“Se cortar custos é inevitável, pense bem antes de fazê-lo”,

Publicado em
02 de Junho de 2016
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Especialista da TOTVS alerta para as consequências das medidas de corte de custos adotadas em tempos de crise

Diante de um cenário econômico retraído, aumentam as pressões por corte de custos. Esta foi a tônica de 2015, e está afetando todos os setores da economia brasileira, uma vez que, embora a eficiência nos custos seja fundamental para enfrentar mercados competitivos, é preciso cuidado e inteligência ao cortar despesas.

O diretor de Operações e Supply Chain da TOTVS Consulting, Alexandre Furigo, constrói uma analogia do mercado com as empresas de siderurgia que, mesmo em períodos de baixo crescimento, procuram manter seus altos-fornos funcionando. “Ligar o equipamento novamente é um processo caro e complexo. Por isso, se não se trata de manutenção programada, a decisão só é tomada em último caso”, diz Furigo.

Segundo o executivo, o mesmo deveria valer para cortes de custos na cadeia de suprimentos de uma empresa. “Para que a redução de gastos seja eficaz, é preciso ter uma visão estratégica, para que não haja risco de cortar algum custo que reduza o valor do produto e/ou serviço oferecido ao mercado”, explica.

Alexandre Furigo acredita que um bom gerenciamento de supply chain possa ajudar a empresa a encontrar um caminho. Segundo ele, há três elementos-chave para um controle estratégico de custos na cadeia de suprimentos: gerenciamento de demanda, de estoque e logística. Essas três áreas são suscetíveis a decisões erradas, e, por isso, Furigo aconselha que “a precisão das medidas deve ser cirúrgica”.

Veja as dicas do especialista em Supply Chain da TOTVS:

Olhar global - Boas práticas de supply chain indicam que a otimização de estoque pode reduzir de 15% a 30% o capital empatado em produtos acabados. Mas para que essa otimização funcione a contento, é preciso um bom planejamento de demanda, que permitirá trabalhar com estoques mais enxutos sem criar problemas operacionais, além de uma visão estratégica do departamento de compras. É preciso olhar para o custo total de qualquer produto ou serviço na cadeia de suprimento.

Releitura - O momento é de avaliar bem as operações e negociar com os fornecedores. Quais são essenciais e em qual volume? Quais podem ser reduzidos? Vale a pena diminuir o valor agregado de algumas compras? Reduzir o pacote de serviços agregados pelo fornecedor a determinado produto? Há outros fornecedores com capacidade ociosa no mercado? Uma avaliação estratégica permitirá cortar despesas não essenciais e ajudará a criar uma cadeia de suprimentos mais eficiente. Por outro lado, cortes equivocados podem desarticular uma rede de fornecedores e, quando a economia reaquecer, se a cadeia de suprimentos não estiver preparada, você pode perder o momento da recuperação.

Atenção à logística - O gerenciamento da demanda e dos estoques tem impacto direto sobre a logística, outro setor que pode ser otimizado para redução de custos. Porém, cuidado: reduzir a malha logística pode ser um risco. Afinal, quando a economia voltar a crescer você não conseguirá recompor a malha num prazo curto para atender seus clientes. O caminho da redução de custos em logística passa mais pelo bom aproveitamento da malha existente do que por seu eventual enxugamento. Uma estratégia viável, e com efeitos positivos no curto prazo, é assumir a gestão do sistema logístico, mesmo que a frota permaneça terceirizada.

A boa notícia, segundo Furigo, é que a reformulação do supply chain não precisa ser feita de uma vez só e pode se limitar aos pontos-chave da operação. “Os resultados serão sentidos no curto prazo. Uma otimização de estoques, por exemplo, traz benefícios visíveis em três meses. Já os ganhos proporcionados por um sistema de compras estratégicas, aliado ao gerenciamento de demanda, são capturados num período de dois a quatro meses”. Já para a logística, o executivo acredita que se devem priorizar as operações estratégicas, o que tende a gerar reflexos positivos no resultado em três meses. E acrescenta: “além de dar fôlego para atravessar 2016 com boa saúde financeira, essas medidas podem gerar ganhos de eficiência pelos próximos cinco ou dez anos”.

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