Setor farmacêutico abre espaços para atuação de Operadores Logísticos e transportadoras

Publicado em
04 de Junho de 2012
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Em crescimento constante – o desenvolvimento da classe C foi um dos fatores mais relevantes para o desempenho positivo do setor farmacêutivo –, ele exige, também, especialização dos prestadores de serviços de logística, bem como o emprego de automação e de várias tecnologias nas operações.

E m 2011, a venda de medicamentos cresceu 13,25%, conforme dados do Sindusfarma – Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo. E, se formos fazer uma retrospectiva, verificaremos que o segmento vem crescendo ao longo dos últimos anos muito além do PIB, o que deve continuar ocorrendo em 2012.

Diante disto, quais seriam as tendências neste segmento?

Na opinião de Gustavo Morano de Souza, gerente de desenvolvimento de negócios, e Maurício Pires Motta, diretor de negócios, ambos da AGV Logística (Fone: 19 3876.9000), este setor apresenta cada vez mais uma perspectiva de especialização dos prestadores de serviço.

Segundo eles, a introdução do conceito de logística dentro dos hospitais e planos de saúde pressiona cada vez mais as empresas a buscarem alternativas de terceirização, que por sua vez resultem na formação de mais um nicho de atuação para os Operadores Logísticos e as transportadoras.

Em paralelo – ainda segundo Souza e Motta –, a descentralização das entregas, visando atender ao pequeno varejo, também é uma forte tendência no segmento que, através deste movimento, busca maiores rentabilidades e diferenciais, pressionando os parceiros logísticos, cada vez mais, a avaliarem a “substituição” da frota pesada por veículos leves – entregas mais pulverizadas e fracionadas.

“Outra forte tendência é pelo controle e gerenciamento da temperatura dentro de limites pré-definidos, pois requerem o desenvolvimento de embalagens e/ou veículos que assegurem a manutenção da temperatura dentro do range requerido. Podemos dizer que o setor apresenta grandes desafios para os players nele presentes, forçando-os cada vez mais a buscarem inovações”, completam os representantes da AGV Logística.

Pelo seu lado, André Prado, diretor geral da Atlas Transportes & Logística (Fone: 11 2795.3000), faz a análise destacando que o processo, os indivíduos e a tecnologia devem estar integrados em todas as atividades logísticas. “O processo é, talvez, o maior contribuinte para o sucesso ou o fracasso de qualquer operação farmacêutica, e a aplicação de tecnologias como código de barras e etiquetas inteligentes vem a contribuir para um processo mais eficiente”, ressalta.

Já para Giuseppe Lumare Júnior, diretor comercial da Braspress Transportes Urgentes (Fone: 11 2188.9000), muitas empresas tendem a terceirizar, principalmente, o armazenamento dos produtos farmacêuticos. “Com o advento dos denominados produtos genéricos, existe um interessante aumento do número de referências manipuladas, o que supõe a necessidade de disponibilizar espaços superiores aos utilizados em décadas anteriores. Em termos de distribuição, os produtos são enviados com velocidade absoluta, diminuindo a necessidade de disponibilização de estoques nas farmácias e hospitais”, complementa Sidelcio Munhoz, diretor comercial da DVA Express (Fone: 11 2319.2001).

Geraldo J.F. Correa, diretor comercial do Mira Transportes (Fone: 11 2142.9000), também foca a questão dos genéricos. Segundo ele, uma das grandes tendências é a proliferação dos pontos de venda e o crescimento do setor, que ganha com a ampliação da produção de genéricos e outros itens. “Cada vez mais, o setor farmacêutico exige de seus fornecedores de transporte a qualidade total, o erro mínimo e a pontualidade das entregas”, salienta.

Forte expansão do mercado farmacêutico devido ao lançamento de novos produtos, sobretudo os medicamentos genéricos, contribuindo, assim, com o crescimento exponencial dos volumes transportados e armazenados.

