O tabelamento de fretes rodoviários elevou ainda mais os custos para se exportar grãos no Brasil, que agora está gastando 80 dólares a mais que os Estados Unidos para escoar a produção de soja e milho, disse nesta segunda-feira o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes.
"O Brasil já tinha uma desvantagem de 60 dólares por tonelada (para exportar grãos), em relação aos EUA, por causa da despesa logística. Com a tabela de fretes, isso aumentou em mais 20 dólares", comentou o dirigente no intervalo do Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a bolsa paulista B3, em São Paulo.
Brasil e EUA são os maiores exportadores globais de grãos, mas os norte-americanos levam vantagem em custos para embarques graças a uma infraestrutura logística eficiente, envolvendo modais mais baratos, como ferrovias e hidrovias, ao passo que os sul-americanos ainda dependem fortemente de rodovias.
"O ponto central do nosso setor, no Brasil, é a logística. É onde as empresas conseguem ganhar algum dinheiro... Com a tabela de fretes, isso acaba com a rentabilidade das companhias", disse Mendes.
O Congresso Nacional aprovou no início do mês passado medida provisória assinada pelo presidente Michel Temer que cria política de preços mínimos para frete rodoviário.
Conforme Mendes, empresas maiores já estão adquirindo frotas próprias para driblar o encarecimento do transporte com os fretes. Já companhias pequenas podem "não aguentar".
"Isso indica que podemos ter menos players no futuro disputando matéria-prima. E quem perde, outra vez, é o produtor", afirmou.
A Anec estima exportação recorde de 74 milhões de toneladas de soja pelo Brasil neste ano, ao passo que as vendas de milho devem cair para 27 milhões de toneladas, com dificuldades para escoar em meio aos fretes mais caros.