SP vai fechar empresa que não cuidar do próprio lixo

Publicado em
08 de Novembro de 2010
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Lojas, bares e restaurantes que colocarem mais de três sacos de lixo na rua para o caminhão levar poderão ter seus alvarás cassados. É o que promete a Prefeitura de São Paulo, oito anos depois de a regra entrar em vigor.

Toda empresa que produz mais de 200 litros de lixo -equivalentes a três sacos- por dia tem de contratar transportadores particulares para dar uma destinação aos seus resíduos. É o que está na lei, aprovada em 2002.
Das cerca de 12 mil toneladas diárias de lixo recolhidas pelas duas concessionárias do serviço na cidade, aproximadamente 10% vêm de empresas que, pela lei, teriam de cuidar do próprio lixo.

Atualmente, 4.147 empresas estão cadastradas na prefeitura como "grandes geradores", nome técnico para pessoas jurídicas que produzem mais de 200 litros de lixo por dia. Outras 5.450 estão com os cadastros vencidos.
Pode parecer muito, mas não é. Estima-se que mais de 100 mil estabelecimentos comerciais ou de serviços -de um total de 1 milhão-, além de prédios comerciais, se enquadrem nesse limite.

O secretário municipal de Serviços, Dráusio Barreto, aposta que as novas ações serão importantes para mudar o comportamento das empresas. "Agora, não será mais só multa. Nós vamos poder até suspender em definitivo a licença de funcionamento da empresa", disse.

Prevista na lei de 2002, a cassação da licença nunca foi aplicada. "Faltava a regulamentação. Agora temos", diz Barreto sobre decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM), publicado hoje no "Diário Oficial" da cidade.

EXIGÊNCIA ANTIGA

A ação vem sendo reivindicada há tempos pelas empresas de coleta de lixo. Elas reclamam que têm de coletar resíduos que não são de sua responsabilidade -os contratos preveem a coleta apenas do lixo domiciliar, excluindo grandes geradores.

O valor que as empresas recebem é fixo, independentemente da quantidade coletada. Quanto mais lixo, mais caro fica para as empresas, pois são necessários mais caminhões, mais funcionários, mais espaço nos aterros etc.
"Há estabelecimentos públicos que também precisam se enquadrar. Tinha um hospital que gerava de três a cinco toneladas de lixo normal por dia. Esse se enquadrou, mas outros não", diz Nelson Domingues, presidente da concessionária Ecourbis.

A prefeitura informou que os órgãos públicos também terão de se enquadrar, exceto os da administração direta, como escolas municipais.

Restaurantes dizem que repassarão custo

Destinação correta do lixo vai gerar gastos que serão cobrados dos consumidores, afirma sindicato do setor

Com a alteração nas regras para a coleta do lixo, estabelecimentos precisam contratar uma empresa especializada

Os clientes pagarão pela destinação correta do lixo dos restaurantes. É o que afirma o sindicato do setor. Para Sérgio Martins Machado, diretor jurídico do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, não há alternativa para as empresas.
"Quando se fala de lixo, com certeza afeta a categoria, gera custo, e o custo vai ser repassado para o cliente."
Machado não quis falar sobre as ações da categoria em relação ao decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) que endurece as regras para os grandes geradores de lixo porque não tinha lido o texto -publicado hoje no "Diário Oficial" do município.

"Nós não fomos chamados para discutir o assunto, não sabemos de nada disso. Teríamos dado sugestões."
Ele defende que a prefeitura crie um sistema de coleta seletiva para que as empresas possam destinar seu lixo. A receita da venda do lixo reciclável, diz Machado, poderia servir para a prefeitura cobrir o custo do sistema.
Segundo o decreto, os grandes geradores de lixo terão 60 dias para se cadastrar e informar qual empresa foi contratada para fazer o serviço de recolhimento.

O cadastramento será feito pela internet, no site da Secretaria de Serviços.

EQUIPAMENTOS

Contêineres, câmeras frigoríficas ou caixas compactadoras. Essas são as alternativas técnicas viáveis para as empresas armazenarem o lixo até o recolhimento, que pode levar dias.

Jonathan Rodrigues Novaes, do Sistema Nova Ambiental, especializado em lixo industrial, diz que para restaurantes uma boa saída é a câmara frigorífica. Gelado, o lixo não espalha o cheiro.

Outra saída é a caixa compactadora. Ela é vedada e não deixa o odor se espalhar.
O equipamento compacta de cinco a seis toneladas, mas ocupa mais espaço que a câmara frigorífica com a mesma capacidade.

O melhor dos mundos, afirma Novaes, é a reciclagem. Shoppings, por exemplo, que têm bastante volume de lixo reciclável, podem até conseguir pagar o custo da destinação de seu resíduo com a venda do material.

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