A avaliação agora é de Rodrigo Martins, gerente da divisão Farma do Rodoviário Ramos (Fone: 11 2955.1561), para quem, outras tendências são a implantação de sistemas para total rastreabilidade dos volumes farmacêuticos do começo ao fim da cadeia logística e o aumento das exigências legais por parte dos órgãos competentes e dos tomadores de serviços.

Para Cláudia Guimarães, diretora comercial do Grupo TPC (Fone: 11 3572.1700), existe forte tendência de aumento da venda fracionada, além de tendências ao e-commerce, controle de lote unitário, unitarização e fracionamento.

Marcio Fontes, diretor comercial da Ímola Transportes (Fone: 11 4689.9100), destaca que a tendência é de que todas as empresas que se dispõem a transportar estes produtos possuam capacitação técnica e operacional, seguindo rigorosamente a legislação vigente, mantendo, acima de tudo, as “Boas Práticas de Transporte”.

“Como os requisitos operacionais são severos, a tendência é que os fornecedores de logística e transportes se especializem cada vez mais neste segmento, dadas as oportunidades de crescimento que o mesmo revela”, acrescenta Altamir F. Cabral, diretor comercial da Via Pajuçara Transportes (Fone: 11 3585.6900).

Ana Cristina de Almeida Miaço, do departamento comercial da Libra Logística (Fone: 11 3563.3600), também aborda a questão de adaptação às características próprias deste segmento e as suas necessidades, desenvolvendo habilidades para transformar suas instalações em parte da indústria farmacêutica.

Rodrigo Ivo Pereira Duarte, gerente comercial da Transportadora Lagoinha (Fone: 62 3545.6333), salienta que tem crescido o número de indústrias com a tendência em ter um estoque avançado de itens, como insumos farmacêuticos, próximos de seus clientes, principalmente de produtos e insumos com origem estrangeira. “É frequente observarmos indústrias farmacêuticas em plena atividade de expansão de fábricas e armazéns, o que indica a tendência de crescimento em vendas e, consequentemente, em serviços a oferecer.”

Aline Pereira Gomes, coordenadora de operações da Wilson, Sons Logística (Fone: 21 3504.4308), aponta como tendências o transporte climatizado e a rastreabilidade por unidade de venda.

Mauricio Candal, diretor-presidente da TSV Transportes e Logística (Fone: 62 4012.5353), ressalta a pulverização dos serviços para grandes centros/regiões consumidoras, enquanto a análise de Patricia Cardozo da Silva, coordenadora de licitações da R.V Consult Transportes e Logística (Fone: 11 2404.7070), vai por um caminho diferente. Diz ela: “atualmente, a Administração Pública exige a figura do Operador Logístico, ou seja, o responsável pelo recebimento dos produtos diretamente dos fornecedores, armazenamento de todos os produtos, manuseio, expedição e distribuição dos medicamentos aos diversos postos de saúde, hospitais e até mesmo diretamente ao paciente. Responsável até mesmo pelo controle e pela geração de relatórios para a aquisição do estoque de produtos farmacêuticos, e isto já é uma tendência”.

Outra análise diferenciada é de Ítalo Costa, gerente regional de contas América Latina – Segmento de HelthCare da Schenker do Brasil Transportes Internacionais (Fone: 11 3318.9000). Segundo ele, pelo fato de existir a pressão por redução de custo, há uma tendência na migração dos embarques aéreos para o marítimo – principalmente em contêineres refrigerados.

NOVIDADES

Atrelada à questão das tendências, temos também as novidades no setor: novos equipamentos, novas operações, etc.

“A automatização das operações passa a ser mais avaliada pelos prestadores de serviço e, em contrapartida, também é avaliada a perda de flexibilidade e dinamismo decorrente de tal automação. O tracking online, que proporciona o posicionamento do pedido em cada fase da cadeia logística, deixa de ser diferencial e passa a ser requisito. A tecnologia de voice-picking passa a ser considerada para operações de elevado fracionamento, que visam a atender à logística dos hospitais e grandes redes de drogarias. Os investimentos em Tecnologia da Informação nunca deixaram de ser uma novidade para o setor, pois buscam integrar os diferentes elos envolvidos na cadeia do produto, além de suportar a serialização dos medicamentos”, destacam Souza e Motta da AGV Logística.

