Schmall só prevê crescimento em 2016

Publicado em
16 de Outubro de 2014
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Presidente da Volkswagen prevê queda de 8% a 10% em 2014

PEDRO KUTNEY, AB

Para Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil, o tombo no mercado interno de veículos este ano já está dado: espera-se recuo das vendas de 8% a 10%. Para 2015 a expectativa é de estagnação, com números iguais ao deste ano. A volta do crescimento só é esperada para 2016. “Ainda existe muito potencial, 50% dos brasileiros não têm carro. Mas é necessário fazer ajustes para a economia voltar a crescer”, avaliou.

Ao defender medidas de estímulo ao setor no País, Schmall destaca a necessidade de mudar a legislação para retomada de carros financiados em caso de inadimplência – uma proposta já foi colocada em pauta pelo governo. “Sem isso adianta pouco liberar mais recursos para os bancos, que vão continuar restritivos porque não conseguem reaver a garantia do empréstimo. Nos Estados Unidos isso leva só dois dias para acontecer”, comparou.

Schmall também defende a adoção de um amplo programa de renovação de frota no País: “Isso faz o mercado girar, deixa as ruas mais seguras e ainda permite que metas de sustentabilidade sejam atingidas mais rapidamente, com redução das emissões”, elencou.

ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

Enquanto nada disso acontece, o fato é que a produção anda bem devagar nas quatro fábricas da Volkswagen no Brasil, afetadas não só pela baixa do mercado doméstico, mas também pelas exportações que caíram 38% este ano, afetadas especialmente pela falta de divisas da Argentina. Segundo Schmall, 35% das vendas externas da subsidiária brasileira da Volkswagen vão para o país vizinho.

Schmall calcula que a indústria atualmente trabalha com 25% de ociosidade. “Para sustentar todos que estão aqui precisaríamos de vendas acima de 15 mil unidades/dia, enquanto o mercado até a metade de outubro está em 12,7 mil/dia, um número que vem se mantendo nos últimos meses”, aponta.

Após anos seguidos de crescimento da produção, agora a Volkswagen precisa administrar os efeitos da queda. Reflexo disso são os 1,2 mil empregados em layoff, com os contratos de trabalho suspensos, nas fábricas paulistas de São Bernardo do Campo e Taubaté e na paranaense São José dos Pinhais. O afastamento por cinco meses termina agora em novembro. “O plano A é a volta dos volumes (com reintegração das pessoas) e o plano B é administrar custos”, diz Schmall. Ele confirma paralisações da produção em dezembro, em períodos diferentes de acordo com a necessidade de cada planta, mas em nenhum dos casos será pelo mês inteiro, como já anunciado por outras montadoras.

Para evitar demissões, Schmall defente que o governo considere a proposta apresentada pelos fabricantes, que prevê a extensão do prazo de layoff por mais cinco meses, nos moldes do modelo alemão de flexibilização dos contratos de trabalho (leia aqui).

ESTRATÉGIA

Sobre o desempenho das vendas da Volkswagen no Brasil, que vem perdendo participação este ano, foi ultrapassada pela General Motors em alguns meses e corre o risco de ver o Gol perder a posição de décadas de liderança de mercado, Schmall não reconhece problemas estratégicos. Para ele, o Gol seguirá na primeira colocação, mesmo com competição desigual diante de dois modelos diferentes do Fiat Palio (o antigo Fire e o novo) somados como um só para engordar o número – exatamente como fazia a Volkswagen com duas gerações diferentes do Gol, incluído o G4 na conta, que parou de ser fabricado no fim de 2013 e gerou o déficit.

“É preciso considerar que o Gol vende o dobro do que o novo do Palio. É errado comparar as vendas totais de dois modelos diferentes com apenas um nosso”, defende agora Schmall. Ele diz que até o fim do ano poderá lançar algumas novas versões do modelo para favorecer as vendas e manter a liderança histórica.

Para Schmall, o Up!, embora ainda seja apenas o 13º carro mais vendido do País, já cumpriu com sobras a missão de substituir o Gol G4 como opção de entrada da marca. “O Up! tem participação de 3,6% nas vendas de automóveis, enquanto o G4 tinha entre 2,7% e 3%. Mas ainda é uma novidade para a maioria dos consumidores, diferente de um Gol que todos conhecem. Por isso é natural o desempenho mais lento logo após o lançamento”, pondera o executivo.

Contudo, Schmall aposta que a estratégia adotada pela Volkswagen de produzir modelos globais no Brasil (o Up! é o primeiro e em 2015 chegam Jetta e Golf às linhas de produção nacionais) em breve começará a se pagar. “Com isso temos grandes ganhos de escala. Antes estávamos afastados da tecnologia mundial e isso acabou. Produtos globais aumentam a competitividade do carro brasileiro”, destaca.

Ele revela que novas oportunidades serão abertas para exportação. Um exemplo seria enviar o Up! brasileiro para o México, que não produz o modelo lá e tem condições viárias parecidas, o que favorece o trabalho de adaptação feito no Brasil. “Nosso Up! é muito melhor preparado para mercados assim”, indica.

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