Governo anunciou nova linha de crédito do BNDES, mas categoria sofre com endividamento e excesso de contingente; Petrobras aumentou o preço do diesel
A Petrobras anunciou, nesta quarta-feira, 17, um reajuste de R$ 0,10 por litro do óleo diesel, principal insumo para a atividade dos caminhoneiros. Com a alta, o litro do combustível passa a custar R$ 2,25 nas distribuidoras a partir desta quinta-feira — uma variação mínima de 4,5% e máxima 5,1% nos pontos de venda da companhia.
Os caminhoneiros pressionavam o governo — que pressionava a Petrobras — a impedir a elevação do valor do combustível sob a ameaça de paralisação. Na última semana, o governo impediu a estatal de aumentar o preço, o que resultou numa perda de R$ 32 bilhões em valor dos papeis da estatal. Na terça-feira, 16, o governo federal havia anunciado um pacote de medidas em socorro aos caminhoneiros, em uma tentativa de remediar a situação. Apesar da insatisfação, líderes afirmam que não deve acontecer uma nova paralisação. O principal motivo é o fácil acesso que eles possuem ao Planalto, algo que não acontecia antes. A insatisfação dos caminhoneiros, no entanto, não está aplacada.
Os caminhoneiros devem voltar a forçar outras medidas do governo. Isso porque, apesar de a redução do preço do diesel ser o foco das reclamações dos caminhoneiros, não têm sido cumpridos os valores mínimos no tabelamento do frete. Essa foi a principal conquista da categoria — junto do subsídio ao combustível — após a paralisação no final de maio de 2018. Além disso, segundo os caminhoneiros, a linha de crédito não ajuda grande parte dos caminhoneiros, que está endividada, e também há um contingente excessivo de trabalhadores na área.
Os pilares do programa governamental, o investimento de R$ 2 bilhões em obras em rodovias e o lançamento de uma linha de crédito pelo BNDES para os caminhoneiros autônomos no valor de R$ 500 milhões, chegaram a ser chamados de esmola segundo um líder.
“Ele não atende a nossas expectativas porque, na verdade, foi iniciativa do governo. Nos sentimos lisonjeados por sermos lembrados. Não vamos tacar pedra no pacote, mas não resolve nossos problemas”, afirma Ivair Schmidt, líder do Comando Nacional dos Transportes. “Hoje, o principal problema, é o excesso de caminhões. A redução do diesel e o tabelamento de frete são relevantes, mas não retiram esse excesso do mercado”, explica. Segundo ele, a solução seria o cumprimento da jornada de trabalho, de oito horas por dia. “Essas medidas são manobras para retardar o que é necessário. Mas o governo está condicionando a fiscalização da jornada de trabalho à construção de pontos de parada.”