Automatização, como novidade no setor, também é destacada por Prado, da Atlas. Ele diz que nos grandes distribuidores dos Estados Unidos e da Europa esse setor passou por verdadeiro processo de industrialização. Armazéns automáticos, como do Walgreens, nos Estados Unidos, possuem tecnologia embarcada em todos os processos de recebimento, picking e packing.

“A intervenção humana se limita a coletar o produto que foi orientado pelo sistema, seja ele um avançado sorter, que faz a gestão da montagem de pedidos e encaminhando até a doca, passando por veículos de coleta automáticos controlados por tecnologia GPS e utilização da tecnologia RFID na gestão da movimentação das mercadorias no armazém, embarque e entrega ao cliente final.”

Munhoz, da DVA Express, faz uma análise semelhante das novidades. De acordo com ele, o setor passa por constante evolução e, na área de preparação de pedidos, por exemplo, existem equipamentos extremamente modernos, que facilitam a preparação do pedido final e, principalmente, proporcionam precisão. “Outra novidade envolve os Centros de Distribuição refrigerados”, completa Candal, da TSV Transportes e Logística.

Já Ana Cristina, da Libra Logística, diz que, por tratar-se de um setor que, desde sua pesquisa e desenvolvimento para novos produtos, emprega alto valor em tecnologia, as principais novidades consistem em fornecer tecnologia de informações on-line e em tempo real com segurança, a fim de proporcionar transparência e agilidade nas operações logísticas.

“O setor de transportes para produtos farmacêuticos conta com tecnologias avançadas, como a baixa de CTes (Conhecimento eletrônico) via celular, sistemas de rastreabilidade com leitura de código de barras, novos equipamentos de aferição de peso e medida de volumes e investimentos em estruturas operacionais com áreas devidamente segregadas e climatizadas”, destaca Martins, do Rodoviário Ramos.

Por sua vez, o gerente regional de contas da Schenker lembra que, pelo fato de a rastreabilidade ser fundamental durante toda a cadeia de suprimento, as principais novidades têm sido o lançamento de equipamentos para rastreamento do embarque através da tecnologia GPS. “Alguns modelos, inclusive, são capazes de capturar a temperatura do ambiente e até mesmo mensuram o stress sofrido durante o trajeto”, explica Costa.

Mais automatização como novidade do setor farmacêutico é apontado por Raul R. Maudonnet, diretor de vendas da Transportadora Americana (Fone: 19 2108.9000). Neste contexto, ele cita o sistema de conferência eletrônica de carga, cujo objetivo principal é organizar os carregamentos para que deixem de ser conferidos manualmente e passem a ser de forma eletrônica, através do código de barra.

Os benefícios são inúmeros, como eliminação de erros por extravios, ganho de velocidade e maior produtividade, segundo ele.

Finalizando esta análise, Aline, da Wilson, Sons Logística, acrescenta mais alguns itens à lista de novidades: coletor de dados para leitura bidimensional; adequação dos selos para rastreabilidade; e caminhões climatizados.

DIFERENCIAL DA LOGÍSTICA NO SETOR

Pelo que se pode notar nas tendências e novidades relativas ao segmento farmacêutico, este setor apresenta algumas características peculiares que o diferenciam bastante dos demais.

“O segmento farmacêutico é bem particular e com elevados níveis e padrões de exigência, muito diferente dos demais business que encontramos no mercado”, avaliam Souza e Motta, da AGV Logística.

