Em meio à crise com os caminhoneiros, volume de contêineres transportado entre portos cresceu 18,2% entre junho de 2018 e abril de 2019
A tabela do frete instituída no governo Temer e editada, agora, na gestão Bolsonaro, com o objetivo de beneficiar os caminhoneiros, não trouxe o efeito esperado pela categoria desde 2018 e, ao contrário do que se imaginava, tem contribuído para a diversificação dos modais logísticos do Brasil.
Moeda de troca para o fim da greve no ano passado, em 2019, segundo os caminhoneiros, a medida já não os paga o suficiente, mas elevou os custos dos produtores e forçou a busca por alternativas que tentam ganhar espaço frente à alta concentração rodoviária no País.
De acordo com a consultoria Ilos, entre os meses de junho do ano passado e abril de 2019, o volume transportado entre portos da costa brasileira (cabotagem) apenas de contêiner cresceu 18,2%, percentual elevado a 21%, se considerado só o primeiro quadrimestre deste ano.
Se entre 2017 e 2018 foram transportados 8,8 milhões de toneladas, entre o ano passado e este, o volume já alcança 10 milhões, tendo 21% das grandes indústrias nacionais, após o fim da greve, apontado mudança para uso de navios e 38% delas reduzido os investimentos no setor rodoviário até 2021. “O preço do frete aumentou. Por consequência, os preços finais dos produtos tendem a ser mais altos também, e o resultado é que a gente acaba pagando a conta. As empresas, por sua vez, para reduzir os custos, buscaram alternativas.
A mais viável seria a ferroviária (mais barata), mas como não temos infraestrutura, a cabotagem se tornou a alternativa menos onerosa e sem intervenção direta do governo para fazer transporte de cargas pelo País”, analisa o professor de logística e administração da UniFBV/Wyden, Paulo Alencar.
Segundo ele, a nova tabela de frete, editada pelo governo Bolsonaro, deixa o custo ainda maior, ou seja, “mais uma vez o governo está tentando não comprar briga com os motoristas porque o Brasil é muito dependente do rodoviário”, frisa.