PRF contabiliza 32 manifestações no segundo dia da greve

Publicado em
10 de Novembro de 2015
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A maior parte dos bloqueios (8) está no Paraná

 

Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizou na manhã desta terça-feira (10) 32 manifestações de caminhoneiros pelo País. O levantamento não envolve as rodovias estaduais. Dos 32 protestos, 21 têm interdição parcial das vias – só são barrados os caminhões. A maior parte dos bloqueios (8) se concentram no Paraná. Em seguida vem Minas Gerais (6), Santa Catarina (3), e Rio Grande do Sul, Tocantins e Ceará, com um cada. Segundo a PRF, há 11 manifestações sem bloqueios, sendo 9 no Rio Grande do Sul, uma em Santa Catarina e uma na Bahia.

Bloqueio em Apucarana (PR)

Bloqueio em Apucarana (PR)

Ontem, no primeiro dia da greve, a reportagem acompanhou quatro manifestações no Paraná (o Estado registrou 24 pontos de bloqueios em vias federais e estaduais). A principal reivindicação é a renúncia da presidente Dilma Rousseff. O movimento ganhou apoio de empresários, religiosos e até de defensores da intervenção militar. Os carros de passeio e os ônibus não foram retidos em nenhum dos bloqueios.

A reportagem esteve em quatro manifestações da região, duas em Arapongas, km 277 da PR-218 e km 178 da PR-444, uma em Apucarana (km 245 da BR-376), e a do trevo entre Londrina e Cambé, na BR-369.

Por volta das 15 horas, a reportagem chegou no momento em que os manifestantes iniciavam o bloqueio da PR-444, próximo à praça de pedágio de Arapongas. Ali, a iniciativa não foi de caminhoneiros. O responsável por começar a parar os caminhões foi o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), César Canastro. “Eles (os caminhoneiros) não têm liderança nesta rodovia, então nós viemos dar esse apoio”, afirmou. O militante diz que a greve é sua última esperança de ver o fim do governo do PT. “Essa é a derradeira. Ou se muda, ou teremos de esperar até 2018 (último ano da gestão Dilma Rousseff)”, declarou.

Manifestação em Arapongas (PR)

Manifestação em Arapongas (PR)

Na PR-218, também em Arapongas, o autônomo André Gustavo Pereira se assumiu como um “caminhoneiro que está lutando pelo povo”. “Com esse governo não tem negociação. É mentiroso, prometeu mas não cumpriu”, afirmou ele em relação às reivindicações da categoria que não foram atendidas na greve do começo do ano. “Vamos ficar até a renúncia da Dilma”, garantiu.

A paralisação na BR-376, em Apucarana, em frente a Cocamar, era a que tinha maior número de caminhões e manifestantes. Havia começado às 6 horas da manhã. Parte dos veículos foram estacionados no pátio da cooperativa e outros ficaram à margem da rodovia. Ali, havia até uma mesa de som tocando música popular e hinos brasileiros. O microfone estava à disposição para quem quisesse discursar.

Um grupo intitulado “Cristãos pelo Brasil” fazia panfletagem contra o PT que estaria “destruindo a família brasileira”. Um dos representantes, Fernando Felipetto, de Apucarana, disse que a pauta da greve é a mesma que a deles. “Queremos a queda do governo. Que o Brasil seja devolvido aos brasileiros”, afirmou. Ele falou em nome dos caminhoneiros: “Só vamos negociar a partir da queda da Dilma.”

Muitos dos motoristas parados no local esta

Bloqueio em Arapongas, próximo à praça de pedágio

Bloqueio em Arapongas, próximo à praça de pedágio

vam contrariados. Um deles era o autônomo de Apucarana Leonardo Pontes “Eu não estou fazendo greve. Não concordo com esse tipo de greve que nos obriga. 98% dos motoristas não queriam estar aqui”, disse. Questionado se ele não poderia ir embora, respondeu: “Se pedir para passar, ameaçam danificar o caminhão.” Pontes reclamou pelo fato de não haver banheiro nem local para comprar comida nas redondezas. Para ele, os caminhoneiros estão sendo usados na greve. A afirmação se referia à presença de pessoas de fora da categoria. “Mas se der algum problema, quem vai aparecer nas manchetes como culpados serão os caminhoneiros”, reclamou.

Outro revoltado era Marcelo Luiz da Silva, de Cruzeiro do Oeste. Empregado de uma confecção, ele passou pelo local com um veículo comercial Fiorino. Mesmo assim, foi barrado. “Não sei nem onde vou dormir”, disse. Ver vídeo.

Por volta das 17h30, teve início o bloqueio na BR-369 nos dois lados da pista, no trevo entre Londrina e Cambé. O caminhoneiro José Henrique Fernandes era um dos que ajudavam a parar os caminhões. “Queremos a saída da presidente. Só isso vai resolver. Não adianta negociar com esse governo”, disse. No local, os motoristas receberam o apoio de pessoas solidárias à paralisação. “Sou cidadão. Sou um brasileiro. Vim apoiar”, justificou o empresário Ricardo Cortes, que levou água e comida para os caminhoneiros.

Perto dali, uma mulher distribuía panfletos a favor da intervenção militar. O caminhoneiro José Cristo recebeu a publicação e afirmou que “qualquer coisa é melhor que o PT”. “Não somos contra os militares”, declarou.

Manifestação na BR-040, perto de Valparaíso (GO) - foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

Manifestação na BR-040, perto de Valparaíso (GO) – foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

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