Rota ao pacífico não é viável hoje para o caminhão brasileiro

Publicado em
04 de Outubro de 2013
compartilhe em:

Segundo Roberto Mira, para utilizar o caminho que vai de Corumbá ao Chile, é preciso terceirizar mão de obra boliviana

Nelson Bortolin

Apesar de toda asfaltada, a rota Corumbá até os portos do norte do Chile – atravessando a Bolívia – não é viável neste momento para o transportador brasileiro. A menos que seja terceirizada mão de obra de caminhoneiros bolivianos. A opinião é de Roberto Mira, presidente da Mira Transportes. Da sexta-feira (27) até a quinta-feira (3), ele integrou a comitiva de transportadores e produtores de Mato Grosso do Sul que percorreu todo o trajeto de cerca de 2.500 km. O grupo viajou em 26 caminhonetes.

A expedição deixou Iquique na quinta-feira e segue agora em direção ao Paraguai. Neste sábado (5), os empresários esperam ser recebidos pelo presidente daquele País, Horácio Cartes.

Brasileiros atravessam trecho rodoviário em recuperação próximo a La Paz

Brasileiros atravessam trecho rodoviário em recuperação próximo a La Paz

“Se você perguntar se temos condições de colocar nossos caminhões pesados hoje nesta rota, eu digo não, de jeito nenhum”, avalia Mira. Um dos principais entraves para o caminhão brasileiro chegar aos portos do Chile é o trecho de cerca de 300 km na Bolívia entre Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. Além de perigoso devido ao traçado e ao relevo, o asfalta está em péssimas condições.

Apesar disso, o presidente da Mira considera que a expedição foi exitosa. “A minha avaliação é de que foi extremamente positiva. Há mais de 30 anos se fala na saída para o Pacífico e precisávamos conhecer as condições de infraestrutura do caminho”, afirma.

O empresário é entusiasta da saída pelo Pacífico. Há 30 anos, ele transportava insumos agrícola para a Bolívia e resolveu se aventurar até o Porto de Iquique de carro. “Tinha alguns clientes meus que utilizavam esse porto para importar produtos. Resolvi conhecer o caminho. Rodei o trecho com uma autoridade boliviana. Era só cascalho”, recorda.

Caravana brasileira é recebida com festa em Iquique

Caravana brasileira é recebida com festa em Iquique

A expedição se tornou possível pelo fato de o governo boliviano ter concluído, há seis meses, com empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o asfaltamento da pista entre Corumbá e Santa Cruz de La Sierra. Naquele trecho, o pavimento é de concreto e está em perfeitas condições. 

Roberto Mira ressalta que há outros desafios, além do asfalto, a serem vencidos. Na Bolívia e no Chile, o limite máximo de carga líquida é de 25 toneladas, contra 37 do bitrem brasileiro. “Equacionar este problema não é tarefa fácil e depende da ação dos governos”, ressalta.

Para o empresário, hoje só seria viável utilizar essa rota se houver uma forma de terceirizar a mão de obra ao caminhoneiro boliviano. “Eu entregaria a soja para ele em Corumbá e ele iria levando aos poucos até o Chile”, afirma.

Mira não prosseguiu junto com a comitiva até o Paraguai. Mas acredita que a rota que passa pela cidade de Porto Murtinho (MS) seria mais interessante. Dali, são apenas cerca de 1.400 km até Iquique, cruzando o Paraguai e passando por um trecho menor ao sul da Bolívia. Mais curta, menos acidentada, a rota segue o Trópico de Capricórnio. O problema é que para viabilizá-la é preciso asfaltar 160 km na Bolívia e 400 no Paraguai, e construir  uma ponte sobre o Rio Paraguai.

Um assessor do governo paraguaio que acompanhou a expedição afirma que o presidente Cartes tem todo interesse em contribuir para viabilizar a rota. Por isso, a comitiva seguiu para Assunção.

 Clique aqui para ler mais sobre a expedição,

- A reportagem da Carga Pesada acompanhou a expedição até Iquique a convite da Scania e da Noma, duas das patrocinadoras da iniciativa.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.