Suape: maior porto da América do Sul? Complexo está repleto de empreendimentos bilionários

Publicado em
24 de Maio de 2010
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Complexo quer ampliar mercados atendidos
Ao passar pelo portão de entrada do Complexo Portuário e Industrial de Suape, localizado no município de Ipojuca, a 57 quilômetros de Recife, capital do Pernambuco, a sensação que se tem é de estar em um canteiro de obras gigante.

Esta impressão se deve ao fato do complexo concentrar hoje o maior pólo de investimentos do País. Segundo Fernando Coelho, presidente de Suape e secretário de Desenvolvimento do Estado, atualmente há 100 empreendimentos confirmados para o local e mais 25 estão em análise. Se somados, as obras devem totalizar investimentos de R$ 20 bilhões no complexo pernambucano.

Suape: maior porto da América do Sul?

Entre os principais projetos da iniciativa privada estão: a refinaria da Petrobras (com R$ 4 bilhões em investimentos), o complexo petroquímico (R$ 4 bilhões) e o Estaleiro Atlântico Sul (R$ 1,4 bilhão) - que recentemente entregou sua primeira encomenda.

Já em recursos para melhorar a infraestrutura do local - entre 2007 e este ano - os aportes devem totalizar a cifra de R$ 1,4 bilhão. Além disso, até 2014, outros R$ 2,6 bilhões devem ser aplicados no complexo. As principais ações incluem obras de dragagem, terminais de granéis sólidos e grãos e um novo terminal de contêineres.

Carlos Campos, coordenador de Infraestrutura Econômica da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), destaca que a experiência de Suape é muito positiva para todo o País.

"É um porto que trabalha com o conceito de porto indústria. Além de toda a estrutura portuária, temos investimentos da Petrobras em refinaria, temos recursos para petroquímica, temos o maior estaleiro do Brasil, que acabou de lançar um navio. São investimentos que representam um fato novo na estrutura dos portos no País", afirmou.

Para o pesquisador Paulo Resende, coordenador do núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, "em cinco anos, os complexos nordestinos - em geral - poderão competir de forma igual com os portos de Santos ou Paranaguá, por exemplo. Neste contexto, Suape deve ganhar destaque".

Para o especialista, três fatores sustentam estas projeções. "A localização mais próxima dos mercados europeu e norte americano; o porto não está congestionado; e o incentivo que é dado pelo Estado está ajudando para que a eficiência na movimentação das cargas seja incrementada. Estes três fatores têm ocasionado um aumento da atratividade", justifica.

Reflexos

Com tantos projetos sendo executados há uma alta demanda por profissionais capacitados. Segundo Coelho, ao todo, 20 mil empregos diretos e mais dez indiretos serão criados. Com isso, o governo e outras instituições têm se unido para preparar a mão-de-obra local. Geração de emprego tem sido crescente

Recentemente, líderes estaduais e municipais anunciaram a criação do "Programa Reforço Escolar". A iniciativa - realizada em parceria com o Sesi, o BNDES e nove cidades pernambucanas, e que contará com R$ 14 milhões em investimentos - visa capacitar aproximadamente dez mil colaboradores.

"A expectativa é que essas pessoas saiam prontas para processos seletivos nas empresas de Suape e, principalmente, na Refinaria Abreu e Lima, como foi feito em 2007 para o Estaleiro Atlântico Sul", disse Eduardo Campos, governador do Estado.

Além disso, desde o início do processo de conquista de iniciativas empresariais, 90 mil pernambucanos já foram atendidos por novas escolas técnicas e o programa "Travessia", que também visa preparar mão-de-obra no Estado.

Com o mercado aquecido, diversas áreas da economia pernambucana têm se beneficiado com as obras em Suape. O mercado imobiliário, por exemplo, registra números positivos. Segundo dados do Secovi (Sindicato da Habitação), até dois anos atrás, entre 10% e 15% dos imóveis estavam disponíveis para aluguel. Atualmente, esse número não passa dos 7%.

Além disso, os preços para locação subiram. No primeiro trimestre do ano passado, por exemplo, o índice de reajuste dos aluguéis estava em torno de 8%. No mesmo período deste ano, o reajuste não ficou abaixo de 20%.

Outro reflexo da movimentação ocasionada por Suape é a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. Segundo projeções do governo, este volume deve dobrar em um período pouco maior de uma década, passando de R$ 63 bilhões, em 2007, para R$ 147 bilhões, em 2020.

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