Segundo eles, a criticidade no manuseio e cuidados com os produtos são fundamentais, uma vez que se está lidando com vidas. “Dentro do segmento farmacêutico temos nichos que possuem diferentes tratamentos, mesmo atuando dentro de um mesmo mercado. Por exemplo, temos empresas que atuam com medical devices usados em cirurgias, como marca-passos, cateteres, pâncreas eletrônicos, dentre outros, que, por sua vez, configuram um tratamento logístico regido por urgências e sem espaços para falhas. Temos, também, empresas que focam seus negócios no varejo e redes que são marcadas por grandes volumes de carga, veículos carregando elevados valores e necessidade de escolta e agendamento de entregas. Há, também, um nicho focado em órgãos governamentais, que necessita de um processo de carimbagem nas unidades vendidas, elevados níveis de atendimento e desempenho, além dos prazos curtos entre a definição da concorrência pública e a entrega do produto.”

O gerente de desenvolvimento de negócios e o diretor de negócios da AGV Logística também salientam que outro escopo bem específico do mercado farmacêutico é a logística de materiais promocionais, que possuem como destino final, na sua maioria, a residência dos representantes de vendas de cada laboratório. As entregas destes “ciclos promocionais” são fundamentais para o cumprimento do plano de negócio dos laboratórios, visto que o produto envolvido nada mais é que a ferramenta de trabalho, promoção e divulgação dos medicamentos a serem comercializados e prescritos.

“Em suma, podemos afirmar que é um segmento bem único, regido por elevadas cifras. O segmento está no centro de atenção da mídia e possui vasta relação de particularidades, bem como uma forte responsabilidade, já que estamos lidando com vidas”, completam Souza e Motta.

Munhoz, da DVA Express, faz análise pelo mesmo foco. “A diferença básica da logística aplicada ao setor farmacêutico está no fato inicial de que ela exige uma atenção redobrada. Por detrás de cada movimento realizado pelos Operadores Logísticos e as transportadoras está uma vida humana que utilizará, em última análise, os materiais preparados em um armazém logístico. Portanto, as atividades desenvolvidas são objeto de constantes registros, desde, por exemplo, o rigoroso controle do lote dos produtos manipulados, quarentena de materiais produzidos, etc. A precisão na logística aplicada ao setor farmacêutico deve ser absoluta”, pondera.

“Para apontarmos as diferenças na logística, é importante conhecer primeiramente as principais características dos produtos movimentados neste setor. São produtos muitas vezes de alto valor agregado, sensíveis à temperatura, luminosidade e umidade e que dependem de licenças de importação para proceder com os transportes.”
A análise, agora, é de Costa, da Schenker. Ainda segundo ele, para que todos estes requerimentos sejam cumpridos é fundamental que o prestador de serviço logístico tenha o conhecimento necessário para o manuseio e o tratamento correto, não comprometendo a integridade do produto. O canal de comunicação e o fluxo das informações são primordiais para que não ocorra ruptura na cadeia de suprimento.

Por sua vez, Prado, da Atlas, lembra que a gestão da cadeia de suprimentos na indústria de medicamentos e correlatos exige de seus agentes um efetivo rastreamento e controle de processo em todas as suas etapas. Estas ações se iniciam na gestão dos insumos (que muitas vezes são importados), passam pelo armazenamento das matérias-primas e produtos acabados, pelos processos produtivos, pelo transporte inbound e outbound, finalizando na entrega ao cliente final. “Todas essas etapas devem cumprir suas legislações específicas e garantir a integridade do produto durante toda a cadeia, o que gera um aumento de complexidade e necessidade de expertise adquirida para operar no setor”, destaca.

Fontes, da Ímola, também diz que o segmento farmacêutico é totalmente distinto dos demais no que tange às peculiaridades de todas as etapas da operação. “No quesito prazo de entrega, os hospitais não possuem estrutura para estocagem de medicamentos, por isso os pedidos são feitos cada dia mais de forma fracionada, obrigando, assim, os fornecedores de transporte a cumprirem rigorosamente os prazos de entrega pré-estabelecidos, independendo das adversidades atuais para distribuição urbana.”

