SP vai restringir caminhão no Morumbi

Publicado em
21 de Setembro de 2010
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A gestão Gilberto Kassab (DEM) decidiu ampliar a área de restrição aos caminhões para a região do Morumbi. A medida, anunciada ontem, busca atenuar um efeito colateral do veto aos veículos pesados na av. dos Bandeirantes e marginal Pinheiros.

Desde que a proibição passou a ser fiscalizada, no dia 2, caminhões migraram para vias das zonas oeste e sul, sob protesto de moradores. A nova restrição deve atingir ao menos quatro corredores importantes: Morumbi, Giovanni Gronchi, Guilherme Dumont Vilares, Jorge João Saad e sua extensão, Jacob Salvador Zveibil.

Os moldes serão semelhantes aos da marginal Pinheiros e Bandeirantes, onde, nos dias úteis, os caminhões não podem rodar das 5h às 21h -exceção aos VUCs (veículos pesados de até 6,3 m) e a algumas atividades. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) dará um período de adaptação antes de multar, mas não divulgou ainda a data de início.

Migração - A meta da gestão Kassab é, de novo, empurrar veículos pesados para o Rodoanel. Moradores alegam que a restrição aos caminhões em algumas vias do Morumbi não resolve os problemas, porque eles só tendem a migrar novamente para outras.

"Quando aperta de um lado, estufa do outro", diz Celso Neves Cavallini, presidente do Conseg do Portal do Morumbi, para quem a solução é liberar a marginal Pinheiros.

Um temor dele, por exemplo, é que a rua Dr. Luiz Migliano receba veículos da Guilherme Dumont Vilares. Há queixas também contra caminhões na av. Cupecê.

Limite - "A prefeitura dá um tiro e depois quer correr atrás da bala. Há caminhões que precisam abastecer a cidade e terão que buscar outras vias", diz Manoel Sousa Lima Jr., presidente do Setcesp (sindicato das empresas de carga).

O setor pressiona a prefeitura para que as restrições na marginal Pinheiros se limitem das 7h às 10h e das 17h às 20h. Ele alega haver desabastecimento em Santo Amaro.

Exceções - A gestão Kassab está inclinada a abrir mais exceções para atenuar descontentamentos. O sindicato dos condutores de cargas próprias ameaça parar a categoria e bloquear vias no começo da semana que vem se não houver a liberação do transporte de caçambas e basculantes.

Além dos que reivindicam a necessidade de entregar na capital, a resistência ao Rodoanel existe mesmo entre os que estão de passagem. A distância é um motivos. A rejeição tende a aumentar com a cobrança de pedágio no trecho sul, prevista para 2011.

Ideia é desestimular caminhões na cidade 

Ajustes poderão ter novas restrições no futuro, até deixar de ser interessante a caminhoneiros ingressar em SP

Essas avenidas sinuosas, estreitas e de topografia desfavorável não comportam fluxo de caminhões

As novas restrições ao tráfego anunciadas ontem pela Prefeitura de São Paulo visam corrigir distorções detectadas na aplicação de sua estratégia de retirar o fluxo de caminhões pesados, deslocando-os para o Rodoanel, e mantendo o abastecimento com veículos de menor porte (os VUCs ou veículos urbanos de carga).

Assim, era previsível a restrição do tráfego de caminhões em avenidas do Morumbi (Giovanni Gronchi, Jorge João Saad, Morumbi e Guilherme Dumont Villares). Tais vias passaram a receber um pesado fluxo de caminhões que antes se utilizavam da marginal Pinheiros e das avenidas dos Bandeirantes e Jornalista Roberto Marinho. Essas avenidas sinuosas, estreitas e de topografia desfavorável não comportam esse fluxo.

Ajustes futuros - Os ajustes poderão ter novas restrições no futuro, atingindo por exemplo as avenidas Cupecê e Vicente Rao, até que efetivamente deixe de ser interessante para os caminhões ingressar na capital paulista.

Isso já aconteceu para a maior parte do fluxo, gerando um significativo aumento no tráfego de caminhões no Rodoanel. Para minimizar problemas de abastecimento, antes de iniciar a restrição aos caminhões pesados, a prefeitura facilitou a circulação dos mais ágeis VUCs, que podem estacionar em pequenas vagas, sem prejudicar a circulação, ao contrário dos caminhões maiores.

Restrições à noite - Com mais ousadia, a restrição da passagem de veículos pesados poderia ser ampliada também para o período noturno. Isso eliminaria o risco potencial de acidentes com cargas perigosas, que podem afetar áreas urbanas extensas, com centenas de milhares de habitantes.

*Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e perito de acidentes de trânsito

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