Simulador de direção veicular: uma necessidade, por Dirceu Rodrigues Alves Jr.*

Publicado em
27 de Novembro de 2013
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Questionar essa necessidade é deixar de vincular homem e máquina com aprendizado e ainda intensificar nossas estatísticas de acidentes e conseguir o primeiro lugar no ranking mundial. Fazem-se necessárias atitudes e foco no que a Organização das Nações Unidas propõe com a “Década de redução dos óbitos no trânsito”.

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Pesquisa da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) mostra o quê os profissionais de saúde credenciados nos DETRANS veem como necessidade prioritária.

Simular situações de risco é uma necessidade em qualquer máquina. Conhecendo bem, tem-se como evitar o ato inseguro, proteger-se diante da condição insegura e ainda fugir da negligência e imprudência. Essa é a tecnologia que precisamos em curto prazo.

Pesquisa feita pelo Departamento de Psicologia de Tráfego da ABRAMET, dirigido pela psicóloga Dra. Raquel Almqvist, durante o
X Congresso Brasileiro de Acidentes e Medicina de Tráfego, ocorrido na cidade de Foz do Iguaçu (PR), de 11 a 14 de setembro do corrente ano foi conclusiva: entre os profissionais de medicina de tráfego, cerca de 800, oriundos de vários estados credenciados pelos DETRANS, a necessidade de implantação de simuladores de direção veicular nos cursos de formação de condutores, faz parte integrante da formação e educação continuada. Números bastante expressivos denotam tal importância. As perguntas feitas, que chamam a atenção, entre outras foram:

O uso de simuladores de direção ajudará na formação dos novos condutores reforçando conceitos teóricos e ajudando na aula pré-prática?

Sim: 94%
Não: 6%

O uso de simuladores de direção é obrigatório para primeira habilitação. Em sua opinião este treinamento deveria acontecer em outras ocasiões?

Sim: 84%
Não: 16%

Se sim, quando?

Antes da CNH definitiva: 48%
Antes da primeira renovação: 14%
A cada renovação: 29%

Com ensinamento básico, poucas horas, sem o pleno conhecimento do homem, da máquina e do meio ambiente, dos riscos e adversidades, de atos e condições inseguras, concede-se a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), tudo vindo a constituir o principal fator desencadeante da grande sinistralidade no nosso país.

Condições totalmente desconhecidas como é a frenagem a 80 km/h com freio comum e ABS, nessa velocidade desviar de um obstáculo ou frear num piso escorregadio, tangenciar corretamente uma curva, fazer ultrapassagem de veículo longo, utilização de todos os acessórios, direção noturna onde se tem uma desorientação espacial, ainda falando ao celular, mandando um torpedo e muitos outros são ensinamentos que não podem deixar de ser passado na 1ª habilitação e também quando da educação continuada.

O recém-habilitado ignora que a 32 km/h é capaz de causar 5% de óbitos, que aumentando essa velocidade para 45 km/h a possibilidade de óbito é de 48% e que se imprimir 62 km/h é possível ocorrer 85% de óbito. Observe que ignorando a cinemática do trauma, isto é, o que pode ser causado na direção veicular, continua a negligência do Estado a fornecer as CNHs.

Aliás, vale lembrar que o motociclista chega a possuir a carta com treinamento prático em ambiente confinado, sem nenhum conhecimento prático no trânsito. Examinado também em ambiente confinado recebe a CNH e vai praticar o aprendizado individualmente no trânsito louco dos grandes centros. Aprendeu apenas a usar a primeira marcha e a se equilibrar sobre a máquina.

O candidato a outro tipo de veículo aprende, hoje, a conduzir o veículo no trânsito a 30 ou 40 Km/h, subir um aclive e não deixar o veículo retroceder e fazer uma baliza (estacionar). Na realidade aprendeu apenas a fazer o veículo andar. As coisas mais simples são passadas. Esse é o mínimo fornecido nas aulas práticas como ensinamento na formação daquele que ao receber a CNH comemora como se tivesse conquistado um diploma universitário.

Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior, médico, diretor da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego - www.abramet.org.br)
[email protected]

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