Produção de cana-de-açúcar decepciona e deve fechar 2010 abaixo do previsto

Publicado em
15 de Dezembro de 2010
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A produção de cana-de-açúcar na Região Centro-Sul do país diminuiu 18,1% em novembro, comparada a igual período do ano passado. Do início da safra até 1º de dezembro, a queda já soma 7,26%. Os dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) foram divulgados hoje (14) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

De acordo com o diretor da entidade Antônio de Pádua Rodrigues, o motivo foi o tempo seco que afetou a produtividade agrícola. Ele prevê que será difícil atingir 560 milhões de toneladas colhidas no fechamento do ano. Em agosto, a expectativa era de 570,1 milhões de toneladas.

Apesar dessa redução, o moagem do produto aumentou 8,86% desde o início da safra até novembro, ante igual período de 2009, com um total de 499,4 milhões de toneladas. A partir da segunda quinzena de novembro, no entanto, o processamento caiu 27,95%.

Pádua esclareceu que a qualidade da matéria-prima brasileira, com alto teor de sacarose, minimizou o impacto da estiagem. No período, a produção de açúcar alcançou 33,02 toneladas, aumento de 20,35% sobre a safra 2009/2010. A produção de etanol somou 24,72 bilhões de litros, 14,04% acima da safra passada.

O diretor acredita na estabilização no preço do açúcar, commoditie cotada no mercado internacional. "Não dá para imaginar uma queda [de preços] tanto no mercado interno quanto no externo, mas eu não falaria em alta, e sim, em manutenção dos níveis atuais".

Mas essa estabilidade significa que o produto vai permanecer caro para os consumidores brasileiros. O açúcar refinado figura entre os itens que mais têm contribuído para a elevação da taxa de inflação. Só na cidade de São Paulo, por exemplo, o preço do açúcar subiu 10,29% entre 8 de novembro e 7 de dezembro, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). No mesmo período, o álcool combustível ficou 2,04% mais caro.

O presidente da Unica, Marcos Sawaya Jank, prevê que o setor crescerá acima de 5%. Ele anunciou que, em 2011, os usineiros podem entrar com uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o protecionismo dos Estados Unidos, que concede subsídio à produção interna de álcool feito à base de milho, dificultando a entrada do produto brasileiro. 

Agronegócio é o sustentáculo das exportações 

Quando campo vai bem, as cidades florescem. Ninguém conseguirá levar progresso, emprego e renda para as zonas urbanas à custa do empobrecimento rural. Isso volta a ser provado quando o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, divulgou que os preços das principais commodities estão oferecendo remuneração boa ao produtor, mesmo com a situação de dólar desvalorizado. Dessa forma, a balança comercial do setor deve bater recorde em 2010. A agropecuária e a agricultura terão um saldo positivo de pelo menos US$ 60 bilhões, superando o recorde de 2008, quando atingiu US$ 59,987 bilhões. O Brasil está batendo recordes com a produção dos campos. As exportações do agronegócio já somaram US$ 70,3 bilhões entre janeiro a novembro, valor 17,7% superior a igual período do ano passado. Para 2010, calculam os técnicos que as vendas para o exterior superem a US$ 75 bilhões. As importações do setor, este ano, devem ficar entre US$ 12 bilhões e US$ 14 bilhões. O melhor é que ocorreu a ampliação das vendas de produtos do agronegócio brasileiro para mercados como Irã, Egito, Rússia, Venezuela e China. Destinos como Europa Oriental, Oriente Médio e Mercosul têm crescido mais fortemente do que os Estados Unidos e Europa, tradicionais compradores dos produtos agropecuários nacionais.

Rossi mantém uma forte aposta sobre o mercado russo, especialmente em relação à carne bovina. O Rio Grande do Sul tem obtido ótimas safras nos últimos anos, ajudando na consolidação das contas públicas, simultaneamente ao ajuste fiscal promovido e que, desde 2007, consolidou o equilíbrio entre as receitas e as despesas no Estado. O momento é oportuno para que, a par da atração de mais indústrias para o Rio Grande do Sul, também os pequenos produtores sejam incentivados a investir, recebendo financiamentos compatíveis em termos de juros e prazos, aplicando a modernização em suas lavouras e criação.

A vocação gaúcha e brasileira ainda é a produção primária, sem desmerecer os setores secundário, a indústria, da mesma forma que os serviços, o setor terciário, e o comércio em geral. Vamos consolidar o País e o Estado como grandes e confiáveis produtores de alimentos que disso ninguém, jamais, poderá abrir mão. Apoiar o agronegócio e a agricultura familiar não são atitudes excludentes. Pelo contrário, são complementares. O que não se pode é abordar o assunto através do viés ideológico. Aí sim, a discussão descamba para atitudes ferrenhas do contra ou a favor e não se chega a nenhum lugar. Pelo menos é assim que tem sido no Rio Grande do Sul, quando a oposição julga que em tudo há processos escusos ou que teria solução melhor. Quando a oposição, seja de que partido ou grupo de apoio chega ao poder se convence, bem mais rapidamente do que se espera, que existem soluções lógicas e de bom senso que independem da posição política de esquerda ou de direita, algo, aliás, considerado anacrônico quando o que se deseja é o bem-estar geral da população. Para um final de governo em Brasília e no Piratini, o caminho da lavoura continua sendo a salvação. Apostar na agropecuária é um bom negócio. 

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