Outro ponto extremamente relevante – ainda segundo o diretor comercial da Ímola – é o rigoroso cumprimento aos atuais PGRs (Planos de Gerenciamento de Riscos). Por se tratar de uma carga extremamente visada, entre as primeiras em atratividade para o crime organizado, os investimentos devem ser maciços e as prevenções devem envolver, além de equipamentos de última geração, ações inteligentes e planejadas.

Por seu lado, Cláudia, do Grupo TPC, destaca que o segmento farmacêutico, além das licenças pertinentes ao setor e adequações de estrutura por exigências de órgãos, necessita de alto grau de especialização e padronização de processos logísticos. Controle de lote e validade, controle de temperatura e umidade, controle de embalagens devido ao pequeno tamanho da unidade de manipulação, cuidado com produtos frágeis, diversas legislações a serem seguidas (Ex: Controlado, inflamável, termolábeis, etc.), controle de princípio ativo e itens comerciais diferentes com multiplicidades e apresentações diferentes e SKUs sem EAN para diversos materiais médico-hospitalares são algumas das exigências.

“O segmento exige licenças ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, envolvendo infraestrutura de frota e filiais com salas, processos e profissionais preparados, como farmacêuticos responsáveis”, completa Odair Bernardi, gerente nacional de vendas da MTR Transportes (47 3321.2100).

Martins, do Rodoviário Ramos, também lembra que a empresa que atuar no segmento farmacêutico deverá cumprir todos os requisitos legais perante aos órgãos competentes (ANVISA). Dentre elas autorizações e licenças de funcionamento para transportar ou armazenar produtos de interesse à saúde, infraestrutura diferenciada, área segregada com monitoramento de temperatura e umidade, contentores metálicos identificados para guarda temporária dos produtos, higienização, plano anual de treinamentos, veículos novos e devidamente regularizados, além de responsável técnico habilitado. A empresa atuante neste segmento deve se atentar aos manuais e procedimentos de avarias, extravios e incompatibilidade da carga, assunto este de extrema importância, para garantir a integridade física dos produtos e a saúde da população.

“A grande responsabilidade com a integridade dos produtos, o comprometimento com os prazos de distribuição e, devido ao alto valor agregado das cargas, a segurança e o monitoramento das operações são itens cruciais para o transporte e a logística neste segmento”, destaca Correa, do Mira.

Já a análise das diferenças da logística farmacêutica feita por Maudonnet, da Transportadora Americana, envolve diversos itens: existem poucas empresas de logística especializadas nesse segmento, capazes de desenvolver, implantar e operar soluções de maior alcance e complexidade; operação com alta complexidade na estocagem e no picking (separação de pedidos), exigindo operação sob temperatura controlada e autorização de funcionamento da ANVISA; infraestrutura diferenciada, automatizada ou semimecanizada para a movimentação e armazenagem de mercadorias em diferentes lotes (paletes, caixas e unidades); utilização de soluções WMS, código de barras e RFID; rastreabilidade das mercadorias; solução de segurança patrimonial de alto nível; mercadorias altamente sensíveis; produtos de diferentes valores agregados (alguns muito caros e outros muito baratos); projetos logísticos (desenvolvimento de embalagens por exemplo); montagem de kits; e logística reversa.

Aline, da Wilson, Sons Logística, também faz uma lista das diferenças na logística farmacêutica: controle de temperatura, controle de umidade, controle de pragas, rastreabilidade dos lotes, controle de validade do produto, licenças da VISA e ANVISA e segregação de área para produtos específicos: medicamentos, produtos para saúde, cosméticos e medicamentos controlados pela portaria 344.

Tatiana Rodrigues Rebequi, farmacêutica da Gat Logística (Fone: 11 2488.2033), lembra, por outro lado, que a busca de informações para desenvolvimento e adequação de processos em logística farmacêutica é algo recente. Isso se deve à necessidade do mercado em aperfeiçoar-se e estar capacitado em atender a um segmento diferenciado, pois lida com a saúde, e em evolução: o de produtos farmacêuticos e saúde. “No final da década de 1990, com a criação da ANVISA, estabeleceram-se normas sanitárias especificas para armazenagem e o transporte de medicamentos e insumos farmacêuticos. O grande diferencial é que o profissional farmacêutico passou a ser o responsável e qualificado para acompanhar todo o processo de armazenagem e de distribuição de medicamentos”, explica Tatiana.

