Sem apoio, greve dos caminhoneiros fracassa no país

Publicado em
26 de Julho de 2012
compartilhe em:

O próprio MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), entidade organizadora da greve, reconheceu a mobilização parcial no país

Sem apoio dos sindicatos dos caminhoneiros, a paralisação da categoria iniciada ontem em todo o país fracassou. O próprio MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), entidade organizadora da greve, reconheceu a mobilização parcial no país.

Durante o dia de ontem, Nélio Botelho, presidente do MUBC, admitiu o fracasso do movimento e disse que a continuidade da mobilização dependia de lideranças locais.

Em São Paulo, o transporte rodoviário foi feito normalmente. Na região Sul, principalmente no Paraná, lideranças ligadas à entidade chegaram a fechar algumas rodovias secundárias.

A categoria protestava contra o cartão-frete e a lei que institui o controle de jornada implementadas pela ANTT.

Paralisação de caminhoneiros ocorre sem transtornos no Estado (Jornal do Comércio - RS)

Segundo avaliação da PRF, não houve redução significativa na circulação de caminhões nas rodovias gaúchas

A greve geral dos caminhoneiros iniciada ontem e capitaneada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) não implicou maiores impactos no tráfego das rodovias gaúchas. O chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul, Alessandro Castro, informa que o único protesto mais intenso até o final da tarde de ontem ocorreu na BR-392, entre Pelotas e Rio Grande, quando cerca de 30 caminhoneiros tentaram bloquear a estrada e forçar caminhões a pararem em um posto de combustível. Os pneus de um veículo foram furados.

Nesse caso, foi necessária a intervenção da Polícia Rodoviária Federal para que os manifestantes não interrompessem o fluxo de veículos pesados. Houve outras ações espalhadas pelo Estado, mas sem interrupção do trânsito. Castro diz que foi possível perceber uma pequena redução da circulação de caminhões, porém o chefe de comunicação acrescenta que, normalmente, no Dia dos Motoristas (celebrado ontem) é comum se verificar uma diminuição, já que esses profissionais costumam realizar confraternizações. Castro acrescenta que o fato de a Justiça Federal ter concedido liminar proibindo a interrupção das rodovias facilitou que a tranquilidade no trânsito fosse preservada.

Em Minas Gerais, houve quatro protestos em pontos diferentes, com interdições parciais de rodovias federais. Segundo a PRF, caminhoneiros fecharam parcialmente o trecho leste da BR-381, próximo a João Monlevade, e também o sentido Rio de Janeiro da BR-040, em Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte). No Centro-Oeste e no Sul mineiro também foram registrados protestos, porém com menor intensidade. No Espírito Santo, segundo a PRF, os grevistas fizeram bloqueios em pelo menos três pontos da BR-101.

No Paraná, o setor mais atingido pela greve dos caminhoneiros foi o de cargas agrícolas, cujo transporte depende quase que exclusivamente de motoristas autônomos, promotores da paralisação. Na rodovia que leva ao porto de Paranaguá, por exemplo, um dos principais portos graneleiros do País, a queda no fluxo de caminhões foi de 38% em relação ao dia anterior, de acordo com a concessionária Ecovia. Já no interior do estado, cujas rodovias levam ao Paraguai e ao Mato Grosso (grandes produtores de grãos), houve queda de até 30%. A redução foi maior durante a manhã, já que muitas transportadoras preferiram segurar os caminhões nos pátios até o meio-dia para garantir que não haveria tumultos ou piquetes, o que acabou não ocorrendo.
O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fecam), Eder Dal’Lago, destaca que a sua entidade é contrária a esse tipo de greve. “E pelo o que eu vi, os motoristas de caminhão, pelo menos no Rio Grande do Sul, não estão parando”, afirma o dirigente. Ele argumenta que o movimento não tinha uma pauta de reivindicação satisfatória. O MUBC reivindica a reavaliação por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de algumas novas normas que regem o setor de transporte de cargas. “Hoje temos uma lei que regulamenta a profissão, tem que ser melhorada, mas não é assim que se faz, temos que negociar, e a ANTT está aberta para isso”, relata Dal´Lago. O presidente da Fecam acredita que a greve não terá uma longa duração.

