Risco de apagão logístico preocupa produtores agrícolas

Publicado em
14 de Novembro de 2012
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Nova legislação para motoristas de caminhão deve elevar frete, causando impacto nos preços 

Com as novas regras impostas aos motoristas de caminhão, a preocupação com o escoamento da safra de verão cresce na mesma proporção do avanço da soja nas lavouras gaúchas. Tanto que representantes do setor já alertam para um apagão logístico, capaz de comprometer os ganhos com a produção recorde projetada para o ciclo.

Além de obstáculos tradicionais, como a falta de investimentos em infraestrutura dos portos brasileiros, a nova legislação deve elevar o frete, impactando nos preços finais aos produtores, como revela levantamento divulgado nesta segunda-feira pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).

– Como a maior parte da produção é escoada pelas rodovias, há uma preocupação de que a oferta de frete seja limitada – pondera Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro.

Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicam que o custo para o transporte de uma tonelada de soja por uma distância de 461 quilômetros de uma propriedade no Noroeste do Estado até o porto de Rio Grande, equivale a 19% do custo de produção. Nos Estados Unidos, o transporte de uma propriedade distante 2,7 mil quilômetros do porto local corresponde a 18%.

– O custo logístico é muito alto, o que impede que o produtor de soja tenha ganhos maiores – diz o economista do da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.

Conforme Ivo Lessa, consultor técnico da Farsul, é preciso investir:

– Temos um modal rodoviário inferior ao necessário e falta de locais de armazenagem.

Com uma estimativa de lucro de 73,12% – considerando-se uma produtividade média de 42 sacas por hectare e preço médio de R$ 66,53 por saca em outubro –, a soja se confirma como a grande aposta da estação. O levantamento dos custos da produção da Fecoagro confirma o avanço do grão sobre outras culturas. Entre as principais razões para o aumento da área – entre 5% e 6%– , estão a rentabilidade e a valorização do preço, decorrente da quebra da safra nos Estados Unidos.

– O momento é da soja. Calculamos que cerca de 30% da safra foi vendida antecipadamente, visando garantir um preço alto – afirma o economista Tarcísio Minetto.
No caso do milho, a rentabilidade estimada é de 25,30% (produtividade de 90 sacas por hectare). No caso do trigo, o prejuízo fica em 18,10% resultado do efeito do clima. Apesar de o lucro crescer para a soja e para o milho, os custos da produção também avançaram acima da inflação.

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