Produção de veículos encolherá 17,8% em 2015

Publicado em
09 de Junho de 2015
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Segundo a Anfavea, volume deve ser o mais baixo em 10 anos

Os últimos 10 anos foram marcados por uma série de investimentos na produção de veículos no Brasil, com a ampliação de operações já existentes e a chegada de novas marcas ao País. Ainda assim, o volume fabricado nacionalmente este ano deve ser o mais baixo desde 2005, justamente há 10 anos. A expectativa da Anfavea, associação que representa as montadoras, é de que sejam feitas no Brasil 2,85 milhões de unidades entre leves e pesados, com expressiva queda de 17,8% sobre 2014, que já terminou com retração.

-Veja aqui os dados da Anfavea 

A entidade revisou a projeção para 2015 pela segunda vez desde janeiro, quando apresentou o panorama para este ano. Na época a organização esperava crescimento de 4,1% na comparação com o ano passado, quando foram produzidos 3,17 milhões de carros. No início de abril a Anfavea fez a primeira redução nesta projeção e passou a trabalhar com cenário de 2,83 milhões de veículos, com queda de 10%.

Já a nova expectativa aponta para a fabricação de 2,46 milhões de veículos leves no Brasil em 2015. A queda mais severa deve acontecer no segmento de pesados, que sofre mais com a desaceleração da economia e a queda no consumo. A Anfavea espera que sejam feitos apenas 118 mil caminhões e ônibus no País este ano, com retração de 32% sobre o resultado anotado em 2014.

QUEDA CONSISTENTE

A nova expectativa foi traçada com base no fraco resultado dos primeiros cinco meses de 2015. A produção de veículos encolheu 19,1% de janeiro a maio, para 1,09 milhão de unidades. Foram fabricados 1,04 veículos leves no período, com redução de 17,5%. Nas fábricas de ônibus a atividade diminuiu 27,6% e ficou em 12 mil chassis. O segmento de caminhões foi o mais afetado e registrou retração de 46,4%, com apenas 36,3 mil unidades feitas no acumulado do ano.

Em maio a produção nacional somou 210 mil veículos. O número é 3,4% menor do que o de abril e fica ainda 19,1% abaixo do total do mesmo mês do ano passado. “Vemos claramente que o ajuste fiscal do governo não foi concluído, o que afeta a confiança do consumidor”, explica Luiz Moan, presidente da Anfavea, ao apontar os fatores que contribuíram para a queda das vendas e, consequentemente, da produção. O executivo destaca ainda a forte restrição da oferta de crédito como motivo para a contração do mercado.

O nível de estoques teve leve redução no mês passado e passou para 361,1 mil veículos armazenados nos pátios das fábricas e das concessionárias. O volume corresponde a 51 dias de vendas.

EMPREGO

Os resultados de janeiro a maio colocam a indústria no mesmo patamar registrado entre 2006 e 2007. Ainda assim, Moan garante de que o número de empregos nas montadoras está no nível registrado entre 2010 e 2011. “Isso mostra o grande esforço que estamos fazendo para preservar os postos de trabalho”, destaca. Segundo ele, as demissões são a última opção para as empresas, que investem maciçamente em treinamento e formação de mão de obra.

Dados da Anfavea mostram que em maio as montadoras empregavam 138,2 mil pessoas. O número de trabalhadores é 9,2% menor do que o do mesmo mês do ano passado e ainda 1% inferior ao de abril. Moan assegura que, ainda que o número de postos de trabalho tenha diminuído, ainda existe excedente de funcionários.

Levantamento feito pela entidade aponta que atualmente há 25 mil colaboradores das montadoras afastados de suas atividades em férias coletivas, layoffs ou outras medidas do gênero. A associação aguarda a aprovação do que apelidou de seguro-emprego, iniciativa que deve fazer parte do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que a Anfavea espera que o governo federal anuncie.

A ideia é flexibilizar a legislação trabalhista para permitir que as empresas reduzam a jornada de trabalho e os salários de forma proporcional à queda da produção. O desconto feito na remuneração seria ao menos em parte compensado por uma assistência do governo, o seguro-emprego, até que o ritmo de trabalho voltasse ao normal. Dessa maneira, a Anfavea garante que seria possível adequar o ritmo das fábricas à demanda do mercado sem fazer demissões. “Precisamos de um instrumento permanente para amenizar as crises, que são cíclicas”, aponta.

Moan explica que a redução da jornada, se aprovada, só poderá ser adotada especificamente nos setores ou linhas que enfrentam queda da demanda. O PPE, segundo ele, não prejudicaria o ajuste fiscal que o governo federal está empenhado em implementar por não permitir que a montadora deixe de recolher os tributos trabalhistas.

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