Sucessão familiar, por Paulo Ricardo Mubarack*

Publicado em
27 de Agosto de 2012
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A sucessão é um processo e não é um evento. Ela pode levar décadas, se assim desejarem os atuais controladores. Desta forma, os fundadores não podem sentir-se desconfortáveis com o termo sucessão. É um assunto que precisa ser encarado por todos empresários o mais cedo possível, para que não provoque traumas ou problemas para todos no futuro.

Lembro ainda que, quando uma empresa é MULTIFAMILIAR, ela precisa ser iniciada o mais rapidamente possível. Quando a sucessão é encaminhada em uma empresa que pertence a uma família ela já precisa ser tratada com muito cuidado. Quando a empresa pertence a duas ou mais famílias, os cuidados ainda precisam ser maiores. Quanto mais cedo o assunto começar a ser discutido, melhores serão os resultados. Famílias despreparadas não conseguem manter o patrimônio construído pelos fundadores. Um dos motivos é a postergação do assunto SUCESSÃO.

Lembro que os proprietários, ao iniciarem este debate, não podem sentir-se como se estivessem preparando seus funerais. Pelo contrário, eles podem estar preparando uma vida muito longa e produtiva em suas empresas e uma “passagem de bastão” legítima e próspera para todos.

A sucessão é um processo que pode demorar décadas.
Um ponto muito importante: quando os herdeiros entram em uma empresa, normalmente há um loteamento de cargos entre eles. O pai utiliza, desastradamente, dentro da empresa a lógica da família: igualdade de presentes para todos os filhos. Dentro da empresa, a igualdade entre irmãos é um crime contra o lucro e a continuidade. O mundo pouco se interessa pelos filhos do dono ou pelas briguinhas da família. E o mundo costuma não perdoar as frescuras das famílias, os melindres e as disputas. Concorrentes adoram quando os irmãos entram nas empresas pelo lado torto do loteamento de cargos. Como fazer, pergunta-me um empresário. É simples, caro amigo: somente coloque seus filhos se eles forem rigorosamente a melhor opção para o perfil do cargo que eles vão ocupar. Eles não servem? Treine-os para ser sócios e não executivos. Executivos da família sem competência quebram o negócio, destroem patrimônio e abalam as relações familiares, pois “onde falta o pão...”. Por isto, a sucessão precisa ser iniciada quando os herdeiros ainda são crianças e não quando eles terminarem a universidade e precisarem de um emprego cor de rosa, ao lado do papai, bajulados por um conjunto de puxa-sacos que sempre teima em aparecer.

Executivo precisa ter perfil, sócio precisa ter outro perfil. Antes de pensar em profissionalizar a empresa, você que é um proprietário, pense em profissionalizar sua família. Ela precisa, inclusive a mamãe e a vovó, entender que deve se transformar de família dona de um negócio em família empresária e que praticará a diferenciação. Irmãos ou primos aptos para os cargos executivos, ficam! Os outros, nem entram, vão fazer os seus projetos de vida independentes da empresa e recebem como sócios.

Aliás, a família deve ser preparada para ser independente da empresa e não para encher os poucos galhos da companhia com um monte de macacos gordos, sonolentos e arrogantes, pois a árvore vai quebrar.

Não crie seus herdeiros como aristocratas. Crie-os na sola do sapato. Coloque-os em outras empresas, onde ser seu filho nada significa. Não quer? Fez beicinho quando leu meu texto? Ok, não se esqueça de me convidar para seu funeral.

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