Pressionada pelo governo de Minas Gerais, a Mercedes-Benz anunciou ontem que vai aproveitar a expectativa de crescimento de vendas para produzir caminhões e ônibus na ociosa fábrica de Juiz de Fora (MG). Foi o governador Aécio Neves (PSDB) quem deu publicidade ao comunicado da Mercedes, já que recebera uma carta em resposta ao prazo de 72 horas que o governo havia dado para que a montadora se pronunciasse sobre o futuro da fábrica.
Desde que foi instalada no final dos anos 1990, a unidade de MG nunca fabricou um único modelo. Sempre trabalhou com montagem de carros sem produzir nenhuma peça. De 2001 até o início de 2004, foram montados 20 mil unidades do Classe C. A produção do Classe A deveria ser de 60 mil carros por ano, mas encerrou 2004 com 5.000. Há dois anos, a ociosidade era de 90%. Foi quando ocorreu a primeira pressão do governo, que ameaçou cobrar da Mercedes os incentivos recebidos para instalar a unidade. Hoje, 864 pessoas trabalham na fábrica, que produz o Sports Coupé CLC.
A montadora informou que a unidade irá complementar a produção de caminhões, ônibus e vans do ABC a partir de 2011. "São Bernardo está no limite. A ideia é transferir parte da linha de produção para MG, sem transferência de pessoal. Ela terá de contratar", diz Valter Sanchez, representante dos trabalhadores.