Sem incentivo, venda de caminhões deve ficar estável em 2011

Publicado em
22 de Outubro de 2010
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As vendas domésticas de caminhões no próximo ano deverão permanecer estáveis em relação a 2010, apesar da manutenção de fundamentos positivos de mercado e da adoção, obrigatória a partir de 2012, da norma de controle de emissões veiculares Euro 5. A nova norma deverá resultar em antecipação de encomendas desse tipo de veículo, especialmente ao longo do segundo semestre, diante do receio de aumento de preços.

É consenso entre as montadoras que o mercado de veículos comerciais leves e pesados tem viés de alta no curto e médio prazos. Porém, com o fim de importantes medidas de estímulo, como a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e das taxas reduzidas de linhas como Procaminhoneiro e Finame PSI - atualmente em 4,5% ao ano voltariam para 8% - , os fatores positivos deverão ser anulados no próximo ano e a aposta é a de vendas domésticas estáveis, em torno de 160 mil unidades, com retomada do crescimento em 2012.

Para o presidente da Iveco Latin America, Marco Mazzu, haveria margem para expansão entre 5% e 10% nas vendas domésticas caso fossem mantidas, durante o próximo ano, a isenção fiscal e as condições mais favoráveis do Programa BNDES de Sustentação do Investimento (BNDES PSI). "A economia brasileira vai crescer, a safra agrícola será boa, construção e mineração vão muito bem e haverá o efeito de pré-compra por causa do Euro 5", enumera o executivo. "Mas isso deve ser compensado."

Na avaliação do gerente da área de caminhões pesados da Volvo, Bernardo Fedalto, a manutenção das atuais condições de financiamento não deveria ser considerada como "ajuda" ao setor. "Isso é uma necessidade. Não se pode pensar no negócio de caminhões sem financiamento, que é a grande alavanca de crescimento desse setor e atuante em até 80% da produção", diz. Para o executivo, a mudança nas condições do mercado doméstico deverão direcionar um maior volume da produção para outros países, com incremento das exportações em 2011.

Foram justamente a isenção de IPI para caminhões e tratores, que acabou prorrogada até dezembro, e a vigência das taxas diferenciadas das linhas do BNDES PSI que impulsionaram o mercado neste ano. Segundo dados da Iveco, a produção nacional de caminhões, com mais de 2,8 toneladas, deverá alcançar 175 mil unidades. Dessas, entre 155 mil e 160 mil deverão ser comercializadas no mercado doméstico, com alta de 36% frente aos 114 mil veículos vendidos internamente em 2009. As exportações deverão ultrapassar as 15 mil unidades, com taxa de expansão superior a 100%. "Vemos o mercado de forma bastante otimista e o crescimento, especificamente para a empresa, deve ficar na casa de dois dígitos a partir de 2012", afirma o presidente da Iveco.

O prognóstico positivo deverá se refletir em uma nova rodada de investimentos no parque fabril brasileiro. A Iveco deve anunciar, em breve, seu plano de investimentos para o quinquênio que se inicia em 2012, com "aportes significativos para o país". De acordo com o Mazzu, os R$ 570 milhões previstos no plano atual deverão ser superados. Hoje, a fabricante de caminhões formada por Navistar International Corporation e Caterpillar, a NC 2, anunciará o início das operações no país - há expectativa de que a joint venture tenha produção local - e fabricantes de autopeças já sinalizaram a necessidade de investir em ampliação de capacidade.

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