Produção de veículos atinge pior nível desde 2006

Publicado em
07 de Dezembro de 2015
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Com 50 dias de estoque, foram feitas 2,28 milhões de unidades até novembro

GIOVANNA RIATO, AB

A produção de veículos segue em queda livre. Enquanto a Anfavea, associação que representa as montadoras, aponta que o nível de vendas dá sinais de ter se estabilizado, o ritmo das fábricas continua diminuindo. A entidade divulgou na sexta-feira, 4, redução de 22,3% no número de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus feitos no Brasil de janeiro a novembro, para 2,28 milhões de unidades. O resultado é o pior para o período desde 2006, quando foram feitos 2,22 milhões de veículos nos 11 meses do ano.

-Veja aqui os dados da Anfavea

Os dados isolados de novembro mostram que saíram das linhas de montagem nacionais 176 mil unidades no mês, com baixa de 14,2% sobre outubro e redução ainda mais consistente na comparação com o mesmo período do ano passado, de 33,5%. Com isso, o resultado de novembro é o segundo pior de 2015, atrás apenas do registrado em setembro, quando foram produzidos localmente 174,6 mil veículos.

No acumulado do ano, o segmento que mais contribuiu para a queda da produção foi o de caminhões, com retração de 47,5% nos volumes, para 71,4 mil unidades de janeiro a novembro. A fabricação de ônibus também teve retração importante, de 35,2%, para apenas 20,9 mil chassis. Com 2,19 milhões de unidades a produção de veículos leves caiu 20,9%, com baixa de 18,9% no segmento de automóveis e de 32,9% no de comerciais leves.

ESTOQUES SOBEM, EMPREGOS CAEM

A deterioração do ritmo das fábricas é sintoma do esforço da indústria para reduzir estoques, segundo a Luiz Moan, presidente da Anfavea. “Algumas das nossas associadas interromperam as atividades do terceiro turno de suas fábricas. Voltamos ao patamar de quase 10 anos atrás”, constata o executivo, lembrando da suspensão do turno extra nas plantas da General Motors, em Gravataí (RS), e da Ford, em Camaçari (BA).

Com as medidas para conter o volume de produção, o nível de estoques cedeu um pouco em novembro e ficou 5,4% menor na comparação com outubro, com 322,2 mil veículos armazenados entre o pátio das montadoras e a rede de concessionárias. Ainda assim, o volume é o suficiente para expressivos 50 dias de vendas.

A redução brusca da atividade nas fábricas de veículos fez o nível de emprego voltar ao patamar de 2008, com 131,1 mil pessoas trabalhando nas montadoras. O número de vagas é 10,2% mais fraco do que o de um ano atrás. “A produção é a menor desde 2006, mas os empregos ainda estão no nível de 2008. Isso mostra o esforço do setor para proteger o nosso bem mais valioso, que é a força de trabalho”, destaca Moan.

A Anfavea calcula que atualmente 40 mil funcionários já aderiram ao PPE, o Programa de Proteção ao Emprego do governo federal, que permite redução de jornada com diminuição proporcional dos salários. Outros 6 mil colaboradores estão em férias coletivas. “São 46 mil pessoas com algum tipo de restrição de suas atividades na produção de veículos”, enfatiza Moan. Segundo ele, a situação indica a profundidade da crise no setor.

EXPECTATIVAS

Com as linhas de montagem desacelerando no fim do ano, a Anfavea espera produção tímida para dezembro, de 131 mil veículos, convergindo com a projeção traçada em agosto para 2015, de 2,41 milhões de unidades feitas nas fábricas brasileiras. Se a expectativa estiver correta o ano terá queda de 23,2% na comparação com 2014, com 2,31 milhões de veículos leves e 101 mil pesados.

As expectativas para 2016 só serão divulgadas em janeiro. Ainda assim, Moan adianta que o início do ano será difícil, com o necessário ajuste do nível de estoques, enquanto as vendas se acomodam no patamar atual. “Teremos queda em níveis absolutos, mas o importante é que o cenário está dentro das nossas expectativas”, diz. A entidade só espera algum alívio no último trimestre de 2016, quando o mercado pode voltar a apresentar algum crescimento, estimulando a produção.
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