O governo federal pretende investir mais de 50 bilhões de reais em projetos de infraestrutura até o fim de 2018, no âmbito do Programa Avançar, que está em fase final de elaboração, disse à Reuters nesta quarta-feira o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.
A medida, uma espécie de continuação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos governos petistas, deve ser anunciada formalmente na semana que vem e insere-se no esforço do governo de gerar ações para movimentar a economia, em meio a uma crise política, agravada por denúncias contra o presidente Michel Temer, que têm dificultado o andamento de projetos do governo.
Diferentemente do Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), que engloba projetos a serem concedidos, privatizados ou parcerias com o setor privado, o Avançar é um programa de obras públicas.
Segundo Quintella, só o Ministério dos Transportes deve receber investimentos de mais de 20 bilhões de reais.
“O ministério vai receber cerca de 40 por cento dos investimentos do programa”, disse Quintella em entrevista à Reuters.
“São investimentos a serem feitos até o final de 2018”, acrescentou o ministro, após participar de reunião sobre o programa na Casa Civil.
Dentro da área de transportes, as rodovias receberão a maior fatia dos investimentos. Serão cerca de 16 bilhões de reais para a construção, pavimentação e manutenção de vias federais.
Para o setor de ferrovias, a previsão é de investimentos de 1 bilhão de reais.
“Esse dinheiro será usado para concluir a obra da Norte-Sul e avançar na da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste)”, explicou Quintella.
A Norte-Sul, aliás, está nos planos de concessões do governo e deve ir a leilão no começo do ano que vem. A ideia, no entanto, é que o investidor receba a linha concluída e tenha de injetar recursos em outras áreas, como compra de material rodante e construção de pátios.
Os portos também devem ser contemplados no programa, disse o ministro. A área deverá receber investimentos de 1,79 bilhão, para dragagens e outras benfeitorias. Outros 400 milhões de reais deverão ser direcionados a obras em hidrovias.
O programa reserva ainda cerca de 820 milhões de reais para obras em aeroportos.
O anúncio da injeção de recursos na economia por meio do Avançar também acontece em um momento em que o governo Temer procura demonstrar certo nível de normalidade em meio às acusações que pesam contra o presidente e que tem dificultado o andamento de projetos do governo, especialmente no Congresso Nacional.
Temer é alvo de uma denúncia por corrupção da Procuradoria-Geral da República que tramita na Câmara dos Deputados, a quem cabe autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a analisar de aceita ou não a acusação e processa o presidente.
A maior parte da agenda de Temer tem sido dedicada a conversa com parlamentares na tentativa de barrar a denúncia da PGR na Câmara e garantir a permanência do presidente no cargo.