Retomada faz Scania contratar e investir

Publicado em
05 de Novembro de 2013
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Per-Olov Svedlund, o P-O, presidente da Scania na América Latina: regras de longo prazo permitem melhor planejamento

O executivo sueco Per-Olov Svedlund voltou ao Brasil num bom momento para comandar as operações da Scania na América Latina, região que concentra um terço das vendas globais de veículos do grupo. Na esteira da safra recorde de grãos, a montadora tem aproveitado bem a forte demanda por caminhões pesados e registra seu melhor ano no Brasil, onde está o maior mercado da Scania no mundo.

De janeiro a outubro, emplacou 16,1 mil caminhões no país, volume que supera em 90,2% as 8,5 mil unidades dos dez primeiros meses de 2012, assim como já está acima dos 15,4 mil caminhões vendidos em todo o ano de 2010, que era o recorde anterior da marca.

Se no ano passado a empresa teve de parar linhas de produção para se adequar a um mercado mais retraído, agora a Scania lança mão de jornadas extras de trabalho e reforça a mão de obra para conseguir atender aos novos pedidos. Desde janeiro, já contratou cerca de 400 pessoas para trabalhar na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Svedlund, que assumiu em janeiro os negócios da Scania na região, pode, então, comemorar os resultados que estão sendo entregues à matriz do grupo em Södertälje, uma pequena cidade com cerca de 62 mil habitantes a 36 quilômetros de Estocolmo, a capital da Suécia. Duas décadas atrás, ele já tinha passado pela subsidiária brasileira como diretor industrial e, em anos de governo Collor, o cenário era de instabilidade política, inflação sem controle e um mercado de caminhões que não chegava a um terço do tamanho atual. Era um país, portanto, inóspito a projetos de investimento de longo prazo. "Hoje, a situação é mais estável. Temos regras claras e de longo prazo. Isso sempre é bom porque assim temos mais tempo para nos planejar", compara Svedlund, mais conhecido na Scania pelas iniciais de seu nome, P-O - pronunciadas em inglês, mesmo por seus funcionários brasileiros.

Mas ainda que tivesse chegado apenas um ano antes ao país, P-O teria que gerenciar um quadro bem diferente. Após a forte antecipação de compras em 2011 - quando transportadoras procuraram escapar do aumento de preços com a introdução obrigatória de caminhões menos poluentes -, o mercado recuou cerca de 20% em 2012 e as montadoras, que já tinham formado estoques para enfrentar essa fase de transição, reduziram abruptamente a produção com medidas como paradas de linhas, antecipação de férias e, em alguns casos, afastamento temporário de operários. Na Scania, um acordo trabalhista teve de ser negociado com o sindicato dos metalúrgicos do ABC para que a produção pudesse ser interrompida por até 20 dias ao longo do ano.

A virada começou já no último trimestre de 2012, depois que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegou a cortar para apenas 2,5% ao ano os juros cobrados em financiamentos de caminhões. Combinado a compras pesadas do governo, o estímulo ajudou a inverter a tendência de queda e o mercado passou a crescer a um ritmo próximo a 15% neste ano.

O segmento de caminhões pesados, justamente onde a Scania está inserida, avança ainda mais rápido. Até setembro, a evolução de vendas nessa gama passou de 41%, graças, principalmente, à demanda no agronegócio, que precisou de veículos de alta capacidade de carga para transportar uma safra histórica. Além disso, há maior facilidade de acesso aos financiamentos do BNDES por empresas que consomem esse tipo de veículo - em geral, grandes companhias que conseguem apresentar as garantias cobradas pelo banco.

A Scania investe ao redor de R$ 100 milhões no país a cada ano. Hoje, seu principal projeto no Brasil é a construção de uma nova linha de pintura de cabines, onde são investidos R$ 75 milhões. O edifício, que ocupa área de 8 mil metros quadrados dentro do complexo industrial de São Bernardo, deve ficar pronto até março.

A partir daí, será feita a instalação dos equipamentos. O novo setor não muda a capacidade de montagem da fábrica, de onde sai uma média de 130 caminhões por dia. Porém, ao introduzir maior automação, vai trazer avanço tecnológico em relação ao processo de pintura atual, evitando, por exemplo, desperdício de material. Ainda não há decisão se a atual linha de pintura será desativada.

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