Por Priscila Caldas
O setor de transporte de cargas rodoviário registrou queda de 30% no volume de produtos desembarcados em Manaus no primeiro bimestre deste ano em comparação a igual período de 2016. As cargas, provenientes das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, são direcionadas ao comércio local com itens de confecção, calçados, perfumaria, higiene, limpeza, dentre outros. A ACA (Associação Comercial do Amazonas) confirma a baixa demanda pelos produtos e a consequente redução nos pedidos aos fornecedores. Os empresários acreditam em uma recuperação nas vendas a partir deste mês.
De acordo com o secretário do Setcam (Sindicato das Empresas de Agenciamento, Logística e Transportes Aéreos e Rodoviários de Cargas do Estado do Amazonas), Raimundo Augusto Araújo, do total de dez carretas que saem de Manaus em direção às regiões Sul, Sudeste e Nordeste, abastecidas por produtos do PIM (Polo Industrial de Manaus), somente sete retornam com produtos para atender ao comércio da capital. Ele afirma que há carretas paradas no Estado de São Paulo por falta de pedidos para o transporte até o Amazonas.
"As indústrias estão voltando a produzir e consequentemente as carretas voltam a transportar. No primeiro bimestre registramos números de cargas que saem de Manaus aproximados aos contabilizados no mesmo período do último ano. Porém, houve queda de 30% no volume de cargas que são fornecidas a Manaus com produtos como confecção, calçado, perfumaria, higiene e limpeza, entre outros", informou.
No trajeto dos demais Estados a Manaus, as carretas podem seguir dois percursos: até a cidade de Porto Velho (RO), onde os veículos embarcam em balsas em trajeto fluvial até Manaus com trajeto que dura três dias e meio; ou, por rodovia até a cidade de Belém (PA), onde as carretas embarcam em balsas com destino a Manaus em viagens que duram cinco dias e meio. No total, o tempo de recebimento de uma carga na capital amazonense varia entre 13 e 14 dias. Na saída de produtos de Manaus o tempo de viagem até o cliente é de 11 dias.
Segundo o presidente em exercício da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Nílio de Lima Portela, há pelo menos seis meses o comércio registra diminuição de 70% no volume de pedidos para abastecer as lojas e estabelecimentos com produtos como confecções, calçados, materiais de construção, perfumaria, entre outros. O empresário acredita que a partir deste mês a situação melhore devido à liberação dos valores do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) previsto para iniciar na próxima sexta-feira (10).
"Acreditamos em uma reação positiva do comércio a partir de março em decorrência dos saques de contas inativas do FGTS. Os valores deverão ser investidos no comércio e isso será um alento à situação. Porém, não resultará em recuperação dos números", disse.
Na avaliação do vice-presidente da Fieam (Federação da Indústria do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, a indústria começa a se estabilizar, mas ainda está longe de sinalizar a recuperação. A expectativa, segundo ele, é que neste ano a indústria nacional apresente crescimento de pelo menos 2% em relação ao faturamento do último ano. Logo, o PIM também será impactado positivamente.
"Ainda há setores significativos que estão em situação difícil, mas estamos esperançosos porque vemos uma retomada na confiança do empresariado e do próprio consumidor. Se alcançarmos o crescimento de 2% vamos conseguir estabilizar a situação e iniciar uma etapa de crescimento.
Atendemos ao mercado interno e logo, o que impacta a produção nacional atinge diretamente a indústria local", disse o empresário.