No caso da R.V Consult, como a empresa contrata apenas com a Administração Pública, seus contratos têm origem em certames licitatórios e deve cumprir exatamente o que é exigido no Edital e anexos, a operação é extremamente rigorosa e, em algumas situações, burocrática. “Além disso, o setor farmacêutico exige a apresentação de diversas autorizações específicas, contratação de seguro, gerenciamento de risco, inspeções diárias nos veículos e armazéns, treinamento contínuo de funcionários e contratações de profissionais como farmacêuticos, enfermeiros e até mesmo o parecer de médicos e profissionais ligados à área da saúde”, finaliza Patricia.

Gargalos na logística do setor são vários

N o setor farmacêutico, os gargalos são muitos, como falta de infraestrutura aérea e rodoviária, restrições de horários nas grandes capitais e falta de profissionais qualificados. As soluções? Elas envolvem investimento em infraestrutura, em treinamento e equipamentos para melhorar o nível dos serviços prestados.” A análise acima é de Saulo de Carvalho Junior, presidente da Anfarlog – Associação Nacional de Farmacêuticos Atuantes em Logística (Fone: 17 9728.2640).

Juntamente com Sonja Helena Madeira Macedo, vice-presidente da entidade, ele continua a sua análise. “A logística farmacêutica é extremamente especializada, devido ao fato de que os produtos precisam manter sua eficácia, estabilidade e integridade até chegarem ao consumidor final.”

Sobre as exigências específicas do setor, os representantes da Anfarlog ressaltam que a empresa precisa ter as autorizações de funcionamento emitidas pela ANVISA, Cadastro/Licença de Funcionamento emitida pelas vigilâncias sanitárias locais e ser inscrita no Conselho Regional de Farmácia, pois precisa de um responsável técnico farmacêutico para que se possa cumprir com eficiência o que preconiza as “Boas Praticas de Armazenagem, Distribuição e Transporte”.

“Este mercado está crescendo e se especializando muito, buscando a excelência dos serviços prestados. E, neste contexto, as novidades ficam na área de climatização, tanto de veículos quanto de terminais, visto que o medicamento precisa ficar em ambiente monitorado e, às vezes, controlado, e na parte de embalagens, inclusive com embalagens térmicas e blindadas com tecnologia de rastreabilidade”, concluem os representantes da Associação.

Exigências do setor farmacêutico

• Elevados padrões de qualidade que regem 100% da cadeia do produto;

• Flexibilidade e agilidade para atender às urgências que o negócio demanda;

• Experiência prévia com o tipo de produto e logística em questão;

• Conhecimento da logística tributária que envolve as operações dos laboratórios, bem como saúde e capacidade financeira de atender aos elevados investimentos requeridos pelo segmento;

• Grande investimento em infraestrutura, como refrigeração de veículos e armazéns, câmara fria, equipamentos de manuseio e software para roteirização e gerenciamento do armazém;

• Atender à ANVISA e aos Conselhos de Farmácia (Federal e Regional), que possuem normas específicas para garantir a qualidade dos produtos, entre elas a Portaria nº 1052, de 29/12/98, que aprova a relação de documentos para habilitar a empresa prestadora de serviços logísticos, e a Resolução nº 329, de 23/07/99, que institui o roteiro de inspeção;

• Os estabelecimentos que produzem, importam, transportam, distribuem, manipulam e dispensam os produtos sob vigilância sanitária necessitam de Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) Lei nº 6.360/1976 e Autorização Especial (AE) SVS /MS 344/98, emitidas pela ANVISA;

• Licença ou alvará sanitário emitido pelas Vigilâncias Sanitárias locais;

