Proteja-se de si mesmo

Publicado em
08 de Abril de 2013
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Cresce a procura por seguros que blindam executivos e profissionais liberais de problemas na tomada de decisão e na prestação de serviços

Por Patrícia ALVES

A crise financeira de 2008 não derrubou apenas os bônus dos executivos bancários. Também provocou um desabamento dos preços das ações, enfurecendo acionistas ao redor do mundo e provocando uma enxurrada de processos judiciais. Não por acaso, o ano da crise representou uma era de ouro para as seguradoras que vendem apólices de seguros de responsabilidade civil para executivos, conhecidas pelo termo em inglês Directors and Officers (D&O). Da mesma família de produtos, vem ganhando relevância nos últimos tempos uma apólice dedicada a empresários e profissionais liberais, conhecida como Erros e Omissões (E&O). 

 
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Antonio Farina, publicitário: "O seguro dá mais garantia
e credibilidade ao negócio"
 
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o faturamento dessa modalidade em prêmios chegou a R$ 195,6 milhões em 2012, o que representou um incremento de mais de 1.000% em comparação com 2007, último ano antes da crise. Os prêmios diretos das apólices E&O aumentaram 200% entre 2007 e 2012, passando de R$ 45 milhões para R$ 134,3 milhões. O publicitário Antonio Carlos Farina, da agência paulista SD Comunicação, contratou uma apólice D&O pensando exatamente em proteger seu negócio de falhas alheias. “Somos intermediadores de processos e lidamos muito com o trabalho de terceiros; por isso fizemos o seguro no caso de ocorrer algum problema de execução”, afirma Farina. 
 
A modalidade ganhou força com as mudanças no Código Civil e com a maior responsabilização
dos executivos perante aos negócios das empresas
 
A SD é uma agência de comunicação com foco em eventos, promoções e ativação de marcas e produtos. “O seguro nos protege como empresa e como sócios, dando mais garantia e credibilidade ao negócio”, diz. Bastante difundido nos Estados Unidos e na Europa, o seguro D&O chegou ao Brasil no final da década de 1990, quando grandes empresas nacionais começaram a negociar suas ações na bolsa americana. “A contratação é obrigatória por regulamentação da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos EUA”, afirma Vinícius Jorge, superintendente de linhas financeiras da Zurich Seguros. “Essa exigência introduziu a modalidade no Brasil.” Mas foi a partir de 2002, com as mudanças no Código Civil e com a maior responsabilização dos executivos em relação aos negócios das empresas, que esse tipo de seguro realmente ganhou força no País. 
 
“Hoje, o seguro se tornou um benefício nos cargos de alta gestão e os executivos têm exigido essa proteção”, diz Jorge. As coberturas básicas são: indenização a terceiros prejudicados por um ato de gestão de algum executivo e pagamento de honorários de advogados. De acordo com Fernando Gonçalves, coordenador de linhas financeiras da Chubb Seguros, o produto é fundamental para que o gestor tenha tranquilidade para agir. “Além de garantir à empresa uma grande proteção financeira, a modalidade dá segurança na tomada de decisão, o que é uma vantagem competitiva para a companhia no mercado”, afirma Gonçalves. As próprias companhias do setor já entenderam a importância do seguro. Há alguns anos, cerca de cinco empresas ofereciam o produto no País. 
 
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David Brito, Brasil Insurance: "O ambiente de mercado competitivo
tornou o produto mais barato e acessível"
 
Atualmente, são 15 seguradoras que oferecem esse tipo de cobertura, sem contar o mercado de resseguros. “O ambiente mais competitivo tornou o produto mais acessível, com preços mais baixos”, afirma David Brito, sócio da Brasil Insurance. “Se há cerca de quatro ou cinco anos o valor do prêmio chegava a 3% do capital segurado, hoje não chega a 1%”, diz Fernando Coelho, também da Brasil Insurance. “A concorrência fez os custos diminuírem, mesmo com o aumento da demanda.” O E&O tem crescido entre os profissionais liberais, especialmente aqueles que trabalham com saúde e estética. “Engenheiros, arquitetos, médicos, cirurgiões-dentistas, contadores, corretores e urbanistas, entre outros fornecedores de serviços, procuram a proteção do seguro ante o aumento de ações judiciais movidas por clientes insatisfeitos”, afirma Coelho. 
 
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Vinícius Jorge, Zurich Seguros: "Seguro se tornou um benefício
para os executivos e eles têm exigido essa proteção"
 
Segundo Jorge, da Zurich, a exigência por parte das empresas que contratam serviços terceirizados ajudou na propagação da modalidade. “Alguns contratos da Petrobras, por exemplo, exigem que os prestadores de serviços tenham um seguro”, afirma. “Projetos envolvendo infraestrutura, principalmente aqueles ligados a obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada, também têm gerado um aumento pela procura da modalidade entre engenheiros e arquitetos.” De acordo com o executivo, uma das principais diferenças entre os dois produtos está no valor do capital segurado. 
 
Além de garantir às companhias uma grande proteção financeira, seguro dá mais segurança
e credibilidade na tomada de decisão
 
Enquanto que no D&O o montante, considerando empresas listadas na bolsa, varia de R$ 30 milhões a R$ 150 milhões, entre os profissionais liberais e empresas prestadoras de serviços, o valor segurado fica na faixa que vai de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões. Os custos dependem, principalmente, do perfil do segurado, como acontece em qualquer produto do gênero. A decisão para a contratação do produto, no entanto, não tem sido baseada no preço. “Todos os profissionais estão expostos à possibilidade de ter seus bens pessoais envolvidos em processos, seja por uma decisão que tomaram, seja por uma prestação de serviços que não atendeu às expectativas”, afirma Jorge. “Os custos de um processo são infinitamente maiores e as empresas já entenderam a importância de não correr certos riscos.”
 
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