Portos do Sudeste estão perdendo carga em contêineres para o Sul

Publicado em
27 de Agosto de 2013
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Os gargalos de operação nos portos estão redistribuindo a carga marítima em contêiner do Sudeste para o Sul. Dados divulgados pelo armador Maersk Line no Brasil mostram que os portos do Sudeste - notadamente Santos (SP), Rio de Janeiro e Sepetiba (RJ) - perderam 1,4 ponto percentual na participação regional para os portos do Sul no segundo trimestre do ano frente o mesmo período de 2012.

Apesar de pequena, a variação é relevante porque o Sudeste responde pela maior parcela de movimentação de contêineres do país, com 54,4% de fatia. A participação caiu para 53%. "A diferença foi para os portos do Sul, o que, no médio prazo, pode ser também um gargalo", disse o diretor comercial da Maersk Line no Brasil, Mario Veraldo. Os dados foram compilados
pela consultoria Datamar.

O dado mais flagrante é a escalada do tempo médio de espera do navio para atracar em Santos. Saiu de 18,5 horas no segundo trimestre e saltou para 38,9 horas em julho. A média em 2012 fora de 16 horas. "Está piorando a cada semana. E o tempo de espera acaba obrigando o armador a acelerar o tempo de navegação, o que eleva custos", afirma Veraldo. A situação deve piorar nos próximos dias, acredita o executivo, porque o Tecon Santos, o maior terminal de contêineres do país, irá fazer uma dragagem nos berços de atracação.

A Santos Brasil, arrendatária do Tecon Santos, confirmou que iniciará a dragagem, mas disse que o fará de forma alternada nos berços, para minimizar impactos na operação. A obra rebaixará a profundidade do cais para 15 metros, compatibilizando com o canal de navegação do porto. Assim, os navios de grande porte que escalam o terminai - incluindo os da Maersk Line - poderão operar a plena carga. Os trabalhos devem levar 20 dias.

A Maersk Line vem encampando publicamente um apelo às autoridades por melhorias urgentes na infraestrutura de acessos aos portos e redução de burocracia. Segundo Veraldo, os armadores estão fazendo sua parte ao investir em maiores navios que reduzem o custo unitário por contêiner, mas a contrapartida não está vindo na mesma velocidade. "É mais barato levar um contêiner de Santos a Cingapura do que de Campinas a Santos. No primeiro caso o frete marítimo sai entre US$ 600 e US$ 700. No segundo, a logística gira em tomo de R$ 2 mil".

A Maersk Line é o maior transportador de contêineres do mundo e o terceiro nos tráfegos com o Brasil, atrás da Hamburg Süd e MSC. Com 11% do mercado, transportou 120 mil Teus (contêineres de 20 pés) no segundo trimestre. O crescimento foi em linha com o desempenho da indústria naval nos tráfegos com o Brasil, cujos volumes cresceram 3,8%, para 1,099 milhão de Teus. Pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2012 o comércio brasileiro com o restante do mundo começou a dar sinais de melhora, diz o relatório da empresa.

A performance reflete o aumento das importações e das exportações de cargas secas, por conta da recuperação econômica dos Estados Unidos. Jã as cargas refrigeradas não cresceram na mesma medida, com queda acentuada nas vendas de aves e carne de porco. No total, os embarques aumentaram 1,5%, para 509 mil Teus. E as importações saltaram 5,9%, para 590 mil Teus.

"O resultado está alinhado com a gradual melhoria do PIB do Brasil, mas ainda não conseguimos ver uma tendência no consumo sustentável. É muito cedo para dizer se o Brasil terá, finalmente, um melhor desempenho no fim de ano", salientou Peter Gyde, principal executivo da Maersk Line no Brasil.

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