Restrição da circulação de caminhões congestiona a subida da Serra

Publicado em
17 de Dezembro de 2013
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Criada para melhorar as condições de trânsito na Rodovia Washington Luís, a restrição de caminhões entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado costuma provocar um engarrafamento com hora marcada: 14h, quando termina o bloqueio a caminhões na Serra de Petrópolis. A resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres, de fevereiro deste ano, proíbe a circulação de caminhões com três ou mais eixos na pista de subida às sextas-feiras e vésperas de feriados, das 16h às 22h, e aos sábados, das 8h às 14h.

O objetivo é melhorar o fluxo do tráfego e reduzir o risco de acidentes mas, sem a prometida área de espera, caminhoneiros ocupam o acostamento e saem em blocos pouco antes do fim do bloqueio. Resultado: o congestionamento se forma em poucos minutos. Anteontem, quando ainda faltavam dois minutos para as 14h, motoristas já enfrentavam um quilômetro de retenção.

— É uma briga de gigantes, um querendo ultrapassar o outro nas pistas estreitas. Sempre que vou visitar minha mãe em Petrópolis tento subir antes das 14h, mas hoje (sábado) não deu — contou o advogado Wagner Brito, de 52 anos.

Ocupar o acostamento, destinado a situações de emergência, é infração gravíssima e prevê multa de R$ 574,62, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Nas noites de sexta-feira e manhãs de sábado, porém, os caminhões de grande porte formam filas quilométricas na faixa ao longo da rodovia. No sábado, faltando ainda cinco minutos para as 14h, alguns caminhoneiros já começavam a sair do acostamento. Em poucos minutos, bloquearam a subida da serra.

— Saio um pouco antes para ficar no início do comboio. A espera já é longa. Se tiver que ficar no final da fila, vou levar mais uma hora para subir a serra — alegou Mário Silva Nunes, de 37 anos.

Não são poucos os que furam o bloqueio. No sábado passado, apesar da presença de policiais rodoviários, seis caminhões desobedeceram a resolução da ANTT no período de uma hora e meia. Apenas um foi multado.

As exceções também tumultuam o trânsito. A resolução permite a circulação de caminhões de combustíveis e de carretas ou outro veículo que esteja a serviço das obras da nova subida da serra, realizada pela Concer, concessionária que administra a rodovia. Anteontem, 14 caminhões com permissão especial subiram no intervalo de uma hora e meia.

— São tantas exceções que o trânsito na serra continua lento e perigoso, principalmente na sexta à noite — observou a médica Maria Fernanda Garcia, de 47 anos, moradora de Petrópolis.

Punições desiguais
Quem é flagrado furando o bloqueio alega que não sabe da regra, apesar das placas espalhadas pela rodovia. Morador de Brasília, o caminhoneiro Marlon Ferreira Vieira, de 42 anos, foi multado no sábado ao subir com um caminhão cegonha, por volta das 11h30m. O veículo foi escoltado pela Polícia Rodoviária Federal até uma área de recuo, onde ele recebeu uma multa de R$ 127.

— Tem mais ou menos um ano que não subo essa serra e não sabia do bloqueio. O pior é que empresa não vai pagar a multa. Vou tirar do meu bolso — lamentou o caminhoneiro.

Para outros, desrespeitar a resolução pode não custar nada. O caminhoneiro Irineu da Silva, 62, passou direto pelo bloqueio com um caminhão de mudança no sábado. E não foi multado.

— O policial só pediu para eu aguardar aqui até o fim do bloqueio. Mas ainda bem que não fui multado — disse o caminhoneiro, retido por agentes no posto da PRF já no alto da serra.

Vinícius Jesus Oliveira, 29, que transportava asfalto, preferiu aguardar no acostamento. Ele reconhece a infração gravíssima, mas alega a falta de uma área apropriada:
— As estradas paulistas também adotam restrições de horários para circulação de caminhões nas serras, mas oferecem áreas ótimas de descanso com água e espaço para refeições.

Chefe de Policiamento e Fiscalização da 5ª Superintendência da PRF no Rio, José Roberto

Gonçalves de Lima explica que um pátio, localizado no quilômetro 89, precisa ser ampliado.

— Além disso, para atender a resolução seria necessário um aumento de efetivo, o que não aconteceu. A ocupação do acostamento é um problema, mas o caminhoneiro não pode ser penalizado porque não há uma estrutura onde ele possa ficar para não infringir a lei.

O inspetor observou ainda que, além da falta de um convênio para a utilização de imagens captadas pelas câmeras da Concer para aplicar multas, o que facilitaria a fiscalização, os equipamentos não conseguem identificar o número de eixos dos caminhões porque a câmera filma apenas a traseira do veículo.

Pedro Johnson, presidente da Concer, afirmou que já existe um convênio em andamento, assinado pela concessionária, mas que permanece na sede da PRF, em Brasília:
— Existe uma verba que posso disponibilizar para a polícia utilizar na rodovia, inclusive para compra de novos equipamentos.

Sobre a ampliação de um pátio para os caminhões, o presidente da Concer disse que o custo seria muito elevado para uma situação que é provisória:
— A solução definitiva virá com o fim das obras, em 2016.

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