Portos são novo alvo da Andrade Gutierrez

Publicado em
09 de Abril de 2013
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Com representação em dez empresas, a AG Investimentos, braço que concentra a gestão dos investimentos do grupo mineiro Andrade Gutierrez, pretende ampliar o leque de setores atendidos. Hoje, a divisão opera nos segmentos de transportes e logística, via CCR; energia, com Cemig e Santo Antônio Energia; saneamento, por meio de Sanepar e Water Port; telecomunicações, via Oi e Contax; saúde, com Logimed e Novo Metropolitano; e arenas, por meio da Brio (responsável pela modernização do estádio Beira-Rio).

As mudanças do setor portuário, com novo marco regulatório, levam a AG Investimentos a analisar oportunidades para estrear nessa área. Os estudos estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste e o foco está voltado principalmente a terminais de contêineres e tancagem, segmento já estudado há três anos pelo grupo.

"Há várias coisas no ’pipeline’ no Brasil e até fora do país", disse ao Valor um dos dois vice-presidentes da AG Investimentos, Renato Faria, responsável pelas áreas de saneamento, telecomunicações e saúde. O outro braço, que abrange mobilidade urbana, energia e portos - área ainda em desenvolvimento -, é dirigido por Paulo Guedes.

Os investimentos nas operações portuárias serão em projetos "greenfield" (que começam do zero) e a perspectiva é de início no curto prazo. "Batemos na trave num projeto no ano passado", disse Faria.

Em 2011, a AG Investimentos teve receita operacional bruta de R$ 11,8 bilhões. A área de telecomunicações respondeu pela principal fatia, mas a tendência é de mudança. "Outras divisões tendem a ganhar mais peso na empresa. O setor de telecom segue interessante, mas com muita demanda de capital. Não é a prioridade número um do grupo investir em telecom, mas no setor elétrico, em saneamento, portos, aeroportos e rodovias, via CCR", afirmou o vice-presidente.

Em saneamento, área na qual atua desde 1998, quando entrou no capital da Sanepar por meio da participação na Dominó Holdings, a empresa também planeja expandir as operações. "Estamos olhando alguns investimentos em saneamento e também fora do Brasil", disse o executivo.

Mesmo com os conhecidos percalços enfrentados na Sanepar, diante dos desentendimentos entre a Dominó Holdings e o ex- governador do Paraná Roberto Requião (PMDB), a AG Investimentos se mostra interessada na possível venda de uma participação na Cedae, a estatal fluminense. A empresa cancelou recentemente o pedido de oferta pública inicial de ações (OPA), mas o Valor apurou que o governo analisa a venda de 20% da Cedae.

As parcerias público-privadas (PPPs) em desenvolvimento pela Copasa (MG) e a Cesan (ES) também estão no foco - seja via construtora ou o braço de investimentos -, assim como a empresa acompanha com interesse a privatização da Águas de Portugal, estatal portuguesa de saneamento. A CCR, empresa na qual a AG Investimentos detém participação de 17%, chegou a participar do processo de privatização da ANA, que controla dez aeroportos portugueses, mas não saiu vencedora.

A AG Investimentos também é dona da Water Port. A empresa é uma sociedade de propósito específico criada para atender um contrato com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Ela presta serviços para a adequação dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário da margem direita do Porto de Santos (SP). A meta agora é replicar o modelo para outros clientes. Segundo Faria, a empresa está para anunciar um outro contrato.

Paralelamente, a AG Investimentos desenvolve um modelo de subconcessão de saneamento. O contrato será voltado a municípios que não delegaram os serviços a companhias estaduais. A ideia é criar uma subconcessão, responsável pelas operações do dia a dia, e um fundo de investimentos.

"Como terá recursos e vida própria, o fundo poderá captar financiamento e o subconcessionário vai gerenciar junto com o poder concedente os investimentos", disse o vice- presidente da AG Investimentos. "O investimento vai virar retorno através de receita e o dinheiro vai voltar para o fundo. Esse será um modelo sustentável".

Segundo Faria, faltam hoje bons projetos de infraestrutura no Brasil. "O tamanho não é problema. O Brasil lançou um pacote grande de projetos e estamos estudando todos. Vemos muitas oportunidades no segmento de portos, assim como uma boa oportunidade de crescimento no setor de saúde pública", afirmou, referindo-se às PPPs de hospitais.

O grupo Andrade Gutierrez resolveu diversificar a atuação no início da década de 90, quando passou a atuar em infraestrutura como investidor. Na época, foram criadas duas frentes: uma de telecomunicações (AG Telecom) e outra de infraestrutura em rodovias e saneamento (AG Concessões).

No início de 2012, após o crescimento das divisões, o grupo decidiu concentrá-las em uma única empresa, a AG Investimentos. Dessa forma, Otávio Azevedo, que dirigia a parte de telecomunicações, teria mais tempo para gerenciar o grupo, no qual ocupa a presidência. "Alguns acionistas dizem que, antigamente, a Andrade era uma construtora com investimentos. Hoje, dizem que é um grupo econômico em que temos investimentos e uma construtora", disse Faria.

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