A Siemens Gamesa, controlada pela alemã Siemens Energy, decidiu suspender temporariamente a produção de turbinas eólicas em sua unidade de Camaçari, na Bahia, o que deverá diminuir a oferta de equipamentos para a fonte renovável no Brasil no curto prazo, segundo informações de fontes confirmadas pela companhia à Mover.
O movimento segue-se à saída da americana GE do mercado de máquinas eólicas com conteúdo local no país, no ano passado, e vem em meio a uma fase de dificuldades da Siemens Gamesa, que encerrou 2022 com perdas globais ajustadas de 309 milhões de euros e projeta aumentar o prejuízo para 759 milhões neste ano, com piora nas margens e redução de pedidos.
Nos últimos anos, o setor eólico sofreu com a disparada dos custos de matérias-primas e problemas na cadeia de suprimentos em todo o globo, devido a reflexos da pandemia de coronavírus e da guerra na Ucrânia, em uma conjuntura que tem pressionado fabricantes da indústria.
"A Siemens Gamesa confirma que anunciou a hibernação temporária da fábrica de Camaçari como medida específica para ajustar sua estrutura de produção e atender às demandas atuais do mercado no Brasil", disse a companhia, em nota enviada à Mover.
"Continuamos confiantes no papel fundamental que as energias renováveis e a indústria eólica desempenharão para ajudar o Brasil a atingir suas necessidades energéticas e, portanto, reforçamos nosso compromisso de continuar nossas operações no país", acrescentou.
A companhia disse ainda que "a hibernação não terá nenhum efeito na entrega dos atuais contratos onshore da Siemens Gamesa, incluindo a operação e manutenção de usinas eólicas e projetos futuros.
Segundo uma das fontes, as instalações "entrarão em hibernação a partir de junho de 2023", e cerca de 70% da força de trabalho da empresa no Brasil deve ser afetada pela medida.
Não foi possível entender de imediato o que levou a Siemens a decidir pela suspensão das operações, mas as fontes disseram à Mover que a companhia enfrentava desafios de competitividade no mercado brasileiro, principalmente diante da disputa com a dinamarquesa Vestas e a alemã Nordex Acciona.
Uma das fontes disse que, diante da conjuntura desafiadora no setor de energia eólica pelo mundo, a cúpula da Siemens vinha discutindo formas de aumentar a competitividade de suas turbinas eólicas no Brasil, o que poderia passar por investimentos na cadeia de suprimentos, enquanto também avaliava uma possível saída do mercado como alternativa.
"A Siemens Energy tem apresentado grandes prejuízos em seus balanços, não só no Brasil como em todo o mundo", disse uma das fontes, sobre as perdas do grupo alemão com o negócio de energia eólica.
Em 2016, a Siemens reforçou a atuação no setor eólico global ao anunciar fusão com a espanhola Gamesa. Em 2022, a unidade Siemens Energy chegou a acordo para assumir o controle da unidade voltada à energia renovável, que atua em diversos países, incluindo no Brasil.