• Autorização de funcionamento e, em caso de produtos psicotrópicos, autorização especial;

• Certificado do Exército, da Polícia Civil e da Polícia Federal, pois alguns insumos e medicamentos são controlados por esses órgãos também;

• Licenças da CETESB e do IBAMA também são necessárias;

• Informações via EDI;

• Responsável técnico com registro no Conselho Regional de Farmácia;

• Atender às “Boas Práticas de Transporte e Armazenagem” através das legislações sanitárias;

• Área com temperatura controlada e higienizada, utilizando o conceito de “sala limpa”;

• Grande atenção aos Planos de Gerenciamento de Risco;

• Rastreamento 24 horas;

• Monitoramento de temperatura e umidade dos veículos;

• Performance operacional alta e regular;

• Nível de não-conformidades próximo de zero;

• Área segregada/climatizada para acondicionamento dos produtos de interesse à saúde;

• Atendimento com equipe especializada para suprir as particularidades desses clientes;

• Cumprimento do “target” de performance de entrega previamente acordado;

• Monitoramento das entregas agendadas;

• Devoluções das cargas somente com autorização do tomador de serviço;

• Sistema de WMS validável.

 

Distribuidores de laboratórios vão investir em CDs automatizados

O principal diferencial que o canal farma tem hoje é a rapidez nas entregas. Nos grandes centros são realizadas duas entregas diárias e, na grande maioria dos municípios, os pedidos são recepcionados até 20 horas e as entregas são feitas até o meio-dia do dia seguinte.”

A análise é de Geraldo Monteiro, diretor executivo da Abradilan – Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Fone: 11 5533.5305). E, ainda segundo ele, atualmente, grande parte do abastecimento de medicamentos depende, prati­camente, do transporte rodoviário, tornando o desenvolvimento de um sistema da qualidade item primordial.

“Durante as etapas de operacionalização da carga, a forma de acondicionamento e embalagem, condição do baú do veículo, quantidade de volumes e equipamentos utili­zados, distância do trajeto, duração de viagem e de carre­gamento/descarregamento podem influenciar diretamente na perda da eficácia do produto, em virtude da oscilação de temperatura. Outros fatores devem ser considerados: a extensão territorial brasileira, as condições das estradas e a complexidade da infraestrutura básica do setor de trans­porte rodoviário de carga, além das condições climáticas das diferentes regiões do país”, diz Monteiro, referindo-se às exigências específicas do setor.

Com relação às tendências, em termos de logística, o diretor executivo da Abradilan ressalta que a terceirização de atividades nas empresas e o foco no core business fazem com que os setores de logística e transportes sejam cada vez mais exigidos em profissionalizarem-se. “O crescimento da economia nos próximos anos e o desembarque de indústrias de todos os segmentos em um país de dimensões continentais trarão grandes oportunidades ao setor, ao mesmo tempo em que promoverão ameaças às empresas de logística e transportes que não estiverem preparadas para operar nesse cenário, onde ‘qualidade’ significa garantia de prazos com ênfase em planejamento, garantia da integridade do transporte obtida através de padronização dos processos de logística e qualificação dos profissionais, além de custos competitivos, obtidos pela eliminação de desperdícios e redução de riscos.”

Monteiro acredita que cada vez mais o mercado exige foco em serviços em todas as etapas, por isso entende que o varejo concentrará seus esforços em serviço aos consumidores, investindo em lojas com layouts modernos e atuais. Por outro lado, os distribuidores investirão em Centros de Distribuição automatizados e informatizados (flow-rack, esteiras, WMS, etc.) para atender à demanda, que é crescente.

Segundo enquete realizada pela Abradilan, em termos de investimentos para 2012, 38,9% dos distribuidores associados à entidade pretendem investir na ampliação do Centro de Distribuição e qualificação da equipe, 33% vão investir na qualificação da equipe, enquanto 16,7% pretendem investir somente na ampliação do Centro de Distribuição.

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