Previsão de PIB para 2014 pode cair, diz banco

Publicado em
02 de Setembro de 2013
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O resultado do PIB do segundo trimestre reduz as chances de um crescimento abaixo de 2% em 2013, mas aumenta a probabilidade de um PIB negativo no terceiro trimestre, e de um crescimento mais baixo em 2014 (possivelmente inferior a 2%) do que neste ano. É a opinião de Carlos Kawall, economista-chefe do banco de investimento J Safra, que reviu sua projeção de PIB de 2% para 2,3%, mas pode rever também, para baixo, a de 2014, de 2,2% para 2%.

Segundo especialistas, se o PIB de 2013 confirmar o padrão de um segundo semestre pior do que o primeiro, com o pico no segundo trimestre, este fato cria um carregamento estatístico ruim para 2014, e pode prejudicar os números do ano eleitoral (embora o resultado do ano só será conhecido em 2015).

"Faz tempo que não tínhamos uma surpresa positiva", diz Kawall. A projeção do J Safra para o segundo trimestre era de crescimento de 0,9% (na comparação dessazonalizada com o primeiro), bem abaixo do resultado de 1,5% ocorrido.

O economista observa que a composição do PIB do segundo trimestre foi melhor, com um peso maior do investimento e do setor externo, quando comparados ao consumo.

Para Kawall, a indústria veio em linha com as previsões, mas os serviços e a agricultura surpreenderam. Pelo lado da demanda, os investimentos vieram fortes, mas a surpresa foi o setor externo, com exportações acima do esperado e pequeno aumento das importações (que se subtraem do PIB na análise da demanda), na comparação com o primeiro trimestre.

Kawall nota que aumentaram as chances de um terceiro trimestre negativo, por causa da base de comparação mais alta do que o segundo. Acrescenta que o investimento, que foi muito bem no primeiro e segundo trimestres - altas de 4,7% e 3,6% - é uma variável muito volátil. Assim, esta base alta do primeiro semestre aumenta a chance de uma "devolução" no segundo, o que pode piorar os números na segunda metade do ano.

Setor automobilístico teme 1ª queda de vendas após 9 anos de crescimento

Após nove anos seguidos de crescimento nas vendas, fabricantes de veículos já temem o primeiro recuo nos negócios com base no fraco desempenho registrado em agosto. Até quinta-feira, faltando portanto um dia útil a ser contabilizado no mês, as vendas acumuladas desde janeiro apresentavam crescimento de apenas 0,75% em relação ao mesmo período de 2012, com 2,449 milhões de unidades.

Desde abril e maio, quando o crescimento acumulado estava próximo a 9%, os porcentuais estão caindo, passando a 4,8% em junho, 2,6% em julho e com chances de ficar entre 1% e 2% negativos neste mês, mesmo com o acréscimo dos licenciamentos de ontem.

"Esse cenário de não crescimento das vendas e de escalada de preços é bastante preocupante", diz o executivo de uma das grandes montadoras.

Ele cita a alta cambial - que encarece os preços de matérias-primas e componentes importados -, a obrigatoriedade de instalação de airbag e freios ABS em todos os carros a partir de janeiro, o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também em janeiro e pedidos de reajuste de preços por parte de fornecedores, como os de aço, que começam a pleitear alta de cerca de 8%.

"É um cenário que não aparecia no planejamento no início do ano", diz o executivo, ao justificar as previsões otimistas do setor, que apostava em novo recorde de vendas neste ano, com números próximos a 3,9 milhões de veículos.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previa, desde o início do ano, um aumento de 3,5% a 4,5% nas vendas em relação às 3,8 milhões de unidades registradas em 2012. Na próxima semana, quando divulgar o balanço oficial do mês, a entidade vai rever a aposta para baixo.

A indústria esperava vender neste mês 335 mil veículos, mas, até quinta-feira, os licenciamentos somavam 307,9 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, uma alta de 1,26% em relação a igual período de julho, mas 12% inferior aos números do mesmo intervalo de agosto de 2012.

Estoques. O reflexo do desaquecimento é a elevação dos estoques. Segundo a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o item material de transporte, que tem como maior peso carros e autopeças, mostra que 26,8% das indústrias consultadas informaram ter estoques acima do normal. Em julho, esse porcentual era de 16,6%.

"O nível de estoques do segmento de material de transporte está alto principalmente por influência do segmento de automóveis, mas a evolução entre julho e agosto foi dada pelos caminhões e ônibus", diz o responsável pela pesquisa da FGV, Aloisio Campelo.

Um executivo do setor de caminhões informa que há uma demora na aprovação de crédito para financiamento por parte dos bancos, o que tem dificultado as vendas. "Além disso, o baixo desempenho da economia gera insegurança e o frotista prefere esperar".

A prazo para liberação de financiamento, que era de cinco dias, em média, está entre 20 e 30 dias, diz o executivo. Até quinta-feira, as vendas de caminhões apresentavam queda de 9% em relação a igual período de julho, com 12.458 unidades, mas alta de 30% ante agosto de 2012. As de automóveis e comerciais leves estavam 1,68% maiores ante julho, e 13,3% inferiores aos números de um ano atrás, somando 292,6 mil unidades.

 

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