerca de 400 toneladas sobre dois funcionários.

O motorista Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, que estava dormindo num caminhão, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, 43, que estava perto de um banheiro químico, foram atingidos e morreram.

Inquérito policial apura o crime previsto nos artigos 256 e 258 do Código Penal que tratam, respectivamente, de "causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo de vida, a integridade física ou patrimônio de outrem", e "se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço”.

No caso de condenação, o artigo 256 determina que a pena vai de um a quatro anos de prisão.

Para tentar esclarecer as causas do acidente, a polícia vai ouvir depoimentos, entre eles de testemunhas, sobreviventes, operários, representantes das empresas responsáveis pela obra, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Também irá requisitar documentos técnicos da construção e aguardar o resultado dos laudos periciais da Polícia Técnico-Científica.

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) irão analisar a área do acidente e determinar o que provocou o acidente. Geralmente, o resultado dos trabalhos é feito em 30 dias. Quem determina a causa da morte dos funcionários é o Instituto Médico Legal (IML), que deverá apontar esmagamento das vítimas.

Cinco pessoas já foram ouvidas pela polícia na quarta-feira, segundo o delegado: três empregados da Odebrecht, empresa responsável pela construção da obra, e dois policiais militares que realizaram os primeiros atendimentos no local do acidente.

 

 ’Falha de procedimento’
Na quinta, o coordenador da Defesa Civil em São Paulo, Paca de Lima, afirmou que, ao inspecionarem o chão onde o guindaste que desabou estava apoiado, não foi possível perceber qualquer tipo de falha no solo.

Para ele, o mais provável é que tenha ocorrido "uma falha de procedimento", mas Paca de Lima não deu mais detalhes da suspeita. "A perícia que vai dizer a causa do acidente", ressaltou Lima.

Além da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual (MPE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) investigam as causas e prováveis responsabilidades pelo acidente com mortes no estádio do Corinthians.

A Defesa Civil já havia interditado 30% de uma das alas do estádio, uma área de cerca de 5 mil metros quadrados. Apesar da interdição e da nova vistoria, o coordenador do órgão, Jair Paca de Lima, tinha dito na quarta que as obras poderão continuar nos demais setores.

O MPE também informou que fará uma vistoria nos próximos dias e exigirá laudos da Polícia Técnico-Científica para avaliar se pedirá à Justiça a paralisação total das obras do estádio.
Na manhã desta quinta-feira, nenhum funcionário foi visto funcionário no canteiro de obras e as máquinas estavam paralisadas. A Odebrecht e o Corinthians, parceiros responsáveis pelo estádio, informaram em nota, que as obras da Arena Corinthians serão retomadas na segunda-feira (2).

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