Organizadores avaliam que adesão de motoristas à greve nacional foi representativa - Em nota publicada às 13h de ontem no site do MUBC, o presidente da entidade, Nélio Botelho, comentava que, devido ao fato de a maioria dos transportadores terem optado por parar seus veículos nas suas garagens, e pela permanência de tráfego de caminhões em diversas rodovias, “dá a impressão de não ter havido a adesão prevista, o que parece ser verdadeiro”. Ele prossegue dizendo que “muitos dos que estão parados já estão inclinados a voltar a rodar, o que não seria bom para o que foi programado”. Às 18h35min nova nota diz que, à tarde, aumentaram muito as adesões.

Apesar da declaração inicial de Botelho, o representante do MUBC na grande Porto Alegre, Osmar Lima, sustenta que de 80% a 100% dos caminhoneiros autônomos gaúchos pararam as atividades. Conforme o dirigente, essa categoria atinge de 60 mil a 80 mil pessoas. Lima enfatiza que a ideia era de realizar uma manifestação pacífica, sem bloqueio de rodovias, e esse objetivo foi atingido. “Não houve bagunça”, reitera. Lima defende que o governo federal precisa dar mais valor a essa classe de trabalhadores e adianta que a mobilização não tem previsão para acabar. “Faço o apelo para que os autônomos continuem parados para conquistarmos os nossos direitos, só vamos pensar em movimentar alguma coisa a partir da segunda-feira”, salienta. Existe a possibilidade de que uma passeata de caminhões seja realizada hoje, em Porto Alegre, para chamar a atenção para as exigências do movimento.

Paralisação reduz 30% do tráfego de caminhões em BRs (Diário de Cuiabá-MT)

Na Capital, eles interromperam as atividades e prometem só voltar às estradas quando a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atenderem as reivindicações da categoria

Ontem, Dia dos Motoristas, insatisfeitos com a Resolução 3056/09 da Lei 12.619, caminhoneiros realizaram piquete em vários pontos das rodovias brasileiras. Em Mato Grosso, o protesto aconteceu em dois pontos distintos da BR-364, sendo um em Cuiabá e o outro em Rondonópolis.

Na Capital, eles interromperam as atividades e prometem só voltar às estradas quando a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atenderem as reivindicações da categoria. A estimativa da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é que o movimento reduziu em 30% o tráfego de carretas.

Publicada no Diário Oficial da União em abril deste ano, a lei regulamentou o exercício de motorista no Brasil e alterou artigos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e do Código de Trânsito Brasileiro, regulando e disciplinando a jornada de trabalho e o tempo de direção do motorista profissional.

Porém, caminhoneiros se dizem prejudicados. Por isso, cobram a revogação da resolução. Para eles, a lei impõe carga horária incompatível com a atividade. A lei prevê para o motorista empregado repouso de 11 horas a cada 24 horas, refeição de uma hora, jornada de trabalho de 8 horas e pode fazer até duas horas extras, além de repouso semanal. Nas viagens de longa distância deve-se cumprir de forma complementar um intervalo para descanso de 30 minutos a cada 4 horas de direção, além do repouso semanal.

Segundo o movimento, a medida propiciou a inclusão, no mercado de fretes, de milhares de transportadores, provocando concorrência desleal e ilegal e ocasionando fretes extremamente defasados. Na maioria dos casos, não cobre nem os custos de manutenção dos veículos.

No Estado, de acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Sorriso e representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Walter Joner Pereira Souza, informa que o valor pago em média pelo frente entre Sorriso e Alto Araguaia estava em R$ 78,00. “Agora, estão pagando R$ 100,00 por causa do nosso movimento”, informou.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.